O TORNEIO QUE APRENDEMOS A AMAR E CONQUISTAR

SPFC e a TAÇA LIBERTADORES – 1993 A FINAL

Zetti, Vitor, Válber, Gilmar e Ronaldo Luiz; Dinho, Pintado, Raí e Cafu; Palhinha e Muller, Técnico Telê Santana.

Com esse timaço, disputamos 17 jogos em Abril, com 9 vitórias, 4 empates e 4 derrotas, muitas vezes jogando em dias seguidos, disputando Libertadores, Copa do Brasil e Estadual.

Já em Maio foram 14 jogos, com 7 vitórias, 2 empates e 5 derrotas. Com o calendário obrigando-nos a jogar uma decisão de eliminatória pela Copa do Brasil em 11/05 no Mineirão contra o Cruzeiro e no dia seguinte 12/05 a partida de volta da taça Libertadores no Paraguai contra o Cerro Porteño.

FINAL

IDA – Dia 19/05 o Morumbi recebeu quase 100 mil pessoas pagantes para ver o tricolor na decisão.

SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE x Universidad Católica do Chile:

E, amigos, quem foi ao estádio viu um massacre, uma verdadeira aula de futebol.

O jogo começou com boas chances criadas pelo tricolor com Muller, Ronaldo Luiz e Raí.

Porém um lance infeliz de Gilmar/Zetti quase deu um gol ao adversário: bola estava no ataque tricolor, o zagueiro chileno rebateu de cabeça, lançando para o ataque, Gilmar ganha do atacante na corrida e recua para Zetti que saia do gol, a bola corre lentamente em direção à meta são paulina, Zetti dá um giro e volta correndo desesperadamente, quando a bola chegava perto da linha de gol, o goleiro brasileiro dá um salto e joga a bola para linha de fundo, gerando escanteio para a Universidad Católica.

Minutos mais tarde o goleiro se redimiu ao sair nos pés de Almada dentro da pequena área, evitando a abertura de placar.

O lance animou o SPFC.

Palhinha lançou Cafu, o meia entrou na área e soltou uma bomba, Wirth espalmou para escanteio.

Aos 30 minutos Pintado faz um bom lançamento para Palhinha, o camisa 9 domina com categoria, limpa o zagueiro, e na saída do goleiro chuta rasteiro colocado no canto esquerdo, à bola corre no gramado e, caprichosamente, toca a trave. Na volta o zagueiro Daniel Lopez se atrapalha e faz o gol contra. SPFC 1×0.

O time chileno atacava com boas tabelas entre Lunari, Perez e Almada, e às vezes chegava com perigo ao gol de Zetti, mas nosso goleiro estava seguro e defendia com maestria.

Aos 40 minutos Raí tabelou com Pintado, o volante chegou na entrada da área e tocou para Vitor que entrou levando tudo no peito e na raça, adiantou um pouco a bola e deu um biquinho forte, a bola desviou no zagueiro e venceu o goleiro Wirth, mais um gol tricolor, SPFC 2×0.

Veio o segundo tempo e a vitória se transformou em goleada.

54 minutos de jogo, Gilmar foi ao ataque, tocou para Muller que devolveu de primeira, a bola subiu, Gilmar dominou no peito, pôs a bola no chão, deu um drible desconcertante no zagueiro e entrou na área. Com jeito de zagueiro/lateral nosso beque fez menção de cruzar (o que seria obvio) e chutou rente a trave. O goleiro do time chileno saía para cortar o cruzamento e viu a bola entrar pelas suas costas, GOLAÇO….SPFC 3×0.

Seis minutos mais tarde outra pintura no Morumbi, Raí carregou a bola pelo meio, atraiu a atenção de dois zagueiros e tocou para Palhinha, o camisa 9 avançou de frente para o gol, gesticulou para Cafu que entrou livre pela direita, o gênio Palhinha deu um excepcional passe, Cafu cruzou de primeira, Raí entrava pelo meio e com toda categoria do mundo, de peito mandou a bola para o fundo das redes. GOLAÇO outra vez, SPFC 4×0.

