Fatos da semana – 09/10 a 15/10

As opiniões deste colunista a respeito da semana que passou.

Caro São Paulo Futebol Clube, minha paixão.

É com o maior dos remorsos que venho, através desta coluna, expressar abertamente o meu pedido de desculpas a você.

Trabalhei por mais de 4 anos no mundo político, assessorando os dois últimos prefeitos da maior cidade das Américas e, mesmo assim, acabei caindo na lábia daquele que respondia como seu presidente até a última terça-feira.

Nenhum fanatismo cego, juro. Eu apenas defendi certa vez, quando ainda não era nem colunista deste blog, a eleição de Carlos Miguel Aidar como sucessor de Juvenal Juvêncio. Não que eu fosse grande conhecedor da história de Aidar. Mas é que, quando eu comparava o seu discurso, durante o período pré-eleição presidencial, com o de seu concorrente Kalil Rocha Abdalla, via algo um pouco mais ‘renovador’ e ‘oxigenado’.

Ledo engano.

De fato, o candidato derrotado não era preparado para o cargo. Meses depois do insucesso no pleito, Kalil frequentaria os noticiários. Não os esportivos. Os tradicionais mesmo. Responderia à imprensa sobre os motivos da falência da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, de quem era o provedor. Lembrança na memória deste ex-assessor.

Mas se Kalil Abdalla era incompetente gestor, a ele pelo menos concedo o benefício da, até que se prove o contrário, lisura. Ao contrário de Aidar que, vitorioso nas eleições, se propôs a macular o nome da instituição em que trabalhava para satisfação própria.

Nosso presidente ‘deposto’ não apenas se mostrou fã dos velhos vícios que muitas vezes tomam conta de quem está no poder, como conseguiu ir além, tornando-se pelo menos suspeito de roubar o clube que ele diz amar.

Seja Aidar, fosse Kalil, a verdade é que é desanimador ver o cenário político atual do Tricolor. Temos Carlos Augusto Barros e Silva como presidente certamente pelos próximos 28 dias e provavelmente até abril de 2017 – caso seja mesmo eleito nas eleições de novembro. Não tenho muito a falar contra Leco. Mas lembro que ele era um dos braços direitos do feudo de Juvenal Juvêncio. O mesmo JJ quem lançou Aidar ao poder no São Paulo.

O São Paulo é tomado pelos mesmos de sempre. JJ e Aidar já haviam sido presidentes na década de 80. Quem não joga o jogo de interesses dos ‘cardeais’ tricolores, como Marco Aurélio Cunha por exemplo, não tem a menor chance de chegar à presidência. Até acho que faltaria alguma experiência de gestão ao médico Marco Aurélio, como faltou a um advogado como Aidar, mas a questão aqui é a falta de oportunidade para gente nova.

Alexandre Calil tinha 49 anos quando assumiu o Atlético-MG, Fernando Carvalho tinha 50 quando virou presidente do Inter, Andres Sanches tinha 43 na posse do Corintias e Paulo Nobre tinha 45 quando virou mandatário palmeirense. Sei que o último peca por ser ‘sensível’ demais, e que o penúltimo não é muito flor que se cheire, mas o fato é que os 4 citados fizeram bem aos seus clubes, e eu credito isso também a ‘jovialidade’.

Enquanto isso, o torcedor são-paulino é obrigado a assistir os mesmos senhores negociando cargos, renunciando e voltando ao poder, sem se importar com o clube em si, no melhor retrato possível da atual política nacional.

Por isso, como já disse, peço desculpas a você São Paulo, de quem sempre serei fã. Quando fiz meus ‘votos’ como torcedor, lhe prometi que te acompanharia na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença. Pessoas más tem lhe tirado dinheiro, e lhe deixado doente. Conte comigo na recuperação, e quando você voltar a ser o que era antes.

