Aos 41 anos, tenho muito orgulho e felicidade de ter vivenciado todos os maiores títulos do clube até hoje.

Desde o primeiro título brasileiro em 1977, cujo presidente era Henry Aidar;

O título de 86 com os Menudos do Tricolor, formado por Careca, Muller, Silas, Pita, Dario Pereyra, com Carlos Miguel Aidar de presidente;

No começo dos anos 90, o período mais vitorioso do clube, com o Brasileiro de 91, Libertadores 92 e 93 e Mundial de 92 e 93, com Tele Santana, Raí, Muller, Leonardo, Palhinha, Cafú, Ronaldão, e Cia, com José Pimenta Mesquita de presidente (que sofreu uma oposição ferrenha de JJ);

Em 2005, o título da Libertadores e Mundial de 2005, com Rogerio Ceni, Lugano, Mineiro, Josué e Cia., com Marcelo Portugal Gouvea;

E o tricampeonato brasileiro de 2006-2007-2008 com Muricy, Rogerio Ceni, Hernanes, Miranda, Breno e Cia, e com Juvenal Juvencio de presidente;

O Orgulho jamais deixei de ter, pois mesmos em tempos difíceis, todos os títulos que vivenciei e comemorei, jamais serão apagados.  Afinal desde que nasci, somos o clube brasileiro que mais brasileiros, Libertadores e Mundiais conquistou.

Aliás, falando de Mundiais, desde 73 (ano que nasci), só Milan, Bayern e Milan, tem os mesmos 3 títulos que nós.

Barcelona tem 2, Manchester tem 2, Porto tem 2 e Boca tem 2.

Mas, não foi só de felicidades que foram esses anos.

No começo dos anos 80, amarguei duras derrotas para o Flamengo de Zico, o Gremio de Renato Gaúcho, e duas finais de paulista em sequência para o Corinthians de Sócrates.  Aprendi nessa época, que não ganha quem tem mais vontade.

No final dos anos 80, em 89 e 90, vi meu time ser vice-campeão brasileiro, para Vasco e Corinthians.  Muitos acharam que faltava raça, e que Raí se escondia em final.

Em 90, sofri muito com a eliminação do clube da primeira fase do paulista, e também da repescagem (fui em todos os jogos no Morumbi).

Mas, mesmo assim, não culpei o então presidente da época.

Isso nos obrigou a jogar no grupo amarelo em 91, que classificava apenas 3 dos 8 que disputariam a final.  Os outros 5 saiam do grupo Verde.

Mas, o período mais difícil, veio depois do vice-campeonato da Libertadores de 94.

Dois anos antes, vimos uma empresa italiana entrar no futebol, e o dinheiro começou a mudar tudo.

Para quem acha que o caso de Kardec, um absurdo, não sabe o que o Palmeiras fez com Cafú e Antonio Carlos.  Eles tinham uma cláusula que os impediam de se mudarem para um clube rival.  Então, o Palmeiras usou clubes pequenos da Espanha e o Juventude, para contratar esses jogadores.

Foi ali, que começou uma rivalidade fora de campo entre os dois clubes.

E foi o Palmeiras e seu parceiro, que começou a inflacionar os salários nos clubes brasileiros.

Mas, mesmo com pressões e críticas, o São Paulo não entrou nessa briga!  Muitos diziam que o clube tinha parado no tempo, e que parcerias e co-gestão do futebol eram as únicas alternativas para o futuro.

O São Paulo permaneceu firme, alegando que jamais venderia ou emprestaria seu clube a ninguém, pois o dia em que essas empresas saíssem dos clubes, esses clubes iam quebrar.

Passamos anos difíceis, vendo Palmeiras contratar os melhores técnicos, vendo o Palmeiras comprar os melhores jogadores do país como Muller, Zinho, Mazinho, Cleber, Junior Baiano, Roberto Carlos, Edilson, Edmundo, Rivaldo, Djalminha, Luizão, etc.

Em 1997 surgiu a parceria Corinthians e Banco Excel, onde trouxeram Tulio, Donizetti, Gamarra e o “mercenário” Antonio Carlos.

A parceria durou pouco, pois o banco foi envolvido em um escândalo, que culminou com a condenação de seus executivos.

Em 1999, o Corinthians e o Cruzeiro acertaram uma parceria com a Hicks Muse Tate and Furst, que tinha a parceria da Traffic (sim essa que comercializa os direitos de transmissão, e que seu dono, J Hawilla é réu confesso no escândalo recente).

