Do Corinthians para o Figueirense, Juan Carlos Osorio mudou seis peças no São Paulo, o time venceu com autoridade e o técnico recebeu todos os louros do triunfo em Florianópolis. Do Figueirense para o Goiás, trocou oito peças (três forçadas), a equipe jogou muito mal e o técnico foi bombardeado pela goleada em casa.

Ninguém é obrigado a ter opiniões irredutíveis, sem flexibilidade ou abertura para arrependimentos. O problema maior é o mal do egoísmo, do individualismo. Quando o rodízio promove a entrada dos jogadores que eu aprecio, o rodízio é bom. Quando dá chance a outro, perna de pau em minha análise, ele deixa de prestar.

“Osorio precisa saber que com esse elenco não dá para fazer rodízio”. Tudo isso causado pelas entradas de Lucão, Edson Silva… Com os treinos fechados, como não ser raso ao analisar a opção por tais peças? E se a semana de treinos dos dois impressionou? E se havia preocupação com o estado físico dos sacados?

Rasa também é a análise de que o rodízio tira o entrosamento do time. Osorio testa a formação titular somente na véspera dos jogos, mas passa a semana treinando todas as possibilidades de uma partida e preparando todo o grupo para cada função. Assim, o atleta fica mais pronto para um rodízio forçado ou calculado e conhece na mesma proporção o estilo de jogo de Rogério Ceni e o do jovem atacante João Paulo.

E para coroar o espelho d’água das análises de torcedores-jornalistas e jornalistas-torcedores vem a “cultura do futebol brasileiro”. Como disse recentemente o mestre Tostão em sua coluna na Folha de S.Paulo, é muito superficial e simplista aceitar que aqui demitimos os técnicos por qualquer série negativa. Se não questionarmos os treinadores sobre a eterna corda bamba a cada revés, talvez essa cultura seja diluída pela personalidade e pelas convicções de figuras como Osorio.

Bruno Grossi