Na discussão da saída de Osorio e quem será o substituto, achei pertinente a discussão sobre a filosofia do São Paulo FC e não somente o nome do treinador. Este texto escrito por Emerson Gonçalves remete a ANTES da vinda de Osorio ao clube e serve perfeitamente para agora após a passagem do treinador que deixa legados importantes. Leia e entenda:

“Em uma mensagem o Rafael (Bueno, jornalista) escreveu:

O são-paulino virou um entusiasta de raça, sangue nos zóio e esquece que ainda é importante jogar bola.

Perfeito. O são-paulino, a exemplo do clube, empobreceu.

O clube em dinheiro e competência.

O torcedor em qualidade.

Não a pessoa do torcedor, mas o seu gosto como torcedor.

Sou fã do Chicão e do Lugano, como fui fã do Paraná. Muito fã, diga-se. Tive a felicidade de conhecer os três e com eles conversar algumas vezes. Já era fã, virei muito fã, fã extremado.

Naquele time dos anos 60, o time com o qual eu cresci como torcedor, indo da infância para a adolescência, eu tinha um grande ídolo, um símbolo – Roberto Dias – e tinha Paraná, um grande ídolo. E, claro, adorava o Jurandir (que, moleque, ia roubar frutas no pomar da fazenda que meu avô administrava: naqueles tempos a molecada “roubava” frutas nos pomares imensos, onde se perdiam, e a rapaziada, por farra, roubava galinhas pra fazer galinhada).

Roberto Dias e Paraná, cada qual com suas possibilidades e jeitos, sustentavam um São Paulo digno, que não conquistava títulos, mas e daí? Dias era o melhor quarto-zagueiro do Brasil e do mundo (nas nossas cabeças, dane-se o resto) e Paraná era a raça, a vontade, a bravura. Que se danasse o resto, pois estávamos construindo o “maior estádio particular do mundo”.

Bom, tudo muito bonito, mas a questão é que o São Paulo FC tornou-se grande e gigante com Leônidas da Silva.

Com Sastre.

Rui, Bauer e Noronha.

Zizinho.

Canhoteiro.

Roberto Dias.

O São Paulo sempre foi, na sua origem e essência, o time do futebol bonito, dos jogadores clássicos.

Gerson quebrou essa escrita, justamente ele, clássico, um dos maiores meias-armadores da história do futebol. Mas também um guerreiro, um cara que queria vencer vencer vencer. Que nunca teve medo de cara feia, pelo contrário.

Ele saiu e ficou Don Pedro Virgilio Rocha Franchetti.

Não fosse o joelho, Muricy teria encarnado uma mistura de Gerson com Rocha. Habilidoso, técnico, marrento, combativo e briguento.

(Então, por favor, critiquem o treinador Muricy, como eu mesmo vim a criticar, mas respeitem o Muricy, que é muito mais que um “mero” tricampeão brasileiro pelo São Paulo. E que a torcida continue gritando seu nome, pois é justa, é muito justa, é justíssima e sempre será essa homenagem.)

O São Paulo pode e deve ter o Chicão e Lugano, mas o São Paulo jamais poderá ser um time de Chicões e Luganos.

Nosso DNA não é esse.

Estão querendo fazer do São Paulo uma cópia mal acabada do Corinthians.

Lamento, mas não somos assim, nossa história não é assim.

Serginho marcou nossa história e é meu ídolo, mais que Careca, mas entre Pato e Luis Fabiano eu sou mais Alexandre Pato.

Por um monte de motivos.

Se der errado, paciência, teremos tentado.

Luis Fabiano nunca deu certo. Ponto.

Não consigo entender as críticas que li por aqui ao jogo feito por Pato contra o Cruzeiro.

Será que faltou leitura do jogo?

Será que faltou enxergar o que fez Marcelo Oliveira na armação do Cruzeiro?

Será que não faltou ao time o jogador que aparece e ocupa o espaço deixado pela marcação feita a Alexandre Pato?

Já elogiei o time e até o Milton Cruz pelo excelente jogo. Mas isso não significa que temos um time, pois ainda não temos. E tampouco significa que temos um elenco pronto, pois também não temos. MC terá que treinar muito essa rapaziada para corrigir falhar e, principalmente, criar alternativas de jogo e preparar a equipe para aproveitar melhor os deslocamentos de Pato. Muricy queria Ganso mais na área, mas não sei, até hoje, se ele quer (pois poder ele pode) esse papel e posição.

É cedo para prognósticos, mas o que quer que venha pela frente eu espero que seja em busca de futebol bonito combinado com alma e vontade. Nem uso a palavra raça, pois ela, no Brasil, é sinônimo de porrada e “chegar junto”, ou seja, o avesso do futebol.

É o que quero para o São Paulo: futebol bonito e empolgante.

Que arraste a torcida ao Morumbi e outros estádios pelo Brasil.

Futebol com a marca Leônidas.

Sastre.

Zizinho.

Roberto Dias.

Gerson.

Rocha.

E com a marca Ceni, também, que durante muitos anos foi um verdadeiro ícone.”

Após ler o texto, que tipo de treinador e filosofia queremos para o São Paulo? Que futebol queremos para o São Paulo?

Dê sua opinião, torcedor.

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