Apenas para lembrar, o mundial interclubes de 2000, foi organizado pela Traffic.

A parceria com a H&M que era para durar 10 anos, acabou no segundo ano.

Em 2000, veio a ISL, que trouxe grandes craques ao Flamengo e Gremio.  Saiu depois e em 2004, o Gremio caiu para série B.

Ainda em 2000, a Parmalat saiu do Palmeiras, que começou a passar com sérios problemas financeiros.

Em 2002, o Palmeiras foi rebaixado e em 2003, a Parmalat faliu.

Calisto Tanzi, fundador e ex-proprietário do grupo italiano Parmalat, foi condenado a 18 anos de prisão, considerado o “cérebro” da fraude que provocou a falência da maior multinacional italiana da alimentação.

No fim de 2004, veio um Iraniano trazendo uma empresa chamada MSI que trouxe jogadores como Carlos Tévez, Mascherano, Gustavo Nery, Sebá Domínguez, Roger, Carlos Alberto e Nilmar.

Nesses 10 ou 12 anos, vi a imprensa enaltecendo Mustafa Contursi e Alberto Dualib, e criticando duramente nossos presidentes.

Apesar das críticas, de tomar chapéus de outros clubes, ver Renato Gaúcho vestindo a camisa do clube, e voltando para seu clube, o São Paulo jamais entrou em leilão nesse período.

Mas, foi o primeiro a entender a Lei Pelé, e na contramão dos clubes que investiam muito na contratação de jogadores, garimpou jogadores que estavam com seus contratos vencendo como Cicinho, Fabão, Mineiro, Josué, Danilo, Grafite entre outros.

E ao invés de ir atrás de técnicos medalhões foi buscar Cuca, um desconhecido que havia feito boa campanha no Goiás.

E assim veio uma sequência de títulos importantes.

Mas, os mesmos que criticaram Marcelo Portugal Gouvea, por trazer jogadores em final de contrato de times pequenos, hoje criticam Aidar, por vender seus jogadores “fatiados” como Osvaldo (tínhamos 50%), Denilson (40%), Paulo Miranda (40%), Souza (35%), Toloi (25%), Boschilla (50%) e Cafu (40%).

E serão os mesmos que elogiaram o São Paulo em um futuro muito próximo.

E os mesmos que elogiaram o começo da parceria entre Palmeiras/Parmalat, Corinthians/Excel, Corinthians/H&M, e que depois criticaram.

Veremos nos próximos anos (pois esse o alvo é o São Paulo), os elogios das parcerias com construtoras:  Palmeiras/WTorres/Traffic na Allianz Arena, ou Corinthians/Odebrecht/BNDES/Prefeitura, se tornarem duras críticas.

O estudo de viabilidade financeira dessas Arenas, não previam uma recessão como essa, que está em seu início, e que estão levando o Brasil, a Caixa, o Itaú a terem suas notas de crédito rebaixadas.

Em um país em recessão, pagar R$700K cada vez que você joga na Arena da WTorre, não é fácil, mesmo com o aumento de receita vindos do Programa ST.  Afinal, além desse custo, tem um a folha salarial que aumentou absurdamente com a contratação de 25 jogadores!  Isso sem contar o valor que foi pago para contratá-los.  50% do passe de Dudu, custou 75% de um Kardec inteiro!

Assim como, não será fácil, cobrar ingresso caro e lotar o estádio nos próximos 12 anos em Itaquera, para custear o financiamento do Estádio.  Por enquanto, eles têm dinheiro para pagar as 10 primeiras prestações.

Mas, no final de 2016, eles começarão a ter que pagar, R$5 milhões por mês nos próximos 12 anos para Caixa!!   Aliás, engraçado pagar financiamento para a empresa que traz receita ao clube em patrocínio.

Será que com um déficit de R$30 bilhões para o próximo ano, tendo que tirar recursos do Minha Casa Minha Vida, do Pronatec, do FIES, o governo vai continuar permitindo que a Caixa gaste R$40 milhões em patrocínio para um clube que emprestou dinheiro?

O tempo faz criticados em elogiados, elogiados em criticados.

Mas, prefiro ser torcedor que clube que e criticado e depois elogiado, do que os que começam sendo elogiados e depois sofrem duras consequências.

Ernani Takahashi