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Fatos da semana – 14/08 a 20/08 POR WAGNER MORIBE

As opiniões deste colunista a respeito da semana que passou.

Osório, o Intocável – Tenho ficado abismado com o nível de devoção da torcida são-paulina para com Juan Carlos Osório. Ao longo das últimas décadas, vi dezenas de técnicos e centenas de jogadores passarem pelo Tricolor e, sinceramente, poucas vezes vi alguém ser posto tão acima do bem e do mal quanto Osório foi pela torcida.

Nas últimas semanas, testei e comprovei: o nível de críticas e ofensas à esta coluna é proporcional ao número de divergências apontadas com relação ao trabalho do treinador.  Uma ‘ditadura’ de opiniões, bem característica deste meio virtual, que refuta qualquer tipo de manifestação contrária a do leitor.

Apoiar Juan Carlos Osório é obrigação. Que bom que a torcida, assim como eu, está fechada com ele.  O que não quer dizer que o nosso treinador não erre, e que não possa ser criticado.

Torço para ele sem qualquer receio ou intenção de dizer “eu disse que era errado trazê-lo”, depois de alguma partida ruim. Também não estou me aproveitando de uma semana pós-derrota, em que alguns questionamentos começam a pintar contra Osório, para pisar em cima. Apenas achei que este seria um momento em que esta coluna seria um pouco menos previamente rejeitada, como tem acontecido algumas vezes, por alguns leitores.

Lembrando: não sou contra técnico estrangeiro dirigindo o Tricolor. Pelo contrario. Acho que o Brasil precisa de ideias e nomes novos no mercado. Apenas acho que ‘novo’ não é sinônimo de ‘melhor’, tanto quanto ‘de fora’ não é o mesmo que ‘mais qualificado’. Muito se tem disseminado essa ideia, por causa da crise da seleção e do futebol brasileiro. Mas a verdade é que fora do país, tal como aqui, existem os bons, como existem os médios, e os ruins. E não estou qualificando Osório neste contexto.

Ao meu ver, o problema em se contratar um estrangeiro para comandar o Tricolor, é o tempo de adaptação. Osório compensa a falta de conhecimento histórico a respeito de nossos adversários com muito estudo e dedicação nos dias que antecedem os jogos. Mesmo assim, ainda se surpreende ao descobrir algumas peculiaridades do futebol brasileiro. Como ele mesmo revelou em entrevistas, Osório não sabia da gravidade da crise financeira vivida pelos clubes daqui, e também não esperava tanto ‘mimimi’ de jogador ao ser substituído.  Apenas dois exemplos da dificuldade a mais que um técnico estrangeiro enfrenta ao chegar no Brasil, sem um tempo necessário de preparação.

Técnico de fora não se traz no meio de uma temporada. Apesar disso, não sou a favor da saída de Osório. Seria um erro ainda maior recomeçar o trabalho do zero novamente. Seria o nosso 4º treinador do ano, e não vejo possibilidade nenhuma de sucesso para times que trocam tanto de comando. Osório ainda tenta entender as nuances do futebol brasileiro, e o que nos resta é torcer para que seu tempo de aprendizado tenha efeitos mínimos no desempenho da equipe…

O tal rodízio – Osório já foi xingado e ignorado por jogador substituído. Há quem diga na imprensa que seu rodizio de jogadores tem incomodado alguns atletas. Mesmo assim, prefiro acreditar que o treinador tem o elenco nas mãos.

Figurões do time, como Rogério Ceni, Pato e Luis Fabiano, não cansam de elogiar a metodologia do técnico, sempre que perguntados. Nosso capitão é suspeito, pois sempre (com exceção de Ney Franco) elogiou todos os treinadores com quem trabalhou no Tricolor, de quase-unanimidades como Telê Santana e Muricy Ramalho, a contestados como Carpeggianni e Osvaldo de Oliveira. Mas no caso dos atacantes, tanta empolgação com um comandante é novidade.

