Está tudo bem no São Paulo, não está? | Me pego pensando muitas vezes quando sou criticado por algumas pessoas. Claro que é uma parcela minúscula em comparação aos que ao menos exercitam um pouco o cérebro para conversar, debater e falar sobre o São Paulo comigo. Há uma horda que a mando de um dirigente hoje inunda o Blog e o Twitter para me criticar pois sabe que atuo nos bastidores contra os planos de domínio pleno do Tricolor que possui. Mas, isso é um capítulo à parte. Vamos falar unicamente do momento do futebol.

Quando passamos às semifinais (só Deus sabe como eu sofri e comemorei), tive uma alegria extraordinária pois precisávamos daquele momento. Resgatamos muitas coisas, nos encontramos com sentimentos vitoriosos e o orgulho retornava ao Morumbi e aos corações dos sãopaulinos como o meu. Mas, ao mesmo tempo, temia pelo que já havíamos vivido em momentos similares de total omissão e soberba de alguns dirigentes que realmente se acham Soberanos da verdade e mestres do esporte. E notem o que ocorreu de lá para cá com fatos puros para se convencerem de que algo está bem no São Paulo.

Deve estar tudo bem, estar na posição que está no Brasileiro. Deve estar tudo bem ser goleado em clássico e tomar um baile. Deve estar tudo bem ouvir olé. Deve estar tudo bem, não ganhar do Sport, vice-lanterna no Morumbi. Deve estar tudo bem não ter plantel. Deve estar tudo bem não ter reforços não? Ah, mas estamos na semifinal da Libertadores. Então está tudo bem no São Paulo, não?

Agora, preste bem atenção…será que está mesmo? Há 36 dias, o São Paulo tinha 30 jogadores inscritos na Libertadores após a conquista da classificação. Tínhamos 5 vagas para trocar, dinheiro recebido, assinamos patrocínio, tinha o caixa da Globo reservado para reforços, Bauza queria 5 nomes, tínhamos 45 dias, clima bom, torcida confiante, elenco unido. Nossas conversas eram comprar Maicon, Calleri e quem viria para montar um esquadrão para conquistar Brasileiro e Libertadores. Tínhamos tudo! Como meu filho mais novo diz com o Buzz Lightyear: “para o infinito e além…”.

Mas, o que vemos é que hoje, após 36 dias, está tudo bem no São Paulo? Perdemos Breno e Lucas Fernandes lesionados até 2017. Cedemos Rogério e Auro ao Sport. Centurión está suspenso para a semifinal. Devolvemos Wilder. Kelvin machucou e pode até ficar fora da Libertadores com lesão muscular. Mena soube no sábado que jogará, no sacrifício mas jogará. Ytalo chegou. E hoje, temos em plantel para o jogo das semifinais: 23 jogadores no total inscritos sendo 3 goleiros. Inscrevemos Ytalo. E é o que temos de novidade. Ainda falamos de manter Maicon (que renovará por ao menos 30 dias mas o negócio ainda não está concluído). Calleri deve sair. Não temos substituto. Mas está tudo bem, não está?

No elenco, jogadores lesionados em profusão. O clima no vestiário não é mais o mesmo daquele momento da Libertadores por diversos motivos. O que falar de Denis?

leco

Bauza está puto porque não recebeu NADA do que lhe prometeram. Está tendo que subir os meninos sem prepará-los e não quer ser responsabilizado por coisas que ele já avisou, por pedidos que fez há 3 meses e recebeu a promessa de Leco. Ah, mas está tudo bem, certo? Temos planejamento. Planejamento não se faz só com contratações, que fique claro. Mas planejar corretamente se reflete em saber montar e cuidar de um plantel no futebol brasileiro. Em cada mísera entrevista, Bauza fala a rádios e veículos argentinos que o campeonato no Brasil é um absurdo pelo número de partidas e ele não tem um elenco formado e montado. Que precisa de reforços. Será que ele fala à toa? Ele está errado?

Ah, Zanquetta, então já era? Claro que não. Não é nada disso. Só que é hora de sair dessa nuvenzinha de sonhos que estamos flutuando e que está acima do Morumbi desde a classificação. Já passou algum tempo e o que ocorreu após disso visivelmente não é bom. E pelos dirigentes, parece que está tudo bem.

Na festa junina no sábado de noite no social, nas conversas fechadas entre aliados e próximos, era como se tivessemos sido campeões já. E isso me deixa transtornado como torcedor. Estamos precisando de foco e cuidado total agora e não essa postura de rei na barriga. Cadê aquele São Paulo humilde, lutador e guerreiro que desenvolvemos para chegar às semifinais? Cadê aquele espírito da camisa pesada, que entorta varal e o tesão de Leco que disse emocionado que faria de tudo para viabilizar cada vez mais essa taça?

Portanto, muito cuidado com essa nuvem de paraíso que está ainda sob o Morumbi. Ela pode virar trevas rapidamente como virou nestes 36 dias. E depois, será tarde demais para se lamentar e correr atrás. Ainda há 9 dias para se trabalhar para a Libertadores.

Eu acredito, torço e proporei uma trégua. Mas, isso não quer dizer que devamos nos cegar e fazermos papel de idiotas como fizemos em 2010, por exemplo. Está igualzinho. Uma paz, uma sensação de tudo perfeito e ao fim…cabe a nós decidir se queremos seguir aquele ou fazer por onde ter outro futuro que com certeza é o que cada sãopaulino quer.

Momento de ser apenas torcedor. Trégua. |A torcida é um rolo compressor em exigências, em cobranças e em um amor que outros não entenderão nunca, a não ser que nasçam com três cores em outra vida. Eu não sou diferente disso. Mais ainda, a passionalidade provinda dos passos gigantescos com a massa jovem, a maior de todas (é a que possuímos), que será o futuro do país e o patrimônio eterno de um clube é fato, ninguém tem tantos jovens como nós e que sorte tem esse Brasil por isto. E por uma juventude enorme, queremos tudo rápido, o imediatismo e cobranças aumentam com as expectativas e ansiedades. Faz parte.

