Amadorismo e Passionalidade x Profissionalismo e Racionalidade. A MP 671 que virou lei tem ela inteira como base a mudança na forma de gerir os clubes por parte dos cartolas e dirigentes sem escrúpulos que faziam atrocidades com os clubes agindo de forma passional e muitas vezes pautados em motivações pessoais e particulares e destroçavam os clubes. Não à toa, o futebol brasileiro hoje tem dívidas em torno de mais de R$ 3,3 bilhões com os clubes de futebol.

Como já abordamos aqui, questões como não gastar mais que 80% do orçamento do futebol, apresentar CND’s para poder disputar campeonatos sem rebaixamentos, não empenhar valores futuros que extrapolem os mandatos, assumirem cível e criminalmente como pessoas físicas suas ações no comando dos clubes, exige cumprimento dos acordos trabalhistas, apresentação de registro contábil padronizado, controle do déficit, limite de 4 anos de mandato com apenas uma reeleição, instituição de comitê e obviamente com tudo isto, se espera a alteração do amadorismo para o profissionalismo. Não dá mais para seguir como antes e acho que todos concordam: precisamos de profissionalismo.

O São Paulo é apenas um de TODOS no Brasil com problemas. E para mudar isto, veio o Instituto Áquila que está no Morumbi há 1 ano, contratamos o Alex Bourgeois como CEO, executivo financeiro e no Conselho Consultivo com Abílio Diniz vem se desenvolvendo o plano de profissionalização do futebol do Tricolor. Somado à estes fatores, renovamos o Sócio Torcedor que vem em ascendente, mudança de filosofia em Cotia,  as contas vem em equalização com as vendas no futebol, as novas contratações vem dentro de nova política e chegou Osorio para sairmos da mesmice.

Enquanto administrativamente a coisa caminha, no futebol, após 7 vendas e 3 contratações com expectativa de mais ao menos a chegada de Rogério, retorno de Kardec e Daniel, lesionados, sofremos com as instabilidades do desequilíbrio técnico que possui o plantel, pelo período de adaptação dos jogadores ao esquema de Osorio, pela adaptação de Osorio à realidade de arbitragem, cultura e demais aspectos do futebol brasileiro. E assim, vemos oscilações bruscas, jogos incríveis e jogos péssimos como o de sábado.

Bom, desde o princípio, se fala muito em mudança, paciência e novos tempos na chegada do colombiano. Tudo lindo na teoria com imprensa, com torcedores e profissionais do futebol. Basta uma derrota e tropeços como os de sábado para que a passionalidade elimine por completo a racionalidade. O imediatismo aparece, some o planejamento e adentra o amadorismo, reina a passionalidade.

Ninguém ficou feliz com a derrota como foi, com tanta expectativa para um rival do Z4 e dentro do Morumbi. Ninguém! Mas não justifica abdicar de pensar e começar a esquecer do que afundou o futebol brasileiro e o fez chegar ao ponto que está que é esse amadorismo, impulsividade, imediatismo e passionalidade. Assim, perde-se todo o senso de noção, de mudança, transformação e profissionalismo que se precisa dentro e fora dos campos.

É claro que Osorio precisa aprender com os erros, entender a responsabilidade e pressão que envolvem o maior clube do Brasil. Não podemos ter tanta exposição e correr tantos riscos porém, ele não precisa perder a essência ofensiva. Há de se encontrar um meio termo mas não é com gritinho e birrinha de torcedor mimadinho que sai do campo antes do fim, que vira as costas para o time, que acha que no esporte só se vence e não enxerga que o time passa por uma brutal mudança em muitos sentidos (físico, tático, técnico etc). Mudamos jogadores, comissão, estilo, subimos garotos, vendemos peças, investimos pouco em reforços e mesmo assim, estamos brigando. Não, não jogo tudo para 2016 mas tenho plena convicção de que somente no próximo ano atingiremos uma plenitude em resultados e equilíbrio pois será então que Osorio montará O SEU TIME, SEUS ATLETAS E SUA CULTURA enraizada no São Paulo FC.

Infelizmente, o que vejo hoje, é que ele não chegará nem até o final do ano. E estes que bradam que o São Paulo precisa retornar à sua história, seu caminho de glórias e precisa se reerguer, são aqueles que minam o clube exigindo que isso seja feito do dia para a noite. Agindo assim, estouraremos o caixa, demitiremos o técnico e colocaremos muito mais pressão nos atletas como vem ocorrendo ano a ano. Estamos ajudando a sepultar a mudança e agindo assim, é como se abdicássemos do profissionalismo para que assim, com o amadorismo e o anseio de resultados imediatos que podem nem surgir (como não surgiram de 2009 até aqui), fadando o São Paulo FC à mesmice.

Ah, mas o Corinthians é líder. Ok. Sabemos como, com quem futebol e com que ajuda. É isso mesmo que desejamos?

Bom, eu não. Eu quero o profissionalismo e quero o clube forte mesmo que isso custe caro agora. Se pensassem assim em 1952 quando começaram as obras do Morumbi, na dureza da década de 60, não teríamos essa casa hoje entre outras realizações. Quero que pensem com consciência que o que estão semeando hoje precisa ser bem executado para que na hora da colheita dos frutos, tenhamos a certeza de que realizamos um bom trabalho.

Como disse Santo Paulo: “Combater o bom combate”.

