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Foi no dia 16 de janeiro de 1958.

Embora tenha nascido apenas mais 12 anos depois, já em 1970.

Neste dia, a atitude de um autêntico membro de uma tradicional família paulistana definiu as minhas cores.

No caso, as melhores delas.

Junto ao preto e branco, do meu avô, torcedor do maior alvinegro brasileiro, o Ceará. Sporting Club, passei a ter também o vermelho.

Um presente dado pelo imortal Manuel Raimundo Pais de Almeida.

No começo de 1958, o Tricolor tinha recém conquistado o título paulista sobre certo alvinegro da capital.

Em tarde memorável, Zizinho, Maurinho e tantos outros passaram por cima deles.

Este jogo aconteceu em 29 de dezembro de 1957.

Uma semana depois teve o início uma excursão do Mais Querido ao nordeste.

Béla Guttmann, o técnico, e alguns de nossos titulares foram dispensados da viagem.

Coube a Manoel Raimundo comandar a equipe naqueles amistosos.

Em 16 de janeiro de 1958, Ceará e São Paulo se enfrentariam.

Meu tio, Fernando Sátiro, jogava na equipe do Gentilândia, que tinha conquistado o título cearense em 1956.

Na véspera do jogo meu tio foi convidado a jogar pelo Ceará, uma vez que o titular do alvinegro estava machucado.

Ele não queria ir, mas depois de muita insistência, aceitou jogar ao menos o primeiro tempo.

Logo no começo do jogo, ironia do destino, marcou um gol contra.

A partir daí, se desdobrou e jogou muito bem… havia o medo de apanhar dos companheiros rs

Depois do primeiro tempo, foi embora, conforme combinado.

O jogo acabou empatado em 2 a 2.

Manoel Raimundo, no entanto, estava preocupado.

Eram poucos os jogadores que poderia contar para os próximos jogos.

Dias depois, coube a Manoel Raimundo ir até a casa do pai dele, Mair, para convidar Fernando a se juntar a delegação do tricolor até o final da excursão que o São Paulo fazia no Nordeste.

Ele aceitou e depois de 3 partidas, Manoel Raimundo voltou a casa de Mair para tentar convence-lo a permitir que Fernando viesse jogar no São Paulo.

Seria uma difícil missão.

Anos antes dirigentes vascaínos tinham tentado, cá entre nós, graças a Deus, sem sucesso.

As palavras honestas de Manoel Raimundo serviram de garantia.

Meu tio veio jogar no tricolor, onde ficou por quase 5 anos.

Por conta disso, meu pai virou tricolor.

E por tabela, confirmei minhas cores, quando nasci em 13 de setembro de 1970.

Graças a Manoel Raimundo, a quem devo este presente.

Nascido em 11 de novembro de 1921, foi chamado para o andar de cima no dia 20 de outubro de 2014.

Nova meta: Pintar o céu com as nossas cores.

Por: José Renato Sátiro Santiago.