Ultimamente não tenho feito análises táticas sobre o São Paulo.  Desde o jogo contra o Figueirense no primeiro turno, contusões, suspensões, e vendas tem atrapalhado muito o técnico Juan Carlos Osorio.

“El Profe” é um excepcional TREINADOR e um ESTRATEGISTA extraordinário.

Ultimamente tem se dedicado a ser apenas TREINADOR.

É preciso olhar o todo, para analisar o trabalho do colombiano.

Em seu primeiro jogo contra o Santos, ele escalou:  Rogerio Ceni; Bruno, Paulo Miranda, Doria e Carlinhos; Denilson, Souza, Ganso; Thiago Mendes, Luis Fabiano e Michel Bastos.

No jogo seguinte contra o Gremio: Rogerio Ceni, Bruno, Rodrigo Caio, Doria e Carlinhos; Denilson, Souza, Wesley; Ganso e Michel Bastos; Luis Fabiano.

Ele estava encantado com a longa sequencia de passes que o time trocava para chegar ao ataque.  E estava trabalhando para que Souza, jogasse mais avançado e entrasse na área.

Paulo Miranda e Rodrigo Caio, assim como Doria, seriam os zagueiros que estavam sendo trabalhados para conduzir a bola, para “empurrar” os volantes e meias para frente, e assim Souza e Ganso ficariam mais pertos da área.

Eram os zagueiros mais rápidos para jogar em uma linha de defesa avançada.

Com posse de bola e zagueiros que condiziam a bola, o próximo passo seria trabalhar o jogo pelas pontas, com 3 atacantes, para o time jogar como ele desde o início disse que gostaria: 4-3-3 ou 3-4-3.

Mas, aí começaram os problemas.

Denilson, o único primeiro volante foi vendido.  Rodrigo Caio que estava na zaga, e que poderia fazer a sua função, foi negociado com o Atlético de Madrid.

Paulo Miranda, que jogava como lateral, portanto, um zagueiro bom para conduzir a bola e jogar em linha alta, por ser rápido, foi também vendido.

Na sequencia, Souza foi vendido e Doria, terminou seu empréstimo.

Então o time idealizado com zagueiros que conduzissem a bola, “empurrado” os volantes, laterais e meias para o campo de ataque, tinha que ser drasticamente mudado.  Todo o conceito planejado, teve que ser alterado.

Sem zagueiros que conduzissem a bola, sem jogadores no meio que trocavam uma longa sequencia de passes, o técnico tinha que treinar o time para jogar de outra maneira.

A melhor maneira de compensar essas perdas, era pressionar a saída de bola do adversário, e obrigado o time adversário “estourar” as bolas.  Além disso, sem jogadores que sabiam manter a posse de bola, e acertar passes em sequencia, o time passou jogar com “passes diretos” da defesa para o ataque.

A volta de Rodrigo Caio, que não se acertou com o Valencia e Atletico de Madrid, nos fez ter um primeiro volante novamente.

Assim, acertou um novo posicionamento para Pato.  Jogando aberto pela esquerda, Centurion pela direita.

E o time goleou o Vasco, com uma excelente atuação de Pato e Centurion.

Contra o Coritiba, com dois lançamentos de Lucão, Pato e Centurion mais uma vez brilharam.  Jogando em alta velocidade pelas pontas, marcaram os gols.

Com o time arriscando “passes diretos”, com jogadores velozes, e sem controlar a bola, seria obvio que o time iria atacar mais rápido, mas também teria que se defender mais rápido.

Contra o Cruzeiro, Lucão inverteu com Rodrigo Caio, e a saída de bola passou a ter mais qualidade, e pressionando a saída de bola adversário, os forçando a dar “chutões”, Lucão ganhou todas as bolas pelo alto no meio.

Mesmo sem Ganso e Luis Fabiano, o time venceu.

Depois de TREINAR os jogadores, a serem polivalentes e principalmente a Memória Operacional, no jogo contra o Atlético-MG, o técnico teve a oportunidade de mostrar que é um grande ESTRATEGISTA.

Na escalação o time poderia estar no mesmo 4-2-3-1 que todos os times jogam.  Com Thiago Mendes, Toloi, Rodrigo Caio e Reinaldo; Lucão e Hudson; Michel Bastos, Ganso e Pato; Luis Fabiano.

Mas, o time surpreendeu, se posicionando em um 3-4-1-2.  Perdemos, mas foi o melhor jogo que fizemos, e o resultado não mostrou o que foi a partida.

No jogo seguinte, um clássico contra o Corinthians, Osorio foi corajoso!   Escalou novamente em um 3-4-1-2, com Luiz Eduardo que vinha da série D, e no segundo tempo em um 3-3-1-3.

O time sufocou o Corinthians, com “passes diretos” e inversões da zaga para as pontas, com AMPLITUDE e PROFUNDIDADE, e não fosse Vuaden que não deu o pênalti mais claro que não foi marcado no campeonato, venceríamos.  Seria a vitória do ESTRATEGISTA Osorio.  Pois talvez tenha sido o único jogo, em que o Corinthians, não conseguiu jogar como sempre joga.

Contra o Figueirense de Argel Fucks na rodada seguinte, o time teve Breno de volante, e ganhou mais uma.

Mas, aí voltaram os problemas.  Vieram as contusões de Rogerio Ceni, Luis Fabiano, depois na sequencia as de Breno, Luiz Eduardo, Carlinhos, venda de Toloi, convocação de Rodrigo Caio e Lucão.

E assim, mais uma vez o técnico teve reinventar o time.

Reinventar o que tinha acabado de reinventar.

E voltou o Juan Carlos Osorio TREINADOR.

Teve que preparar e colocar para jogar jogadores que acabaram de ser contratados como Wilder, Rogerio, e jovens da base como Lyanco e Matheus Reis.

A zaga que começou a conduzir melhor a bola, e fazer inversões perdeu essa característica com a entrada de Edson Silva.  A saída de bola, piorou muito.

E o time passou a oscilar.  A bola passou a não chegar com a mesma qualidade para Pato e Ganso.

Contra o Gremio, parte da zaga voltou.   E com ela, voltamos a ter mais qualidade na saída de bola, e com isso, mais qualidade para chegar até Ganso e Pato, os jogadores com capacidade de decidir.

E o time parecia que começaria a engrenar.

Aí veio a contusão de Ganso.

Agora, para os jogos contra Vasco e Palmeiras o time volta a ficar completo.  Não podíamos correr o risco de ter jogadores importantes se machucando nesse jogo.

Com isso, podemos esperar novamente o “estrategista” Juan Carlos Osorio.

Pois ele treinou todo o elenco, para ficar pronto e ajustado para uma nova forma de jogar.

O processo foi longo, doloroso, com baixas e contusões que ninguém poderia imaginar.

Mas, com o TREINADOR Juan Carlos Osorio, ganhamos jogadores que serão importantes agora:  Lyanco, Luiz Eduardo, Matheus Reis, Wilder, Rogério (para o Brasileiro), Breno de volante e Thiago Mendes.

Agora, o ESTRATEGISTA Juan Carlos Osorio voltará, e com ele variações táticas, polivalência de jogadores durante a mesma partida.

Ernani Takahashi