O vírus mais perigoso, espero, já foi inoculado…

Perguntas sem respostas – Como assim ‘gravei você me oferecendo propina, mas estou guardando a fita, esperando que você renuncie’? Como assim, ‘dificilmente o impeachment seria aprovado por dois terços dos conselheiros’?

Há muito o que se explicar, e lamento muito que, dez dias após o episódio no tal do hotel, nenhuma informação tenha partido de algum integrante ou ex-integrante da diretoria.

Minha opinião: se Aidar não tivesse culpa, jamais renunciaria, e ainda daria uma coletiva, daquelas bombásticas, xingando meio mundo e, principalmente, Ataíde. Acho que Ataíde não gravou nada, blefou, Aidar sabia que era blefe, mas preferiu sair por causa de possíveis investigações mais profundas, que infelizmente não ocorrerão. O que me causaria espanto é todo esse jogo de cena, em busca do retorno ao poder.

Primeiros passos – Dentre as muitas providências emergenciais a serem tomadas pelo nosso próximo/atual presidente, seja sele Leco ou qualquer outro, três me parecem fundamentais para curto e médio prazo:

1- Planejamento 2016: não sabemos a que exato ponto estavam Ataíde e Osório na montagem do time para o ano que vem, mas fato é que com todos esse problemas, já estamos atrás de nossos rivais. Foi-se o tempo em que o São Paulo chegava a agosto e setembro com nomes de reforços definidos e, em alguns casos, até apalavrados.
2- Despedida de Rogério Ceni – O M1to merecia um último ano de carreira mais tranquilo nos bastidores do clube. Vemos algumas ações de marketing sendo lançadas mas, ao meu ver, muito pouco ainda. Só lembrando, faltam de 10 a 12 jogos para a aposentadoria de Ceni, sendo de 5 a 6 no Morumbi.
3- Reatar laços – Apesar de eu achar que, no caso da briga com Paulo Nobre, Aidar até tinha razão, fato é que as brigas arranjadas pelo nosso ex-presidente não faziam bem para o São Paulo. Hora de trabalhar na diplomacia.

Fluminense x São Paulo – Ah sim, como tem sido sempre no Tricolor, o futebol em si ficou em segundo plano. Enfrentamos o Fluminense ontem, e voltamos para casa com uma derrota na bagagem.

Um primeiro tempo ruim de ambas equipes, com o time de três cores carioca achando um gol, após Fred se aproveitar de falha de marcação de Luis Fabiano (porque um atacante nosso era responsável por acompanhar o melhor cabeceador deles?).

Foi a chave para o Flu voltar fechado para o segundo tempo, explorando os contra-ataques. Em um dos poucos que conseguiu encaixar, mais um gol, após boa jogada do bom Marcos Junior. O São Paulo passou a jogar depois do segundo tento contra, chegou algumas vezes a meta de Cavalieri, mas sem sucesso.

Muito cedo para se avaliar o trabalho de Doriva. Eu por exemplo teria escalado praticamente o mesmo time, talvez com Breno no lugar de Lucão. De resto, apenas uma ressalva: o treinador estreante poderia ter jogado o time mais para frente antes, mas só foi fazê-lo aos 37 minutos do 2ª tempo, com a entrada de Daniel no lugar de Thiago Mendes. Além disso, Alan Kardec pede passagem, e seria importante se pudéssemos chegar ao primeiro jogo da seminfinal contra o Santos, com Kardec tenho feito as duas partidas anteriores. Agora já foi…

Sócio-Torcedor – Às 00h01 desta quinta-feira, o São Paulo tinha exatamente 77.518 sócios cadastrados, 9.364 atrás do programa do Grêmio, nosso próximo adversário a ser superado. Acima deles, temos SEP (126.519), SCCP (129.063) e Internacional (146.936).

Página do Carlos Miguel Aidar – Curtam, comentem e compartilhem a página do agora nosso ex-presidente no Facebook:

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Wagner Moribe

wmoribe@hotmail.com

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