Fatos da semana – 25/03 a 31/03

As opiniões deste colunista a respeito da semana que passou.

Sem perspectiva – São 18 jogos sob o comando de Edgardo Bauza. Ao todo, 6 vitórias, 7 empates e 5 derrotas, que o fazem acumular um aproveitamento ridículo de 46%. Adversários difíceis, podemos somar no máximo quatro: SCCP, River Plate, SEP e Santos.

Time que mostrou evolução na defesa, com relação a equipe do ano passado; que costuma ficar mais tempo com a bola nos pés do que o adversário, mas que tem muitíssimas dificuldades de criação. Acho até que merecia um pouco de sorte melhor em vários jogos que não ganhamos neste ano, mas a verdade é que há muito tempo não vemos evolução nenhuma na equipe.

Jogando como mandante, tem dificuldade de penetrar na meta adversária.

Fora, ainda não venceu. Foram 9 partidas, com 2 derrotas e 7 empates, TODOS eles por 1 a 1.

Faz Ganso jogar como nunca antes no Morumbi, mas insiste em dar oportunidades para jogadores como Centurion.

Para a partida de ontem até gostei da escalação inicial, com Carlinhos na LATERAL, e três bons jogadores armando para Calleri. Com todos os jogadores a disposição, eu levaria a campo talvez os mesmos atletas, com exceção de Denis, que eu trocaria por Renan Ribeiro; e deixando brechas para a concorrência entre Rogério, Kelvin e Daniel; e entre Alan Kardec e Calleri.

Porém, em um olhar mais aprofundado, fica claro que o problema não tem sido tanto a escalação, e sim a falta de padrão ofensivo de jogo. Entra jogador, sai jogador, a apatia no ataque segue a mesma.

Me parece que Bauza não tem cancha para comandar equipes que precisem propor o jogo. Assim não era na LDU, assim não era no San Lorenzo. Novamente, receio que o Tricolor, além de todos os seus problemas extracampo, seja grande demais para El Patón.

Rogerio Ceni – Quatro pênaltis batidos no ano, nenhum gol marcado. Só mais um dos quesitos nos quais o M1to nos faz falta…

Jorginho – Se Edgardo Bauza anda sendo contestado, uma coisa deve ser levada em conta antes que peçam a sua cabeça: quem assumiria o Tricolor caso o argentino fosse mandado embora??

Há algum tempo tenho comigo que o Brasil possui hoje quatro técnicos que se sobressaem do restante: Cuca, Levir Culpi, Tite e Marcelo Oliveira. Perdemos a chance de contratarmos os dois primeiros, recém-empregados por SEP e Fluminense, respectivamente. Com Tite muito estável em Itaquera, a opção viável do momento seria Marcelo Oliveira.

Não tenho dúvidas de que o técnico há pouco demitido por Paulo Nobre tem o seu valor. Ninguém é bicampeão brasileiro com um time não brilhante como era o do Cruzeiro em 2014-15 a toa. Ninguém chega a quatro finais (duas delas com o modesto Coritiba) de Copa do Brasil em cinco anos (sendo campeão da última) a toa.

É claro que o mau trabalho feito no SEP chega a assustar. Mas não acho que um técnico de qualidade é aquele que consegue fazer bons trabalhos em todos os clubes por onde passa. O desempenho de uma equipe depende de inúmeros fatores além da capacidade de seu treinador.

Marcelo Oliveira poderia sim ser boa opção. Mas existem outras, fora desse meu top 4, que tem potencial para comandar grandes equipes.

Eu poderia citar o bom Roger Machado ou o na minha visão subaproveitado Vagner Mancini, mas o tópico é para falar de outro candidato, que aos poucos vai cavando seu lugar ao sol.

Jorginho tem ainda poucos trabalhos em seu currículo, mas alguns interessantes. Como auxiliar do fraquíssimo Dunga, conseguiu levar a seleção brasileira aos títulos de Copa América 2007 e das Confederações 2009, em uma equipe que, como dizem, tinha muito do seu dedo.

Em 2013, aceitou o desafio de tentar salvar do rebaixamento do Brasileirão a lanterna Ponte Preta. Mesmo melhorando o desempenho do clube de Campinas, não conseguiu evitar o inevitável. Em compensação, fez a proeza de levar a desestruturada macaca à final da Sulamericana daquele ano, eliminando inclusive o São Paulo na semi.

Não teve seu vinculo renovado ao final daquela temporada, e só voltou a ter uma nova oportunidade no futebol brasileiro no segundo semestre do ano passado. Novamente, com um desafio contra o rebaixamento. Dessa vez, de um time maior como é o Vasco da Gama.

