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A muito mais que bem triste rotina do bastante desanimado torcedor desiludido.

Sei que pode ter sido de momento. Como têm sido as vitórias do São Paulo Futebol Clube. Mas, fiquei incomodado, talvez, de certa forma, somente levemente, com a ‘dessão-paulinização’ de um jovem garoto, adolescente, beirando (isso se não tendo) os 15 anos de idade.

Eu disse brincando pra ele “Seu time é uma vergonha…” hoje, segunda-feira, depois de um domingo de derrota pro Avaí, coisa normal para o São Paulo atual, que muitas vezes, pra não dizer ‘na maioria’ delas, contra times pequenos, joga como time pequeno.

Ele me respondeu “Meu não. Seu. Não torço mais pro São Paulo.”.

Fiquei em silêncio por alguns instantes. Ele tinha convicção nas palavras. Ele estava ali, em seu trabalho como jovem aprendiz, executando muito bem seus afazeres. Tentei tirá-lo de sua concentração, para que me desse mais atenção e me respondesse as razões para abandonar o mais vencedor clube do país. Uma derrota para o Avaí, depois de um empate com a Chapecoense, não pode ser algo tão forte a ponto de determinar essa desistência.

Um jovem que enfrenta uma surreal pressão das modas televisivas direcionando os comportamentos para tenderem ao corinthianismo, que só assiste e lê programas e sites ‘medorrentos’ das horas do almoço semanal (tenho tentado trazer ele pro Blog, mas ainda não consegui), e/ou no restante do dia, na globo.com, que, ainda por cima, tem como ídolos em seu meio juvenil os craques do Barcelona, do Chelsea e do Real Madrid, enfim, que deveria estar calejado com o que é ser um são-paulino do novo milênio, não se abateria com uma derrota pro Avaí. Uma derrota tão comum, ultimamente… .. nos primeiros anos da segunda década do novo milênio.

Bom, com 15 anos, pelo menos há 4 ele teria aquela consciência ratificada de torcedor específico, consolidado como são-paulino. Ou seja, teria visto a Sul-Americana da final sem final mesmo sendo final. Se, antes disso, ele já tinha aquela força Tricolor no coração, com seus 8 anos ele estava comemorando adoidadamente o futebol ‘muricyano’ que levantou o caneco nacional mais importante por 3 vezes consecutivas.

Agora, se for o caso de um prodígio, com 5 anos ele imitava o Lugano, no ‘prezinho’, e gritava “Tricampeão!” para seus coleguinhas mais xexelentos, que torciam para os demais times do país, encarando-os com seu olhar amalucado de uruguaio raivoso… ou simplesmente carregava orgulhosamente o manto mirim, presente do pai (ou da pessoa responsável pela sadia doutrinação) pelos parquinhos, no futebol da rua de cima (sendo o ‘Ceninho’, dono do gol), nas festas de final de ano com a família, trajando a 9 de Amoroso…

Compreensível ver que, hoje, seu desânimo é grande, caso estejamos diante de um exemplar de superficial amor de torcedor. Muito grande é o desânimo nesses termos. Quase do tamanho de um ‘Paulistinha’, que há tanto tempo não vencemos.

As crianças, os pequenos jovens atuais, estão na fase mundana do imediatismo. Tudo é muito rápido. A internet é rápida (até mesmo no Brasil). As coisas precisam estar acontecendo a cada instante, inclusive os títulos. Talvez, na falta desses, muitas vitórias. Olha, talvez uma competitividade, um estar apto a vencer, um fazer surgir esperanças, criando motivos para continuar torcendo muito e com orgulho, com um time aguerrido, cheio de heróis (que nada mais seriam/são que jogadores com personalidade e brio).

Como enxergamos com outros olhos, nós, os velhos, temos mais paciência. Eu aprendi muito com a internet discada, quando apreciava na puberdade as fotos de senhoritas sem vestimenta, em posições estratégicas para os delírios ‘calientes’ juvenis ‘manetais’, que só ficavam totalmente visíveis no monitor de tubo após alguns minutos de download depois da meia-noite, horário mais propício para os acessos.

Treino ‘mongeanamente’ o exercício do aguardo, buscando nos dizeres sotaqueados de Osorio uma razão para continuar.

Mas, tem horas que beiro o desdém. Idêntico ao futebol demonstrado por boa parte do elenco em alguns dos mais fatídicos jogos.

E vou ao teatro, vou à faculdade sem ficar me perguntando ‘Quanto tá o jogo?’, ensaio com meus amigos músicos a complicada Nightrain, do Guns, e a gaita improvisada que inventei para uma versão de Ring of Fire, do Cash, sem me atentar que podemos (do verbo ‘sou são-paulino, oras!’) estar bravamente empatando com o Avaí após um gol do exemplar Breno.

É difícil, com ânimo, acompanhar a própria tristeza.

Daquela fé que é símbolo máximo do clube, ainda bebo, ainda me alimento, ainda mantenho a convicção total de estar Tricolor com meu coração e com minha alma. Coisa que não consigo enxergar tanto naqueles que, nos bastidores políticos e administrativos do São Paulo Futebol Clube, traçam golpes em estatutos, espalham doenças travestidas de opiniões nos meios, via blogs, via jornalistas fanfarrões, via canais farofeiros de notícias fúteis, com divulgações sorrateiras de laudos financeiros, ora equivocados, ora cheios de vácuos, ora sem cabeçalho, ou sem rodapé, ou sem os dois…

Enxergamos e acompanhamos, tanto aqui, no Blog do São Paulo, como nos demais locais de acesso público, incontáveis acontecimentos oriundos dos tratos internos do clube. Percebemos sempre que tem lama, esgoto, ego e demagogos grafados em letras garrafais, tirando o foco do que deveria ser muito mais importante. O futebol, claro.

Faz parte. Claro que faz parte. É de onde tudo surge. Na forma como serão dirigidas as questões relacionadas ao time. Como e o que faremos para obter mais um título.

Só que o circo está lotado de artistas ruins.

E o público está indo embora.

Inclusive (e principalmente) as crianças.

Elas não acham tanta graça nos palhaços.

 

Ronnie Mancuzo – Sub

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Uma piada de leve, para desamargar um pouco outra derrota pro Avaí…

O homem vai ao motel com a amante. Lá chegando, se depara com o carro do sogro em uma das suítes. Como não se dava muito bem com o velho, resolveu disfarçadamente riscar toda a pintura do carro.

No dia seguinte, ele vai na casa do sogro, vê o carro todo riscado e finge surpresa:

– O que aconteceu, sogrão?

O sogro responde:

– Estou com muito ódio. Ontem, emprestei o carro pra sua mulher ir à igreja e riscaram o carro todinho.

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O aniversariante do dia, e homenageado pela coluna, é David Coverdale.

Completando 64 anos nesta terça-feira, 22 de setembro de 2015, surgiu como grande nome da música mundial ao substituir Ian Gillan, no Purple, em 1970.

Em 1977, fundou o Whitesnake, ratificando sua importância para o hard rock.

Dentre seus vários sucessos, temos Blindman, no link de hoje.

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Frase do dia:

“É a vida! É bonita e é bonita!”

Resposta das crianças de Gonzaguinha (22 de setembro de 1945 – 29 de abril de 1991).