Mas, vou lhes dizer que é momento de esquecer problemas, de situações que resolveremos e brigaremos mas um pouco mais à frente, pelo bem do clube. Chutemos o que há de ruim, resgatemos nosso sentimento, conscientes, não arrogantes, não soberbos, não cegos e não inebriados. Levantemos dos tropeços, dos problemas e das dificuldades, nos fortaleçamos como fizemos muitas vezes e vamos novamente conduzir o futebol daqui e no planeta. Para isto, temos 4 desafios que poderão nos conduzir ao Mundial.

Não vamos esquecer ou passar a mão na cabeça, fingir que não há problemas hoje no clube. Mas há momento certo para tal. A partir de hoje, ativarei unicamente meu lado torcedor. Aquele, que viramos cegos, surdos e mudos e só vemos o que queremos. E sim, eu só quero ver otimismo e esperança para essa taça da Libertadores. Eu ao menos farei isso. Preciso disso também. Muita gente reclama do quão ácido e cobrador eu ando com relação a tudo. Eu não deixarei de ser. Já tem uma década que escrevo e faço isso sem me preocupar com nada, afinal, isto é uma forma de extravasar meu amor ao clube antes de tudo. Sou torcedor e não existe nada disso por outro fim como é para os demais irmãos tricolores que aqui estiveram, estão e estarão.

E pela essência do sentimento do torcedor que serei apenas isso nestes momentos decisivos. Comentarei, criticarei mas em modo torcedor e não em modo informação. Agora, é um momento complicado. E nossa força sempre esteve na forma como sabíamos reconhecer derrotas, crescer ainda mais e cravar a bandeira na absoluta vitória. Esse é a rica história desse clube e não os últimos anos apenas que alguns resolveram tomar o clube para si como se donos fossem dele. Esse foi nosso passado. Do esforço, suor e amor, surgiu esta força mais brilhante, mais reluzente que todas as outras do céu do Brasil. Em meio a tantas notícias difíceis, momentos ruins e conturbados, temos que manter a chama acesa. Foi assim em todos os tempos, inclusive na célebre e histórica saga da “Moeda em Pé”.

A chama inesgotável do poder e respeito obtidos por títulos, sempre sem vender a alma ao diabo, nunca com manipulação, convite ou fantasias. Desbravou, atravessou o mundo e conquistou todas as vezes, sempre limpo. Hoje, está na hora: está no momento de apagar os problemas, tirar o ar de incerteza da cabeça, colocar o sorriso no rosto, olhar para frente, deixar fluir o sentimento, sentir o que representa este clube, sua força e o que representamos. Que os cardeais entendam, que se inspirem. Ainda há tempo de agir até os jogos decisivos. Que modifiquem e ajam como seus antepassados. Que sejam aqueles diferentes que iam além de sermos piores, muito além de sermos melhores. Que iniciemos uma nova era, uma nova e verdadeira era, um novo caminho, que retorne o bom e velho conhecido sentimento que está dentro de nós e que não podemos nunca e repito, NUNCA deixarmos de lembrar, que nos deixem enganar, esquecer ou apagar, temos mais é que entender, valorizar e conhecer, pois está em nós, naqueles que lá estão e em todos que hoje somos, fomos e ainda serão este amado e eternamente glorificado:  São Paulo Futebol Clube.

Pato | Como havia dito semana passada na coluna, o VP do São Paulo confirmou o interesse e as conversas sobre o atleta. O jogador e o São Paulo tem tudo bem evoluído mas o Corinthians obviamente não quer abrir mão de receber alguém ou algo. E talvez, só no final do ano tenhamos algo diferente. Mas, Patón hoje anseia por Pato. Patón desde antes de assumir e no dia que fora contratado mencionou Pato como o grande jogador do time em 2015. E todos os dias aguarda ansioso a conclusão desta negociação.

Maicon | Desde 6a feira, anunciado pelo Blog o avanço para assinar pelos 30 dias de renovação para Maicon atuar na Libertadores. Porém, Leco deu carta branca a Gustavo de oferecer até 8 milhões de euros ao Porto pelo zagueiro. E nestes termos, o negócio deve sair. Tanto é que até Maicon irá viajar à Portugal.

Bastidores do Caso Getterson – Como aconteceu

Após a repercussão do caso na 5a feira, Leco ficou entre o pessoal do CCT que queria o jogador e contornar a situação e o Marketing. Como era esperado, pela força política, venceu quem manda no SPFC hoje, mais que Leco. E o jogador teve sua saída definida. Bauza não gostou. Gustavo nem brigou porque sabia bem de quem vinha a ordem…E Leco, óbvio, cedeu.

Controlando o poder | Depois de colocar Medicis, unha e carne com Ataíde na VP de Futebol, agora Leco coloca um oposicionista da própria chapa de Leco como VP Administrativo. Veja oficialização de aceitação e manifesto da oposição:

“O coordenador da campanha da oposição em 2014, da chapa SPFCForte, vai assumir a Vice Presidência Administrativa da gestão do Leco, que foi o braço direito do Juvenal Juvêncio, que era situação em 2014.

Como fazer uma reforma estatutária, se a ação (de membros da oposição), capitaneada pelo Dr. Francisco de Assis, que aliás ganhou em todas as instâncias judiciais durante estes 12 anos, e agora em fase final no Supremo Tribunal Federal, irá cancelar todas reformas estatutárias posteriores a 2004.”

como controlar o poder

Alexandre Zanquetta

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