Ronnie Mancuzo - Sub

Sonho de uma Tarde de Inverno

 

Das tintas que gastei.

Dos dígitos às gotas.

Lágrimas, suor.

Anos ao lado da coisa toda.

Há quase 10 anos, quando foi no café da manhã, lá no outro lado do mundo teve inglês que o chá amargou. Porém, dessa vez, na hora do almoço, não num jogo de tamanho esplendor, algo de um novo ‘novo‘ pareceu surgir.

Mas, é claro.. falta um pouco mais pra consolidar.

É que teve cerveja, teve vinho, teve refrigerante, teve vodca, teve conhaque, teve suco, teve cachaça, teve água.

Em tudo que é canto.

Teve pipoca, teve amendoim, teve churrasco, teve peixada, teve sorvete, teve salada, teve feijoada, teve unhas… éca..

Em tudo que é canto.

Ao som do Hino, ao som dos gritos de gol.

De fundo pagode, de fundo rock and roll.

Em companhia de amigos e amores, Tricolores muitas vezes, rivais em algumas outras.

Das vezes sozinho, com os milhões de corneteiros íntimos de si mesmo, que esbravejam, reclamam, comemoram, apoiam, sofrem calados, ou aos berros.

Em meio a desconhecidos, no estádio, via link, via rádio, via TV.

Dormindo, acordado, doente, sadio.

“Que se fosse zumbi, ‘taria ali, xingando o Ganso, mas ali ‘taria.”

Um ‘não deixe de se contentar com o que já temos’. Com o tanto que já temos. Já que temos mais que os outros que, além de nada terem, nada são. Misturado com o ‘inesgotável quero mais’.

“Diz aí como é que foi. Gol do Pato? Centurião?”

Ao voltar, ainda que talvez temporariamente, mesmo que assim não queiramos que seja, a torcer como se torce, com milhares de almas almoçando esperança, o banquete, regado à Fé da moeda que cai em pé, voltamos de verdade.

Tão rápido pode ser o ilusório, não por culpa do Osorio. Mas, sabe como é, gato escaldado desconfia, cai em pé.

“Quero nem saber. Vou é brindar! Goleou, mesmo com juiz roubando gol. O único impedimento inexistente para um gol que não valeu.”

Cinquenta e nove mil, seiscentos e doze viram que valeu. O Senhor Furtado, não.

Que lotação!

Mas escondem a gigantesca expressão.

Tentam não dar a impressão.

É que, na impressora, não cabe, não.

Números que nem adianta fax desdizer, ou tentar superar.

Não superam, não.

De verdade é o sentimento que aflora bem mais forte à medida que o real se mostra possível. Ainda bate aquele coração judiado pelos ‘soberanos’ superados que se acham acima do insuperável em provável superação.

Tá indo bem, este ano não cai… Parece que achou um bom caminho. Que por ele vá.

O técnico sério, não idiota.

O técnico sério, não arrogante.

O técnico sério, não sintonizado com o carnaval folclórico do futebol sem educação.

Sério e educado. Compromissado. Dedicado.

Na linha de que respeito à entidade e respeito aos companheiros é respeito a si mesmo, e respeito é educação.

“E que, se qué, qué. Se num qué, tem quem qué.”

Das bocas ‘microfonadas’, cheias de arapucas, dos repórteres brazucas saem groselhas, e os especialistas tupiniquins saboreiam pensando que é de tamarindo. Mas é de limão.

Luxemburgos, Muricys, Osvaldos, Felipões dançam a dança comum do 7 a 1.

 

E a mídia joga cascas de banana que não fazem o colombiano escorregar.

Torço, na hora do almoço, pro Osorio, ainda que Ganso chute o copo, como se fosse o balde.

E troco um título de campeão em 2015, por um 2016 sensato, correto, de início estruturado, sem rachaduras e rachões. Tanto dentro de campo, como fora dele.

Sonhos de uma sesta pós-almoço de domingo.

Flashes, como em flashes, como foi essa coluna.

Das tintas que gastei, das tintas que gastarei.

Dos dígitos que ainda digitarei.

Há uma certa paz sobrevoando o Tricolor.

Seja nas asas de um Pato, seja nas asas da imaginação.

 

Ronnie Mancuzo – Sub