Pato vive sua melhor fase no São Paulo desde a chegada de Osório. Bobagem dizer que o seu sucesso recente é fundamentado pela mudança de posição, uma vez que o camisa 11 já havia atuado pelos lados com Muricy. Ao meu ver, é questão de motivação mesmo. Com relação a Luis Fabiano, tal como Ganso, parece aos poucos deixar a má fase de 2015 para trás, especialmente nos últimos jogos.

O tal rodízio imposto por Osório desde os tempos de Atlético Nacional é a bola da vez na visão dos críticos ao seu trabalho. Ao meu ver, jogador do São Paulo é contratado para estar a disposição, e jogar, caso solicitado. Revoltinha com a reserva ou com substituição é coisa de atleta mimado, que se acha mais importante que os companheiros.

Mas concordo que Osório abusa das alterações desnecessárias na equipe, que acaba não ganhando corpo.

Dizem que na Europa, os rodízios são feitos sem qualquer contestação. Meia-verdade. Qualquer um que acompanhe minimamente o futebol do velho continente sabe escalar os 11 titulares de Barcelona, Real Madrid e Juventus por exemplo, os três melhores times da última Champions League. Nas demais equipes europeias, especialmente na Inglaterra, as escalações são mesmo um pouco mais variáveis, mas nada que passe de 8 ou 9 jogadores fixos, e outros 3 ou 4 revezando pelas vagas restantes.

É preciso jogar os melhores dentre os disponíveis, e ponto. Eventualmente, poupar um ou outro por conta de cansaço, e só. Qualquer coisa fora disso, me parece vontade de alimentar um folclore ao redor disso.

Os erros de Osório – Não vou falar de bilhetes escritos com canetas coloridas e de chamar jogadores pelo primeiro nome. Por mais desnecessário que eu possa achar, sei que esse tipo de peculiaridades acompanha muitos importantes atletas e técnicos da história do futebol, como Zagallo, Luxemburgo e Mourinho, por exemplo. Mas imaginem o tamanho das criticas, caso essas extravagâncias fossem feitas por Papai Joel ou Celso Roth. Seria a ‘prova’ de que o Brasil está atrasado. Enfim.

Minhas maiores críticas ao trabalho feito por Osório até aqui são sempre com relação a equívocos cometidos dentro de campo. Listei 5 erros capitais:

1 – Desequilíbrio defesa/ataque – Achei legal a entrevista dada pelo técnico após o jogo contra o Figueirense, na qual ele disse que o Brasil tenta copiar o modelo do futebol europeu, mas o resto do mundo é quem deveria copiar o futebol ofensivo brasileiro. Bonito e romântico, mas a verdade é que a geração atual de jogadores não conta com muitos talentos, ao contrário do que pensa Osório. Com isso, fica difícil desenvolver o bom futebol proposto pelo treinador, e que era mesmo tão característico nosso até alguns anos atrás.

Até antes do jogo contra o Goiás, o São Paulo vinha em uma crescente evolução, especialmente no setor de ataque. Mas a realidade é que o volume ofensivo tem deixado o time superexposto atrás. Assim foi contra SEP, Atlético MG, SCCP, Goiás e etc. Quem soube aproveitar os espaços nos tirou pontos. E dá-lhe zaga sendo malhada pela torcida.

O São Paulo não conta com grandes zagueiros em seu plantel hoje em dia. Isso é fato. Mas estão longe de serem os maiores culpados pela alta quantidade de gols que temos tomado. Osório pede que nossos limitados defensores saiam para o jogo, iniciando as jogadas de ataque, contribuindo ainda mais para os contra-ataques adversários. Temos sofrido muitos gols por erros de passe nessa transição, que pegam a defesa desarrumada. Tática suicida, que tem desgastado jogadores regulares como Rafael Tolói e Hudson, e queimado promessas como Lucão.

2 – Lugano/ Valdivia – Muitos pedem o retorno de Lugano ao Morumbi. Eu também gostaria, com a premissa de se saber que o uruguaio não seria a solução, e sim um reserva de luxo, capaz de motivar o elenco, acabar com a apatia e de quebra alavancar as receitas com bilheteria, venda de camisas e sócios-torcedores. Mas hoje penso: imaginem Lugano correndo atrás de Dudu, Luciano e Erik nos jogos anteriormente citados. Desastre ainda maior.

