Começa a era Edgardo Bauza no São Paulo.  Confesso que estou muito empolgado com seu trabalho.

Apesar de muitos já quererem rotular El Paton como o oposto de Osorio, não vejo dessa forma.

Sem dúvidas, seus conceitos são diferentes.

Osorio gosta de um futebol mais direto, com amplitude e profundidade, onde um zagueiro pode fazer inversão direta para o ponta do lado oposto.

É uma tese interessante, quando você joga contra um time no 4-1-4-1/4-2-3-1 onde a linha de 4 do meio campo, bloqueia as jogadas pelo meio, e então é interessante passar por ela pelo alto!

Bauza gosta mais de toques curtos, com linhas compactadas, onde o time ataca e se defende em conjunto.

Mas, existem semelhanças também.  Ambos gostam de marcação sob pressão, linha alta na defesa e jogadas pelo lado de campo.

Além disso, se Osorio apostava em Pato destro de pé trocado aberto pela esquerda para desequilibrar no “Mano a Mano”, Bauza vai apostar em Centurion.

Paton fala de 3 linhas (Defesa, meio e ataque).  E com 3 linhas, e Centurion aberto, vejo o time em um 4-3-3, onde o meio tem a base voltada para proteção da zaga (dois volantes e um meia centralizado.  Osorio gostava de um volante e dois meias).  E que é confundido com o 4-2-3-1 (que tem as duas linhas com mais jogadores distantes).

Analisando os jogadores indicados por Bauza, engana-se quem acha ele um técnico defensivo.

Afinal, Calleri não é marcador de lateral, Buffarini não é um lateral que joga fixo na defesa, e Ortigoza tem muito mais qualidade que volantes como Ralf e Rafael Carioca.

Esse intercambio com um técnico argentino e bi-campeão da Libertadores é importantíssimo para abrir a cabeça da imprensa brasileira que adora rotular os técnicos estrangeiros.

Parece que técnicos estrangeiros tem uma única forma de jogar, ao contrário de técnicos brasileiros, que por não terem conceitos definidos (exceção de Tite), são apenas motivadores que acham que futebol ganha-se na vontade.

Infelizmente até agora, Paton só teve um jogador contratado indicado por ele:  Calleri.

E essa pré-temporada poderia ter sido diferente, caso ele pudesse contar com os 3 reforços (um para cada linha do campo) como ele disse logo que foi contratado pelo São Paulo a uma rádio equatoriana.

Acredito que teríamos um time forte defensivamente, compactado sem a bola, mas com amplitude e profundidade para atacar com a velocidade de Calleri, Centurion, Thiago Mendes, Buffarini, e com grandes passadores que são Ortigoza e Ganso.

Não tenho dúvidas que seremos competitivos, mas acredito que somente em abril, poderemos enfim, comparar o trabalho de Paton com Osorio, Tite, Marcelo Oliveira e Aguirre!

Ernani Takahashi