Se fosse uma luta de boxe o juiz terminaria a partida por nocaute técnico.

Como estamos falando de futebol à partida vai até os 90 minutos.

No minuto 65 mais um gol pra chamar de GOLAÇO.

Palhinha tentou um lançamento de primeira para Muller, a zaga faz o corte parcial e a bola sobe. Muller vinha na corrida e espertamente não entra na área para disputar a bola.

O zagueiro Sergio Vasquez sobe apavorado e faz o corte antes da chegada do goleiro.

A bola caprichosamente volta para o atacante tricolor que, de primeira, encobre o goleiro Wirth, mandando a bola para o fundo das redes. GOLAÇO, outro GOLAÇO, SPFC 5×0.

A Universidad Católica é um time muito bom tecnicamente e obriga Zetti a uma sequencia sensacional de quatro defesas na mesma jogada.

Time bom começa por um bom goleiro e nós tínhamos ZETTI.

Aos 85 minutos Pérez invadiu a área, fintou Válber e se jogou sobre Pintado. O arbitro talvez levado pelo placar, assinalou pênalti para o time chileno.

Almada foi para a cobrança bateu forte no canto direito, Zetti pulou, tocou na bola, mas ela morreu dentro do gol. SPFC 5×1 Universidad Católica.

Muller ainda teve tempo de desperdiçar a chance de fazer mais um gol, só que isso não era necessário.

Fim de jogo no Morumbi, SPFC 5×1 Universidad Católica.

JOGO DA VOLTA – 26/05/1993 Estádio Nacional do Chile, Santiago: Publico 45.000 pagantes.

Noite fria em Santiago, o time chileno veio com tudo pra cima do tricolor e logo aos 10 minutos Lunari acertou um chute de muito longe no ângulo, sem chances de defesa para Zetti e abriu o marcador. U.Católica 1×0 SPFC.

Não poderia começar melhor para os donos da casa.

Aos 15 minutos Pintado disputou bola com o atacante que girou o corpo e caiu. Pênalti para os chilenos. Almada novamente bate forte no canto direito (dessa vez rasteiro) e Zetti outra vez cai certo, toca a bola que sobe e entra. U. Católica 2×0 SPFC.

O SPFC não se limitou a ficar na defesa e atacava com perigo. Já vi times sentarem em cima da vantagem e se perderem e perderem o jogo e a classificação. O SPFC não! Jogou futebol e impôs perigos à Universidad Católica.

Dinho bateu falta com violência e obrigou Wirth a fazer boa defesa.

Com muito toque de bola, ultrapassagens pelas laterais o tricolor não correu mais riscos na primeira etapa.

No segundo tempo Toninho Cerezo entrou no lugar de Vitor, Cafu recuou para a lateral.

Muita pressão com bolas aéreas, muita catimba e o relógio corria rápido contra os chilenos.

Quando o juiz apitou o fim de jogo o Mundo viu pela segunda vez o tricolor CAMPEÃO DAS AMÉRICAS.

SPFC Bicampeão da Taça Libertadores da América 1.993

Os campeões foram:

01 Zetti, 02 Vitor, 03 Válber, 04 Ronaldão, 05 Pintado, 06 Ronaldo Luiz, 07 Muller, 08 Toninho Cerezo, 09 Palhinha, 10 Raí, 11 Cafu, 12 Gilberto, 13 Lula, 14 Adilson, 15 Gilmar, 16 André Luiz, 17 Dinho, 18 Catê, 19 Vaguinho, 20 Rogério Ceni, 21 Elivelton, 22 Claudio Moura, 23 Suélio, 24 Marcos Adriano, 25 Jamelli – Téc. Telê Santana.

Quem viu, precisa rever.

Quem não viu, corra para os acervos e veja, contemple essa bela história, delicie-se com jogos e lances de tirar o folego.

É muito bom ser tricolor. Esse time de 1993 tem um lugar muito especial na minha memória, temos obrigação e não deixar cair no esquecimento.

Obrigado a todos pela leitura, até a próxima.

Gustavo Xavier