Lembrando que Osório vetou a vinda de Lugano, por preferir um zagueiro canhoto. Uma grande bobagem que acompanha alguns treinadores atualmente. Dá para contar nos dedos os bons zagueiros canhotos da história do futebol. Em contrapartida, tivemos excelentes beques destros, que simplesmente jogavam pela esquerda.

Vetou Lugano e pediu Valdivia. Uma amostra ainda maior da falta de conhecimento histórico a respeito do futebol brasileiro.

3 – Improvisações – Não bastasse o elenco do São Paulo ser pobre, tecnicamente falando, na defesa, Osório ainda opta por deslocar zagueiros para a cabeça de área. No caso de Breno, o mais grave. O monstro, que não jogava há 4 anos, entrou na fogueira no clássico contra o SCCP para atuar de volante, posição que só havia desempenhado nos treinos da semana. Demos sorte que o time de lá não tem poder ofensivo.

Além de Breno e Lucão tomando o lugar de jogadores da posição, como Hudson por exemplo, Osório também tem a mania de escalar laterais nas pontas. São jogadores que marcam mais do que os atacantes de lado, mas que não possuem as mesmas qualidades ofensivas. Imaginem se fosse Muricy fazendo dessas…

4 – Categorias de base – Osório me empolgou muito em sua chegada, quando o vi acompanhando in loco as partidas do time sub-20. Subiu o atacante Luiz Araújo, e começou a dar chances para jogadores como Matheus Reis. Durou pouco.

É factível se acreditar que os garotos que hoje treinam com os profissionais não estão preparados para atuar com frequência no time. Mas de vez em quando, é preciso testá-los. Contra o Goiás por exemplo, a opção mais ofensiva do banco de reservas era Paulo Henrique Ganso. Com Luiz Araújo e João Paulo sequer relacionados para a partida. O resultado foi que tivemos que nos contentar com Centurion, que fez possivelmente sua pior partida com a camisa Tricolor, até o final da partida. Se ia mudar a história do jogo? Provavelmente não. Mas ‘provavelmente não’ ainda é melhor do que ‘certamente não’.

E vamos recordar que Auro, que tem entrado em alguns jogos, há pouquíssimo tempo atrás foi dado como carta fora do baralho de Osório. Precipitação que quase levou o lateral para Portugal.

5 – Alterações – Essa fama o acompanha mesmo nos vitoriosos tempos de Atlético Nacional. Osório mexe mal. O plantel do São Paulo não é o mais recheado de opções, mas mesmo assim, acho inacreditável quando Osório chama Reinaldo ou Édson Silva para aquecer. Assim foi por exemplo contra o Grêmio, Avaí e Goiás. Todas no Morumbi, com o São Paulo precisando reverter um placar ou matar o jogo definitivamente. Complicado.

São criticas, você pode concordar com tudo, com parte delas, ou simplesmente discordar de tudo. Apenas peço que as respeite, e que ao menos leia toda ela antes de se posicionar.

São Paulo x Ceará – É preciso matar as oitavas no jogo de ida. Não apenas porque enfrentamos o Ceará. Mas porque jogamos no Morumbi, contra o Ceará, lanterna da Série B, desfalcado de 13 jogadores (8 atletas que já atuaram por outras equipes na Copa do Brasil, 4 lesionados e 1 suspenso). O ideal seria montar uma blitz para cima do time nordestino, para nem precisarmos levar o time titular para a longa viagem até Fortaleza na semana que vem. Pouparíamos atletas e daríamos chances para alguns garotos atuarem e para outros jogadores pegarem ritmo de jogo, como Wilder e, quem sabe, Daniel.