Sabemos que a volta à Série B foi confirmada, mas a melhora do time sob o comando de Jorginho é inegável. Não apenas no 2º turno do Brasileirão 2015, como também no time atual. O Vasco da Gama é o único time invicto do Brasil neste ano e, desde a chegada de Jorginho tem o melhor aproveitamento de pontos do país, superando inclusive o SCCP de Tite.

Levando-se em conta que o Vasco hoje não vive os seus tempos mais gloriosos, acho considerável se pensar que Jorginho ainda não teve a sua grande oportunidade de mostrar seu trabalho em um time que brigue por títulos. No meu São Paulo, cairia com uma luva…

Milton Cruz – O São Paulo Futebol Clube e a sua torcida não devem nada a Milton Cruz, a não ser gratidão, por tudo que fez enquanto jogador, treinador e assistente técnico. Não há dúvidas de que o ex-funcionário teve sua importância em todo o processo vitorioso que o Tricolor experimentou nas últimas duas décadas.

Acontece que ciclos se iniciam, e precisam se encerrar para que novas pessoas comecem os seus. Até para os maiores atletas e técnicos de nossa história, o tempo de clube passou, deixando para nós apenas a lembrança das glórias como legado.

Milton Cruz fazia hora extra no Morumbi. Como treinador interino, sempre o considerei pífio. Na indicação de reforços, há tempos não conseguia repetir a eficácia de dez anos atrás.

Para o ambiente do grupo, tinha sim sua importância. Basta ver o carinho que figuras grandiosas de nossa história como Rogério Ceni e Muricy Ramalho tem para com MC. Mas o auxiliar também não era unanimidade. Bastou ver as mensagens positivas que ex-jogadores como Palhinha, Leandro e Amoroso postaram após a confirmação da saída de Milton.

Uma figura ambígua, capaz de ajudar todos os treinadores que passaram pelo Tricolor, ao mesmo tempo em que virava uma sombra para eles nos momentos mais difíceis.

Saída boa para todos. Para o São Paulo, que pode dar continuidade a sua reestruturação, e para Milton Cruz, que conseguirá assim manter o respeito que a torcida ainda tem por ele.

Boa sorte em sua nova jornada, seja ela qual for, e obrigado por tudo!

Pintado – Se Milton Cruz sai, Pintado chega ao Tricolor. Definitivamente, precisávamos de alguém com força no elenco, identificação com o clube e apoio da torcida para o lugar do desgastado Milton.

O meu único receio com relação a Pintado é o de que ele chegue ‘espumando demais’ para mostrar serviço, e que isso acabe gerando mal estar nesse mimado elenco tricolor. Um ‘superintendente’, como será mais ou menos o cargo de Pintado, não pode apenas cobrar os jogadores. Tem que saber a hora de exigir, mas também a hora de afagar. Isso vale para elenco mimado, aguerrido ou qualquer outro.

Ainda não divulgaram os detalhes de sua função, mas sinceramente eu espero que ela também não passe tanto pela indicação de reforços. Em uma das mais recentes entrevistas que assisti do nosso ex-jogador, ouvi de sua boca que um bom time começa por um bom volante destruidor. Talvez ele tenha falado de modo figurado. De qualquer jeito, vamos deixar essa parte para outro pessoal.

Seja como for, desejo toda a boa sorte do mundo para nosso novo funcionário. Eu preferia ver um Raí, um Leonardo ou um Cafú na função, mas só de ver a chegada de um ex-atleta identificado, já vislumbro uma mudança de pensamento na cabeça da direção. Que assim seja!

Torcida tricolor – É inegável: o desempenho do São Paulo nas arquibancadas é pífio em 2016. Ostentamos por exemplo uma média de menos de 7 mil torcedores por partida no Campeonato Paulista. Marca longe de fazer jus ao tamanho de nossa torcida.

“Modinha” dirão os rivais, que também podem se orgulhar de boas médias de no ano, fruto entre outras coisas de suas arenas recém-inauguradas. Mas existem duas estatísticas atuais que mostram como a falta de presença de torcida nos jogos do São Paulo é resultado de uma série de motivos, com exceção ao tal modismo.

Segundo dados divulgados pelo site “Movimento Por Um Futebol Melhor”, no primeiro bimestre de 2016, fomos o clube que mais arrecadou sócios-torcedores em todo o país. Em março, a alavancada deu uma diminuída no ritmo, mas ainda assim temos hoje a 3ª melhor marca do ano, atrás apenas dos embalados SCCP e Grêmio.

Mas foi um outro ranking, divulgado nesta semana, que me deixou, se não surpreso, ao menos satisfeito.

