Convido os tricolores a buscar na memória, nem tão distante assim, algumas lembranças.

Fabio Simplício, indo defender a socos o escudo do São Paulo que estava sendo pisoteado em tom de chacota pelo meia Diego, após marcar gol pelo Santos. Ganhamos aquele jogo em um Morumbi lotado.

Cicinho vibrando ferozmente depois de tirar uma bola adversária pra lateral na final da libertadores de 2005 onde nos consagramos campeões.

Lugano, saindo em defesa do Luizão que estava sendo empurrado pelo zagueiro do Corinthians Seba após vitória do tricolor no campeonato Paulista que mais tarde fomos campeões.

Nosso São Paulo de hoje não tem nenhum atleta que se encaixa nesse perfil. Nenhum jogador grita no campo, cobra o outro ou vai para cima do árbitro ou do adversário pra disputar cada centímetro do campo. Nesse único ponto concordo com nosso atual presidente que com esse time “Se ganhar tá bom, se perder também está bom”.

Como a maioria, sempre tive orgulho do meu tricolor sempre apresentar um futebol bonito, uma técnica monstruosa e uma entrega absoluta. Mostramos isso nos 3 mundiais, nos 3 primeiros campeonatos brasileiros que conquistamos e especialmente na Libertadores da América, daí a paixão tricolor pelo torneio.

Mas de uns tempos para cá, depois de dominarmos o Brasil com a Libertadores e o Mundial de 2005 e com o Hexa Brasileiro, nossos dirigentes resolveram tomar o clube de assalto. E digo assalto em todos os sentidos. Demitiram nossas referências do Reffis, deixaram Marco Aurélio Cunha sem poder algum até que se afastou, brigaram com todos os rivais possíveis pelos motivos mais idiotas, perderam a capacidade de fechar qualquer patrocínio decente, e a lista vai longe… E claro, endividaram nosso clube até os tubos.

Quase nenhum jogador contratado vingou desde 2005, não colocamos mais ninguém na seleção brasileira, não conseguimos manter técnico algum no cargo, não assustamos mais os rivais e não ganhamos mais clássicos. Mata-mata então, todo São Paulino já entra com aquela cara de derrota estampada na cara.

E eu me pergunto, como mudar isso? Como ter esperança com um clube sem oposição e que os mesmos que derrubaram o tricolor ainda estão no poder? Alguém aqui acha o Leco diferente do Aidar ou do Juvenal?

A coisa é mais complicada do que parece, mas mantenho minha fé com esse clube que tantas alegrias já me proporcionou. Como? Torço por um técnico cascudo e vibrante, que não dê moleza pra jogador que não honre essa camisa. Aliás, dentre todos os especulados, não me agrada o Marcelo Oliveira. Apesar do bicampeonato com o Cruzeiro, com todo o respeito, Cruzeiro é uma coisa, São Paulo é outra coisa completamente diferente. Gostaria de ter o Cuca de volta ao time, pela capacidade de montar elencos, pela forma que todos os seus times jogam, sempre pressionando e buscando agredir o adversário. Levir Culpi é uma boa pedida e Aguirre também, mas acho que o último foi muito esnobado pelo clube nessas duas últimas semanas e não acho que seria um bom começo de relação. Mas a escolha do técnico é ponto essencial de partida para um 2016 melhor. Fora tudo isso, torço pela volta do nosso grande ídolo Lugano, ostentando além da braçadeira de capitão, toda raça uruguaia que sempre deu tão certo no São Paulo. Apostaria ainda em um Cicinho ou Álvaro Pereira pra dar além de segurança, experiência pra essa defesa tão vulnerável nos dias de hoje. E, com ou sem libertadores, torço por um time que brigue em campo em cada partida como se ali estivesse sendo decidido um campeonato. Um time que não admita perder qualquer clássico e que comemore cada bola afastada pra lateral como um gol. Que não troque camisas com o adversário e que não permitam que pisem em nosso escudo!!!

O resto, nossa camisa faz. Porque ela é pesada, ela tem história. Não à toa somos considerados o melhor time do Brasil e dane-se que a emissora dona do futebol torça pela hegemonia apenas de dois clubes, o meu São Paulo é Soberano, sempre foi. Mesmo antes dessa campanha de marketing propagada anos atrás. Somos soberanos porque temos uma torcida especial, que briga com a organizada se essa injustamente começa a pegar no pé de algum jogador. Somos soberanos porque fomos ao Japão três vezes como zebra e levamos o campeonato, colocando jogador mais caro do mundo para sentar no chão e chorar, vazando melhor defesa da Europa! Somos soberanos porque gritamos até hoje o nome dos nossos ídolos, como Telê, Lugano, Muricy.

Pode parecer um sonho saudoso de tempos áureos, mas queria muito ver como gerente de futebol ou alguma função parecida o Pintado. Queria ver o Raí no São Paulo. Aquela galera que muito aprendeu com o Telê Santana sobre comprometimento, sobre entrega. Acho que seria interessante.

Mas mesmo sem nada disso, nosso time vai se reerguer, apesar dessa diretoria nefasta, e a torcida vai apoiar se tivermos um time que sangre em campo.

Estou ansioso aguardando 2016.

Emmanuel Romanelli