Gustavo Vieira de Oliveira, explicou a Doriva em sua demissão que o São Paulo precisa “criar um fato novo”.

Realmente é disso que precisamos: “FATO NOVO”.

FATO NOVO, começa pela mudança da Metodologia, e principalmente da didática dos profissionais que trabalham no clube.

Assim como em qualquer empresa profissional, um jovem recém-formado mesmo que seja na melhor faculdade, com as melhores notas, precisa de TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO, para estarem prontos e serem cobrados como os demais funcionários.

E é nesse processo que o São Paulo vem pecando. Exatamente na transição dos jovens “estagiários” ou “trainees” para o profissional.

Aliás, não só o São Paulo como todos os clubes do Brasil.

A seleção brasileira sub-20, que conquistou o campeonato sulamericano e o mundial, é um grande exemplo. Os jogadores que ficaram no Brasil, não evoluíram como Henrique, Rafael Galhardo, Romário, Frauches e Negueba. Os que foram para Ucrania, evoluíram pouco como Fernando, Alan Patrick e Dudu. Já os que foram para grandes centros da Europa como Danilo (Porto, agora Real), Juan (Inter Milão), Alexsandro (Porto, agora Juventus), Philipe Coutinho (Inter Milão, agora Liverpool), Firmino (Hoffenheim, agora Liverpool) e Oscar (Chelsea).

Já Casemiro e William José, tentaram ficar aqui, até que aceitaram ir para o Real Madrid B, e aí evoluiriam em 1 ano, o que não conseguiram em 3 anos no Brasil.

FERNANDO JUBERO SERIA UM FATO REALMENTE NOVO

Fernando Jubero tem 41 anos, teve passagem como “espião” do Barcelona B e de outras categorias de base catalã antes de ser chegar ao Guaraní para ser diretor esportivo em 2012 e, depois, ser o técnico do elenco principal.

Até agora, Jubero levou o Guaraní a 2 vice-campeonatos paraguaios (2013 e 2014) e encerrou um jejum do clube de 18 anos sem avançar às oitavas da Libertadores.

Veja um trecho da entrevista de Jubero para ESPN.com.br, em abril desse ano, antes de eliminar o Corinthians. Não foi zebra ou acaso, e sim fruto de um trabalho a longo prazo.

ESPN.com.br – Você chegou ao Guaraní em 2012. Como foi o convite e por que o aceitou?
Fernando Jubero – Cheguei em 2012 como diretor esportivo no clube. A ideia, minha função principal, era fazer um projeto para o clube formar jogadores da base para subir ao time principal. Em 2013, o técnico que tínhamos (Diego Alonso) recebeu uma oferta de outro clube, foi embora, e a diretoria me pediu para assumir de forma interina por quatro jogos, pois já estava no final do campeonato. A partir daí os bons resultados vieram, e surgiu a possibilidade de continuar como técnico.

ESPN.com.br – Com sua chegada, a equipe se fixou como uma das mais perigosas do Paraguai. O que mudou para conseguir isso?
Sobretudo tentamos trabalhar com uma equipe ofensiva, que tivesse a posse de bola, com a maior fortaleza no jogo ofensivo. Conseguimos no ano passado 105 gols em 44 jogos, recorde histórico do futebol paraguaio. É um time que busca sempre o gol, e conseguimos esse objetivo. E temos uma continuidade do projeto, com jogadores jovens e outros de mais experiência, e temos um bom entendimento do elenco.

ESPN.com.br – Você tem inspiração no Barcelona para armar sua equipe? É um seguidor do tiki-taka?
Sempre tem coisas que tentamos incorporar, como as saídas de jogo. Mas aqui é um time paraguaio, com as características do futebol paraguaio, com muita fortaleza mental, agressivo. Tiki-taka é um pouco demais para nós, é algo muito específico. O que nos gosta é ter a posse de bola. Tiki-taka é um sentido de jogo.

ESPN.com.br – Você tem um projeto de longo prazo com o Guaraní. Quais os objetivos para os próximos anos?
Primeiramente é consolidá-lo no torneio local, estamos sempre bem perto de conseguir um título. Vamos passo a passo, e depois pensamos no campo internacional. O clube disputou as últimas Libertadores, mas queremos ser mais presentes.

PORQUE JUBERO PODE SER UM FATO NOVO?

Começo com um questionamento frequente da imprensa e torcedores:

– PORQUE OS JOGADORES ESTÃO INDO CADA VEZ MAIS CEDO PARA O EXTERIOR?

A resposta passa pelo que todos sabem: Empresários.

Mas, porque os empresários não esperam os jogadores amadurecerem aqui, para depois vender mais caro?

E a resposta está no exemplo da seleção sub-20 de 2011, que é base da seleção brasileira de 2015.

No Brasil, a promessa tem que se tornar realidade em 5 partidas. Se não for bem, ele é emprestado para clubes menores, e treinados por técnicos que precisam segurar seu emprego, e assim, não tem tempo para esperar o jogador evoluir, escalando “veteranos”.

O exemplo de William José e Casemiro, no Real B, demonstram que alguém que trabalhou no Barcelona B, é a pessoa ideal para assumir um time endividado, e que tem vários jovens jogadores da base, com passagem pela seleção Sub-20, e que nunca tiveram tempo para se desenvolver.

O time B do Barcelona e do Real, não podem subir para 1ª divisão, então ela funciona como uma introdução filosófica de conceitos, ou seja é a base de aprendizado de um estilo de jogo, uma cultura própria de jogar.

Luis Enrique, hoje treinador do Barcelona Principal, era treinador do Barcelona B, que de 2008 a 2011, que desenvolveu jogadores como Thiago Alcantara, Bartra, Deulofeu, Masip e Sergi Roberto que estão hoje no elenco principal com ele. O craque do time na época era Pedro.

Se esses jogadores fossem lançados logo de cara no Barcelona, talvez não tivessem dado tão certo.

SEM RC01, LF9, PATO E TALVEZ GANSO, É HORA DE COMEÇARMOS DO ZERO, ADOTANDO UMA NOVA FILOSOFIA DE JOGO E OFENSIVA COMO PROPÕE JUBERO NO GUARANI

Rogerio, Paulo Miranda, Toloi, Antonio Carlos, Alvaro Pereira; Denilson, Souza, Kaka e Ganso; Pato e Luis Fabiano.

Essa era a base do vice-campeonato brasileiro de 2014.

Em 2016, possivelmente não teremos mais ninguém.

Então, é a melhor hora para implantarmos um novo jeito de jogar, que dure por anos. Com jovens jogadores sem vícios, é a melhor forma para adotar uma nova filosofia um novo conceito, com uma metodologia e didática diferente da base ou de times de segunda divisão do Brasil, ou do interior de São Paulo.

Fernando Jubero, traz consigo uma filosofia aprendida no Barcelona, adequada ao futebol sulamericano no Guarani, e com resultados (de filosofia de jogo) comprovados.  Ou seja:

  1. Projeto para o clube formar jogadores da base para subir ao time principal
  2.  Tentamos trabalhar com uma equipe ofensiva, que tivesse a posse de bola, com a maior fortaleza no jogo ofensivo. Conseguimos no ano passado 105 gols em 44 jogos
  3.  É um time que busca sempre o gol, e conseguimos esse objetivo. E temos uma continuidade do projeto, com jogadores jovens.
  4. Vamos passo a passo, e depois pensamos no campo internacional (Primeiro precisamos voltar a sermos forte no campeonato brasileiro.  Sei que muitos vão dizer que o time de 2005, ganhou primeiro a Libertadores e depois o Brasileiro. mas isso não pode ser regra.)

Ernani Takahashi