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Só uma pequena viagem

 

É notório que temos um produto excelente em mãos que está sendo tratado da pior forma possível pelos mais diversos meios de comunicação.

O futebol é paixão total. Quem gosta muito assiste até a Panamá x Brasil num final de domingão, não importa pra que time torça.

Por mais que saibamos que, em nível nacional, estamos bem abaixo da qualidade que um dia tivemos, por mais que o mercado esteja constantemente retirando dos campos tupiniquins os melhores jogadores (ou a esmagadora maioria deles), por mais que os campeonatos sejam feitos nas coxas, a confederação e as federações, presidentes de clubes e demais senhores de índole questionável consigam diminuir a importância do esporte mais amado, juntamente com arbitragens pecaminosas, estádios erguidos via imundices políticas, campos deteriorados, violência entre torcedores.. por mais que tudo e ainda que todos, o futebol permanece maior que a somatória das infelicidades.

Apontar soluções para todas as supracitadas questões é um exercício comum. Os ditos jornalistas esportivos dos ditos programas esportivos fingem que fazem isso direto. Na política, sorrateiros oportunistas adoram trabalhar formas diversas de politicagem irresponsável através de projetos de lei criminosos e, na justiça, presenciamos bizarrices em forma de punições carinhosas a times e jogadores infratores.

Entretanto, o foco da coluna de agora está numa ideia. Simples. Utópica, claroutalvez. Pitaco de quem é um minúsculo grão de areia no campinho imensurável das peladas.

Quando, como é fato, repetidamente, tratamentos jocosos oriundos de ‘profissionais’ de bancadas na rádio, na televisão, nos sites e demais meios são feitos, sentimos, como torcedores que somos, uma vontade irracional de dar o troco na mesma moeda. Surge um nervosismo que, a princípio, seria desnecessário.

Seria, porque, não é.

O já judiado futebol nacional tem que ser mais respeitado. Se temos incontáveis boçais criando as mais diferentes formas de piadinhas de péssimo gosto diariamente, precisamos não só filtrar o que vemos, lemos e ouvimos, como também combater, chamar a atenção dos demais para a armadilha mental que é dar ‘audiência’ para tais tristes humoristas.

Os nomes são bem conhecidos. Porém, a lista é enorme. Nos comentários, vocês podem colocar suas opiniões e apontamentos e constatarão que vão se esquecer de alguns.

Antes e depois dos jogos do Tricolor isso sempre acontece. Testam nossa paciência, confrontam nossa inteligência.

Agora, quando vemos má vontade durante as partidas… quando temos comentários bestiais de línguas malditas em tempo real durante um resultado ruim (até mesmo durante os resultados bons), aí o nariz de palhação é cirurgicamente costurado no nariz de quem dá ibope e, de certo ponto, até mais grave ainda, de quem paga os canais fechados.

Então, por que não temos um trabalho realmente sério voltado para o respectivo torcedor?

O ponto de início da crítica desta coluna tem como centro o São Paulo Futebol Clube. Mas outros torcedores sentem a mesma dificuldade para manter a boa vontade perante os péssimos trabalhos na televisão.

Seria, de certa forma, muito mais interessante e respeitoso por parte do clube fornecer uma transmissão de jogos feita com funcionários da casa. Narrando, comentando, trazendo informações durante as partidas com uma real dedicação nos microfones, que cativa, que inspira e traz emoção verdadeira de torcedor.

Situação um pouco parecida ocorre nas rádios, com narradores locais inflamados deixando a emoção explodir, e pela internet. A FOX parece ter utilizado critério de ‘time da casa’ para a alteração de narração na nossa última grande decisão frente ao Atlético Mineiro. Isso, pelo menos, já deixa clara a intenção da emissora e não tenta enganar, como vemos constantemente através da má vontade explícita de alguns nomes corriqueiros da Globo, SporTV…

A absurda falta de qualidade dos profissionais das emissoras responsáveis por essa parte da transmissão ajuda a afundar o interesse do telespectador. Consequentemente, prejudicando o futebol como um todo. Como já dito, não é clube A ou clube B que não ‘dá ibope’. É o horrível serviço feito pelas emissoras que fazem o torcedor/telespectador desistir de dar audiência, preferindo rádio, links piratas em espanhol, em inglês, em árabe…

Junto à ideia apresentada, as imagens, a parte técnica pode permanecer do jeito que está. Podem até manter os narradores e comentaristas habituais, se for ver. Contanto que, num canal respectivo do assinante, tenhamos gente da gente oferecendo o mesmo jogo, mas na nossa sintonia de são-paulinos. Estendendo facilidades para ST’s assinantes, um trabalho conjunto.

Sem pagar viagens para os funcionários tricolores da transmissão (pra facilitar, hipoteticamente vamos chamar de TriMidiais), estes teriam uma estrutura simples dentro do próprio Morumbi (onde até o Neto tenhoutinha espaço cativo para um programinha sem vergonha) e, em tempo real, fariam a narração dos jogos, os comentários, as informações para o cliente tricolor.

Não teria necessidade alguma de ‘mostrar a cara’ dos TriMidais. As informações viriam dos repórteres da emissora proprietária dos direitos. Nos intervalos, poderiam até manter os moldes já existentes, ‘apertando o mute’ da narração da casa e abrindo a transmissão em andamento. Os canais abertos, a SporTV, a Fox, enfim, os demais continuariam com seu Cléber Machado e seu Milton Leite, com seu Casagrande e com seu Roger. Ora, o Villani perderia telespectador? Quem gosta desse pessoal não seria ‘prejudicado’. As propagandas de meio de transmissão, durante a partida, seriam obrigatórias para os funcionários da casa. Tanto da novela das 9, dos próximos programas da televisão, como dos demais patrocinadores. Nada absurdo, nada fora da realidade capitalista. Com termos legais sem vínculos trabalhistas com a emissora, se for o caso. Contratos simples de serviços terceirizados, algo do tipo. Tanto para uma partida específica, ou para um campeonato específico…

Os custos para o clube seriam ridículos. Teríamos uma enxurrada de torcedores ávidos para participar de concursos de melhor narração. Seria um novo evento para a Globo explorar. Poderiam surgir gratas surpresas, se tornando bons profissionais. Abriria espaços que alimentariam e melhorariam a qualidade de uma maneira geral para o esporte como um todo.

Mas, claro.. é só uma ideiazinha.. uma pequena viagem.

Ronnie Mancuzo – Sub

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Seguindo o tema da coluna de hoje, o link a seguir se trata de um passo importante para o mundo do futebol.

http://olhardigital.uol.com.br/noticia/jogo-de-futebol-transmitido-pelo-facebook-teve-mais-de-370-mil-espectadores/58817

Quem sabe em breve teremos uma situação mais complexa (e benéfica) junto às brigas pelos direitos de transmissão.

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Frase do dia:

“Já temos uma identidade e vamos defendê-la.”

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