Há tempos atrás (e bota tempo nisso) Nelson Rodrigues já dizia que “o futebol é o ópio do povo” e como droga, vicia, causa transtornos, confusão, euforia passageira, depressão, mudanças repentinas de humor (como aos 47 min do 2o. tempo do jogo do ultimo domingo) e vários outros sintomas bons ou ruins mas a verdade é que mesmo com tudo isso, inexplicavelmente não conseguimos nos afastar dele… o tal do futebol através do time que, por diversos motivos, adotamos como nosso.

No meu caso, o SPFC entrou na minha vida muito antes do meu nascimento; foi no final da década de 30, início dos anos 40 quando o recém formado SPFC inciava sua história nos campos de São Paulo e do Brasil que me bisavô desenvolveu sua paixão pelo tricolor e a passou para meu avô, meus tios avós, meus tios, meu pai e dele para mim… ou seja, posso dizer que recebi o amor pelo SPFC por herança genética!

Lá se vão mais de 75 anos que minha família adotou o SPFC como seu clube do coração e mais de 45 que eu continuo seguindo os passos de meu bisavô com o mesmo orgulho e paixão que hoje eu tento passar para minhas netas gringas mesmo vivendo há mais de 15 anos nos USA.

A distância? Bom, essa malvada só me impede de estar nas arquibancadas do magestoso Morumbi como fazia desde meus 9 anos de idade (já estou com 56) mas com a TV a cabo e a internet, a distância nunca foi um impecilho que me impedisse de exercer minha velha e cada vez mais intensa paixão tricolor.

Ví e viví muitas emoções naquelas arquibancadas hoje forradas com acentos vermelhos mas que antes eram apenas de concreto puro onde muitas vezes sentavam ou mesmo deitavam aglomerados mais de 100 mil fanáticos torcedores em jogos com torcidas divididas, bandeirões, fogos de artifício e muito talco industrial…

Jogos como a derrota para o Corinthians em 2/3/69 num jogo em que caiu uma enorme tempestade e naquele dia um homem morreu em acidente num Morumbi ainda inacabado ou ainda a final do nosso Bi-Paulista de 71 quando vencemos com gol de Toninho Guerreiro e que teve o famoso gol de mão de Leivinha para o Palmeiras que só o juiz Armando Marques viu (e ainda bem que viu)… A Libertadores de 72 que até hoje se especula porque jogamos nossa primeira final do torneio que tem a nossa cara e DNA contra o Independiente no Pacaembu e não no Morumbi, o jogo de 30/4/72 vencido por 1×0 contra a Lusa no Pacaembu quando pela primeira vez na vida (e única) fui parar no então Juizado de Menores por ter pulado o alambrado para o campo após o final do jogo para conseguir autógrafos dos jogadores, ou a final do Paulista de 75 contra a Lusa do falecido craque Enéias e que vencemos numa disputa de penaltis que quase me matou de desespero mesmo tento apenas 16 anos à época…

E tantas outras partidas memoráveis como a vitória contra o Botafogo do RJ no BR de 1981 com mais de 100 mil tricolores no Morumbi e que precisando ganhar saimos perdendo de 2×0 em menos de 25 minutos mas viramos o jogo com 1 gol de Serginho Chulapa e 2 gols de Éverton, um deles um golaço que deveria ter uma placa no Morumbi pela beleza do gol e pela importância dele na história vitoriosa do clube

Foram muitas, inúmeras emoções vividas com meu tricolor amado… algumas tristes mas muitas, a grande maioria, muito felizes…

Vieram as décadas de 90 com as primeiras LIbertadores e os primeiros Mundiais, a crise da interdição técnica do Morumbi, a era de Telê e Raí e finalmente o início do anos 2000 com a consagração definitiva com os 3 títulos seguidos do campeonato brasileiro e os tricampeonatos da LIbertadores e Mundial de clubes sem contar com Copa Sulamericana de 2012.

Muitos títulos, muitas glórias, muitos heróis dentro, ao lado e fora do campo, jogadores, comissões técnicas, treinadores e dirigentes que deixaram sua marca nessa linda história de glórias e conquistas do tricolor mais amado do mundo.

E eu, por herança de família e não por adesão, simpatia, gosto pessoal, falta de escolha ou influência de um video game, tive o privilégio de, pessoalmente ou pela TV, ter vivido tudo isso com toda intensidade como nos meus primeiros jogos nas arquibancadas do Morumbi ou Pacaembu ainda acompanhando meu pai e minha enorme e apaixonada família tricolor.

Portanto senhores dirigentes que hoje conduzem o nosso amado tricolor, aonde estão a seriedade, o respeito e a honra para conduzir os destinos deste clube gigantesco e como uma história gloriosa como esta que é o SPFC? A mesma seriedade, respeito e honra de nomes como Edgard de Souza Aranha (nosso 1o presidente ), Paulo Machado de Carvalho (que dá nome ao Pacaembu), Cícero Pompeu de Toledo (que dá nome ao nosso estádio), Laudo Natel (que liderou a construção do maior estádio particular do mundo, o Morumbi), Henri Aidar (pai do atual presidente CAM), Antonio Nunes Leme Galvão, Fernando Casal de Rey, Marcelo Portugal Gouveia e até mesmo Juvenal Juvencio em seus 2 primeiros mandatos.

Essa resposta deveria estar não só na ponta da língua mas na atitude diária de cada um de voces que dirigem um dos maiores clubes de futebol do Brasil e do mundo.

O SPFC é e sempre foi maior do que os personagens que passaram por ele mas sem estes personagens ele não teria chegado aonde chegou e sem essa torcida imensa e apaixonada tão pouco. Essa mesma torcida que ontem andava de cabeça erguida por todos os cantos do Brasil e do mundo assiste sem acreditar os desmandos, as trapalhadas, as confusões e as notícias tristes de como os Srs., atuais dirigentes desse clube gigantesco tem conduzido de maneira tão desastrosa os destinos do nosso SPFC; sim por que o SPFC não é de nenhum de vocês nem tampouco dos associados do clube social! O SPFC é propriedade principalmente de nós, sua apaixonada torcida que hoje assiste preocupada e sem saber mais o que fazer aos seus circos de horrores cada vez que os Srs. aparecem na tela da TV ou nos sites de notícias esportivas.

Isso tem que ter um basta! A história de glórias do SPFC tem que ser preservada a qualquer custo mesmo apesar de vocês que hoje mais parecem cuidar de suas próprias histórias e imagens do que da história e da imagem do clube que dizem amar e representar.

Não há mais tempo ou espaço para esse circo de horrores, essa falta de respeito, amor e responsabilidade com a condução dos destinos do clube mais vencedor do futebol brasileiro e um dos mais vencedores do futebol mundial. Isso é pouco? Não, claro que não é…nós, a torcida apaixoinada do SPFC sabemos disso mas e vocês? Se sabem, parece que esqueceram e se esqueceram estamos aqui para lembrar…

Ainda há tempo!

#JuntosSomosMaisFortes

Saudações Tricolores!

Luiz Octavio Lopes Silva