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Começo o ano de 2016, relembrando alguns episódios políticos de 2015, e que explicam porque venho sendo crítico com a atual gestão.

É importante ressaltar que sou um torcedor comum. Não sou sócio do São Paulo Futebol Clube, não conheço nenhum jogador, conselheiro ou diretor do clube.

2015 foi muito tumultuado, com denúncias de corrupção, comissões a Cinira, mensagens a Osorio e venda de atletas.

Entretanto tinha algo que me fazia orgulhoso e esperançoso com o São Paulo Futebol Clube: a Profissionalização, o Plano de Governança Corporativa e a Auditoria Externa!

Essa ideia não era somente do presidente do clube, e sim do Conselho Deliberativo (Leco), do Conselho Consultivo (Abilio Diniz), do CEO Alexandre Bourgeois e do Instituto Aquila.

No dia 28/08,2015, Abilio fez um post em seu Blog ( Aos conselheiros e diretores do São Paulo http://abiliodiniz.blogosfera.uol.com.br/2015/08/28/aos-conselheiros-e-diretores-do-sao-paulo/), que ilustra bem a gravidade da situação do São Paulo. Destaco alguns trechos abaixo:

“Quem acompanha este blog sabe como venho tentando ajudar o São Paulo a encontrar saídas para a sua grave crise financeira. E a única saída possível é também uma grande oportunidade: profissionalizar a gestão. Não temos mais tempo a perder.”

“Não é possível uma organização com uma receita da ordem de R$ 220 milhões por ano e uma dívida quase impagável da ordem de R$ 270 milhões ser gerida de forma não profissional. A administração precisa ser feita por pessoas dedicadas em tempo integral, com sólida formação nas áreas em que atuam.”

Não há tempo a perder. O SPFC pode ficar sem dinheiro para cumprir suas obrigações em semanas. Para cobrir o rombo, já se discute pedir adiantamento pela transmissão do Campeonato Paulista de 2016. O dinheiro do patrocínio da Under Armour até o final de 2016 já foi antecipado e gasto. Ou seja, para resolver o problema presente está se criando um problema futuro. Essa conta não fecha.

A situação, insisto, é grave e urgente. Os bancos credores podem em breve cobrar essa fatura e, em caso de não pagamento, tomar as garantias da dívida, entre elas o patrimônio social do clube. Nunca imaginei que o São Paulo fosse chegar a esse ponto.”

Sinceramente, encarar esse problema de frente é o primeiro passo.

Coloco um outro trecho do post de Abilio, para justificar o porque não gosto desse silencio e dessa diretoria blindada:

“Temo que essas reuniões fechadas levem a decisões de conchavo que tenham como objetivo apenas preservar interesses individuais e criar uma fachada de profissionalização.”

Pois é! Se Bourgeois não tivesse “vazado” o contrato de G.V.O, não teríamos conhecimento de que a primeira medida da gestão foi triplicar o salário de um ex-funcionário!

Enfim, sinceramente não condeno Bourgeois por ter feito isso. Afinal, como CEO, de uma organização profissional, com um plano pronto de profissionalização, ele seria o mais cobrado por essa decisão (e sinceramente, os outros não iriam assumir em caso de “vazar” por outra fonte), ao invés de contratar 3 funcionários remunerado em outras funções melhorando a eficiência

O plano de governança corporativa de Bourgeois, criaria outros importantes cargos remunerados e no mesmo patamar de Gustavo, que seria Corporativo, Marketing, Gestão de Pessoas e Jurídico (qualquer empresa que tem muitas causas pequenas, prefere contratar um profissional do que pagar consultoria sempre).

Mas, Leco preferiu acabar com o cargo de CEO, ter apenas um Diretor Executivo remunerado! E dois são os erros nisso.

  1. Gustavo sempre estará sobrecarregado, e com muitos chefes (Presidente, Vice de Futebol, Vice Comunicação, Diretor de Futebol, etc, etc). No plano ele responderia para uma única pessoa: o CEO ( e esse se reportaria para o presidente, e conselheiros).
  2. Segundo que por melhor que seja um profissional, ele não consegue ser ágil e eficiente cuidado de um trabalho, que segundo um plano profissional, necessitaria de outros 5 no mesmo nível. Não conseguirá cumprir prazos, se o plano de governança estiver certo!

Gostaria muito de que Leco, falasse objetivamente, porque recontratou Bourgeios, já tendo conhecimento de seu plano, e porque o demitiu depois de 3 semenas, e se de fato a justificativa foi essa:

“Depois da eleição presidencial do último dia 27, Bourgeois foi efetivado no cargo. Nesta segunda-feira, o CEO apresentou um plano de profissionalização, com implementação de governança corporativa, e ouviu de Leco que isso não seria possível. Dessa forma, foi sacado do cargo.”

http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2015/11/09/recontratado-ha-tres-semanas-ceo-e-demitido-novamente-do-sp.htm

O plano de Bourgeois já era conhecido por Leco, que fez reunião com o ex-CEO, sem o conhecimento do então presidente Carlos Miguel Aidar, e ainda ouviu do executivo, que sua preocupação era que o plano fosse creditado ao Instituto Aquila.

Ora, se essa era a preocupação, é evidente que Leco já conhecia o plano, e se o recontratou, é porque tinha intenção de implementá-lo.

E o que mudou de repente? O plano não é possível, porque?

Abilio, seu amigo, e o executivo indicado por ele (Bourgeois), estavam errados? Essa não era a única solução? Então qual é o outro caminho?

O futebol tem um grande problema hoje: quem dirige o futebol, seja FIFA, CBF, FPF, Conmebol, e maioria dos clubes são senhores de mais de 70 anos, que não conseguem sonhar e planejar a longo prazo!

Um dirigente de 77 anos, pensa somente a curto prazo, e isso é natural.  Mas, será que meu filho de 5 anos, vai no futuro, preferir assistir ao campeonato chinês do que o Brasileiro?

Confesso que o plano de profissionalização do São Paulo, e o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), se levados de forma transparente e profissional ( e isso traz credibilidade, trazer pessoas respeitadas no mercado empresarial, e não no futebol), seria uma grande solução que nos colocaria novamente da vanguarda.

Enfim, vou terminar elogiando a contratação de Bauza, de Lugano, de Mena, de Kieza (apesar de achar que se foi com salário de R$200K, é alto), e o interesse em Romulo e Calleri.

Estou confiante que seremos protagonistas da Libertadores.

Mas, minha indignação é a dúvida que fica: até quando vamos empurrar os problemas nossos e do futebol brasileiro com a barriga?

Quando criaremos uma Liga de Clubes verdadeiramente profissionais, que possamos vender para uma FOX, ESPN, TURNER, e sair dessa ilha isolada chamada Futebol Brasileiro? Afinal, imagine o interesse de uma liga no mercado mundial, que tivesse condições de ter estrelas brasileiras, argentinas, uruguaias, chilenas, colombianas em um campeonato onde 10 times de tradição, tenham condições de serem campeões? E jogando em Arenas de Copa do Mundo!

Temos que encontrar uma solução para que os jogadores fiquem aqui, e seus jogos sejam transmitidos para o mundo inteiro! E que os chineses paguem para ver os craques brasileiros, para assistir pela TV, assim como assistem Messi, Neymar e Suarez na Espanha!

Ernani Takahashi