Embasando minha opinião. Serei breve no que analisei do jogo e dos números e pensei muito a respeito. Primeiro, a meu ver, Wesley e Hudson foram nulos na saída de bola e marcação com apenas 2 roubadas de bola e com 13 passes errados. Centurión, Pato, Bruno, Michel e Carlinhos foram ineficazes, perderam bolas demais no ataque dando saída de bola em posição desfavorável ao Goiás em pasmem: 48 vezes. Isso explica um pouco do jogo péssimo e porque sofremos tanto contra um rival tão abaixo na tabela. Nem preciso dizer do péssimo jogo dos zagueiros em combate homem a homem, posicionamento e recuperação.

Osorio a meu ver errou na escalação pois permitiu sobre demais nos zagueiros sem ninguém mais à frente prendendo os defensores o que alinhou o time deles sempre à frente dificultando os toques e afunilando o jogo na intermediária deles, sendo que qualquer bola roubada e como disse, houveram além das roubadas, 48 perdidas ali, geravam ataques complicados. Combine um esquema que falhou com uma jornada terrível dos jogadores e tivemos o que recebemos. Os gols perdidos quando tivemos chances custaram caro também.

De toda forma, com mais chateação e incômodo que tivesse com tudo, não consigo imaginar que o treinador que é honesto, assume os erros para si, está motivando o elenco todo, tem coragem, vontade de vencer sempre, que pediu 3 jogadores e só 1 jogou até aqui, está há 2 meses no cargo e demonstra um potencial enorme para fazer crescer o São Paulo, possa sair sem que ele tenha ao menos o tempo de dizermos que ele não deu certo. Eu honestamente espero muito de 2016 e curto os bons momentos de agora que passamos por tantas mudanças e que  poderia estar ou muito pior ou sem consistência nenhuma montando o time com 5 ou 6 no meio, tocando de lá para cá e esperando uma bola como estávamos nas primeiras rodadas. Tem que sair dessa de resultados imediatos e acreditar no trabalho. Posso estar redondamente enganado mas até aqui, eu acredito. Pode ser que mude de ideia em algum momento mas até então, é isso aí que quero.

E só para constar: Antes do Atlético Nacional em sua passagem pelo Millionarios, Osorio teve péssima recepção ao seu estilo com rodízios etc. Lá ele foi taxado de louco. Depois em pouco tempo, foi herói por um rival. É algo a se tirar uma lição…

Opinião interessante. Bruno Grossi do Lance!, setorista do São Paulo deu o tom do que penso no texto que antecedeu minha coluna e que separo minha parte favorita que perfeitamente descreve aquele que sabe e acompanha daquele que se acha o sabe tudo de futebol:

“Ninguém é obrigado a ter opiniões irredutíveis, sem flexibilidade ou abertura para arrependimentos. O problema maior é o mal do egoísmo, do individualismo. Quando o rodízio promove a entrada dos jogadores que eu aprecio, o rodízio é bom. Quando dá chance a outro, perna de pau em minha análise, ele deixa de prestar.

“Osorio precisa saber que com esse elenco não dá para fazer rodízio”. Tudo isso causado pelas entradas de Lucão, Edson Silva… Com os treinos fechados, como não ser raso ao analisar a opção por tais peças? E se a semana de treinos dos dois impressionou? E se havia preocupação com o estado físico dos sacados?

Rasa também é a análise de que o rodízio tira o entrosamento do time. Osorio testa a formação titular somente na véspera dos jogos, mas passa a semana treinando todas as possibilidades de uma partida e preparando todo o grupo para cada função. Assim, o atleta fica mais pronto para um rodízio forçado ou calculado e conhece na mesma proporção o estilo de jogo de Rogério Ceni e o do jovem atacante João Paulo.”

O maior vendedor das Américas. A saída de Boschilia para o Monaco por 10 milhões de euros (R$ 38,5 milhões) foi, até agora, a última venda do São Paulo nesta janela de transferências, que acaba no fim deste mês. Até agora são 26 milhões de euros (R$ 100 milhões) em transferências somente neste período.

Além de Boschilia, o Tricolor vendeu Souza para o Fenerbahçe por 8 milhões de euros (R$ 30,8 milhões), Denílson para o Al-Wahda por 3,1 (R$ 11,9 milhões), Paulo Miranda para o Red Bull Salzburg por 2,7 milhões de euros (R$ 10,3 milhões) e Jonathan Cafú por 2,2 milhões de euros (R$ 8,4 milhões) para o Ludogorets.

OBS: Ewandro foi emprestado com outros garotos da base e Doria voltou ao Olympique completando 7 perdas em 2 meses.

Reposições e Mensagem Final. Além de Guisao que deve estrear quinta feira e Rogério que está pelos detalhes de chegar, Osorio ainda quer reforços. Pode vir da listagem do Inter por Wellington, pode vir de outras séries também. Fiquemos de olho, torcendo e principalmente, APOIANDO e fazendo nosso papel de torcedor da forma correta. Está na hora de acordar que o mundo não é feito do que queremos e de nossas birras e anseios próprios e sim de adversários sedentos, nível baixo e nosso clube em situação ruim que PRECISA ser alterada a qualquer custo. Queiram muitos ou não. Ou é isso, ou não teremos mais o São Paulo FC em breve.

O que vale mais?

 Alexandre Zanquetta

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