Meu time para esta quinta-feira seria bem ofensivo: Renan Ribeiro, Bruno, Rafael Toloi, Rodrigo Caio e Carlinhos; Hudson, Thiago Mendes, Michel Bastos , Ganso e Alexandre Pato; Luis Fabiano. Acho que Osório encaixará Luiz Eduardo nesta formação, mas mesmo assim, a base deve ser parecida. Vamos São Paulo!

Audiência x Cotas de TV – Muito boa a coluna escrita pelo Fabio Trajano e publicada por este blog na última terça-feira. Um panorama a respeito das audiências dos 4 grandes paulistas em 2015.

Falando-se em números gerais, o São Paulo ostenta média de 19,2 pontos de audiência no ano (20 jogos exibidos) contra 20,1 do SCCP (24 jogos), 19 da SEP (11 jogos) e 17,3 do Santos (8 jogos). A comparação com os dois últimos é um pouco mais complexa, visto que em geral escolhe-se partidas mais ‘atraentes’ para exibição destes times, como clássicos por exemplo.

Lembrando que no Brasileirão 2014, o São Paulo obteve a melhor média de audiência entre todos os paulistas.

Seja como for, a diferença entre o número de telespectadores não justifica a disparidade entre as cotas dadas pela TV Globo aos times. Para o triênio 2013/14/15, ficou acertado que SCCP receberia R$ 110 milhões, o São Paulo R$ 80 milhões, o SEP R$ 70 milhões e o Santos R$ 60 milhões. Para os próximos três anos, o absurdo será ainda maior. O SCCP passará a receber R$ 170 milhões (aumento de 55%), o São Paulo R$ 110 milhões (aumento de 37%), o SEP R$ 100 milhões (aumento de 43%) e o Santos R$ 80 milhões (aumento de 33%).

Os clubes, mal geridos e com dívidas infindáveis, acabam sendo obrigados a comer na mão da Dona Rede Globo. Mesmo assim, é preciso lutar. Que raio de dificuldade é essa que torna impossível que todos os clubes do país, com exceção a Flamengo e SCCP, se reúnam e lutem por cotas mais justas?

Certa vez Andres Sanches, então presidente em Itaquera, disse que o Clube dos 13 não tinha serventia para seu clube, pois dificultava a negociação das cotas. Sozinho, ele desfez a entidade e, com consentimento de todos os outros presidentes, foi se vender para a emissora carioca. Gol da Alemanha…

Futebol feminino – Acho muito legal a iniciativa do São Paulo de investir em outros esportes, mas sob duas premissas: que ele seja auto-sustentável, sem tirar dinheiro do futebol profissional ou do clube social, e que esportivamente seja competitivo.

Quando foi lançada a ideia da volta do time feminino, no começo do ano, eu escrevi sobre isso. Disse que, se fosse para ficar lutando pelas últimas posições de campeonato, como faz o time de futsal por exemplo, seria melhor nem perder tempo.

Com o time feminino de futebol, os bons resultados vieram. A equipe está atualmente em disputa por uma vaga na semifinal do Campeonato Paulista, contra o Santos. Mas o que parecia ser a premissa de sucesso da iniciativa foi por água abaixo quando a diretoria anunciou nesta semana que as atividades da equipe serão encerrada ao final do ano.

Uma patacoada sem tamanho. A direção tricolor, que diz que não vende a camisa para patrocínio máster para não desvalorizar a marca, deveria pensar melhor antes de entrar numa empreitada mal elaborada como esta.

Sócio-Torcedor – Os resultados não ajudam e o programa de sócios do Tricolor cresce com menor intensidade. Aliás, na humilde opinião deste colunista não formado em marketing, o segredo para se manter a evolução no número de adesões é sempre apresentar novidades no programa. Toda vez em que lançam alguma nova atrelada ao programa, o efeito é muito positivo.

Às 00h01 desta quinta-feira, o São Paulo tinha exatamente 74.233 sócios cadastrados, 10.646 atrás do programa do Grêmio, nosso próximo adversário a ser superado. Acima deles, temos SCCP (110.247), SEP (129.493) e Internacional (147.075).

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Wagner Moribe

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