De acordo com a colunista Vera Magalhães, da Veja, o São Paulo é o clube com o maior número de camisas oficiais vendidas nas duas principais comerciantes de artigos esportivos do Brasil, a Netshoes e a Centauro. Em outra grande rede, a Futfanatics, o Tricolor aparece na segunda colocação, atrás apenas do Flamengo.

Não é a primeira vez que vejo o São Paulo liderar esse tipo de ranking. Pelo contrário, com muita frequência aparecemos como destaque nestas listas, o que só comprova o tamanho de nossa torcida, e mostra o porque de uma marca de grane notoriedade no mundo como é a Under Armour ter apostado tanto para se tornar a nossa fornecedora.

A novidade é mantermos essa constância em um momento conturbado como tem sido pelo menos os últimos meses, que tanto tem afetado as bilheterias de nossas partidas.

Caixa Econômica Federal – Como já argumentei em outras oportunidades, sou contra a possibilidade da Caixa Econômica se tornar a nossa patrocinadora máster, por causa de pelo menos duas razões. Primeiro porque eu não acho correto o uso de dinheiro público em time de futebol. Segundo porque, pelo que a gente lê e conhece do mundo obscuro da política, esses apoios aos clubes são decididos e negociados de acordo com interesses de pessoas e partidos, em um jogo nojento de lobbys e favorecimentos.

Mas a questão que quero abordar neste tópico foge da assertividade do São Paulo em aceitar ou não o tal patrocínio, caso ele viesse.

Segundo reportagem publicada pelo UOL nesta semana, depois de ser dispensada pelo SCCP, a Caixa estaria disposta a aumentar sua oferta de patrocínio para renovar seu vínculo com o clube de Itaquera, que já era tecido sob valores bem altos para o momento atual do país.

A pergunta é: porque tamanha vontade?

Eu entendo que o bom momento vivido pelos nossos arquirrivais nos últimos anos, dentro e fora de campo, pode e deve contribuir para melhores quantias, mas não com a tamanha discrepância que o banco federal tem proposto. Afinal, mesmo em mau momento, o São Paulo consegue por exemplo se sobressair ao time do Lula em camisas vendidas (como dito no tópico anterior) e audiência de TV (muitas vezes), e não ficar muito atrás na presença de torcida em estádio (de maneira geral).

Tudo muito estranho, como tudo que tem envolvido o SCCP desde que Andres Sanchez assumiu sua presidência. De lá para cá, o time, que estava a beira da Série B, ganhou, além de patrocínio público, muitos títulos e um estádio, e ainda viu o mesmo Andres se elegendo deputado federal pelo partido do Governo. Se mexer, sai caca…

Iago Maidana – Me chamem de maluco, mas eu ouvi o caso ‘Iago Maidana’ ter maior repercussão na mídia do que a prisão do VICE-PRESIDENTE do SCCP. Lamentável…

STJD – Essa não surpreendeu nem o mais ingênuo dos torcedores. Uma reportagem realizada pela competente jornalista da ESPN, Gabriela Moreira, e publicada nesta quarta-feira, mostra a interferência da CBF nos julgamentos do STJD.

Não vou me alongar muito sobre o assunto, porque apesar de bem feita, a matéria não nos revelou nenhuma novidade. Apenas a formalização de algo que já mais do que desconfiávamos.

A reportagem não cita, mas eu jamais vou me esquecer de dois episódios que beiram o absurdo: o ‘Caso Sandro Hiroshi’, que salvou o Botafogo de seu primeiro rebaixamento em 1999; e um outro, pouco lembrado por imprensa e torcida, que nos tirou das mãos o tetra-hepta em 2009. Neste segundo caso, o absurdo ficou por conta da suspensão de 3 jogos para Jean, Borges e Dagoberto determinada pelo STJD, em função de expulsões no jogo São Paulo x Grêmio, válido pela 35ª rodada do Brasileirão 2009. Até antes do julgamento, o Tricolor era líder do campeonato, 6 pontos a frente do Inter e 2 a frente do Flamengo. Terminamos o torneio em 3º, com a mesma pontuação do vice-campeão Internacional e a 2 do campeão Flamengo.

Por isso repito: reportagem bem feita, mas não muito necessária. A verdade já estava aí há anos, para quem quisesse ver…

Sócio-Torcedor – Às 00h01 desta quinta-feira, o São Paulo tinha exatamente 83.384 sócios cadastrados, 8.763 atrás do programa do Grêmio, nosso próximo adversário a ser superado. Acima deles, temos Internacional (112.756), SEP (126.898) e SCCP (143.599).

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Wagner Moribe

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