Muita gente acha que Ganso voltou a jogar, somente para negociar o novo contrato.

Respeito quem tem essa opinião, mas, em minha humilde opinião, isso tem a ver com seu novo posicionamento em campo.

O jogo de volta contra o the Strongest e Toluca, são grandes exemplos.  Sim, ele não jogou.  Mas, não jogou porque teria que voltar a jogar como jogava antes, e oscilava muito.

O São Paulo de Bauza, joga hoje no 4-4-1-1, e não no 4-2-3-1, como é escalado pela imprensa antes dos jogos.

A diferença entre esses dois esquemas, é o posicionamento dos extremos e volantes.

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No 4-2-3-1 de Muricy, Doriva, Milton Cruz, vemos uma distancia grande entre laterais, extremos, volantes e extremos.  Com isso, arriscávamos muitos passes, ou Ganso tinha que voltar para pegar a bola dos pés dos volantes para fazer uma inversão, ou abrir a jogada para os extremos.

Quando jogávamos com um time que tinha uma linha de 4 no meio, “Bloqueava” o passe dos volantes, laterais para Ganso e os extremos.

Quem recuava então para buscar a bola era Ganso, que pegava a bola dos pés do volantes, abria para os extremos, e tinha que encostar para dar opção de passe a eles.  Era difícil para entrar na área, se movimentar, e ainda recompor o meio, quando o time perdia a bola.

No 4-4-1-1, formamos 2 linhas de 4 atrás de Ganso.  A jogada não começa pelo meio (onde tem 2 volantes adversários), e sim “Afuera” para os extremos Kelvin e Michel Bastos.

Quem encosta neles (extremos), para dar opção de passe são os laterais e os volantes, dependendo do lado que aprofundarmos mais.

Ganso, se movimenta a frente deles, com liberdade para se movimentar e dar a opção de passe mais próximo da área adversária.

Ou seja, quem começa a jogada hoje são Kelvin e Michel Bastos, mais recuados, e por isso, é a posição que foi mais criticada no começo (até que o time entendesse o novo esquema).  Centurion, Rogerio, Michel Bastos, Carlinhos, Daniel, recuavam para buscar a bola, algo que não acontecia anteriormente, quando ficavam mais à frente na linha de Ganso (que por isso, só tinha como passar de lado).

Ganso não tem folego, velocidade para buscar a bola dos laterais, volantes, passar para os extremos, e ainda correr para entrar na área (não é só pedir para que ele faça isso, mesmo sabendo que ele não tem velocidade.  Era preciso criar uma forma, dele ficar sempre mais próximo da área).

Como ele recuava para buscar a bola de um dos volantes, o outro (Thiago Mendes), “invertia” com ele, e ficava mais à frente para dar opção de passe.

Ou seja, ao invés de sacrificar e cobrar Ganso de estar em todos os setores do campo, mesmo sem velocidade, quem foi sacrificado no novo esquema foram o segundo volante, e os extremos.

E aí começamos a entender, porque Michel Bastos, Centurion, Thiago Mendes, cairam de produção, inversamente proporcional a subida de produção de Ganso.

O maestro agora, não precisa voltar para marcar volantes, pois fazemos duas linhas de 4 para bloquear jogadas tanto pelas pontas quando pelo meio.

Ele não tem responsabilidade de marcar individualmente ninguém.  E usa sua inteligencia, para roubar a bola por trás, dos jogadores que param na frente dos volantes e extremos para pensar.

E quando retomamos a bola, ele esta bem posicionado à frente, para esperar um dos extremos correr no vazio, ou Calleri.

Perceba que quando começamos a jogada pela direita, Bruno, Hudson e Kelvin é que jogam próximos, com Mena ficando e Thiago Mendes centralizando como primeiro volante.  Quando é do lado oposto, ocorre o inverso.

Triangulamos pelos lados ou “afuera”, até chegar na intermediária adversária, quando aí sim, uma tabela com Ganso, pode colocar um jogador cara a cara com o volante, ou de um cruzamento, onde Ganso que já esta próximo da área, de poucos passos para ajudar Calleri na área.

Desta forma, fiquei feliz por Ganso não ser convocado para seleção nesse momento.

Primeiro, porque Ganso será muito mais valioso, quando Neymar estiver em campo.  Os dois só com o olhar, sabem o que o outro esta pensando.

Segundo que no esquema de Dunga ( e 90% dos técnicos do Brasil), Ganso teria o mesmo problema enfrentado no 4-2-3-1 de Ney Franco, Muricy, Doriva e Milton Cruz.

Ernani Takahashi