Foram pelo menos dois meses convivendo com a faca da degola em seu pescoço. Na última quarta-feira, porém, um movimento brusco mudou a situação de Milton Cruz no São Paulo. Agora ele serve de escudo para o presidente Carlos Miguel Aidar e o vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro, que estão com as armas de membros da diretoria e conselheiros apontadas para eles.

A guinada de Milton aconteceu com a vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians na quarta. Só por conta do triunfo sobre o rival e da classificação para a próxima fase da Libertadores a pressão sobre a cúpula são-paulina não é maior.

Ataíde e Aidar enfrentam uma avalanche de críticas por causa da demora para contratar o substituto de Muricy Ramalho. A queixa é de que a dupla se divide em escolhas pessoais no lugar de pensar só no perfil de treinador que interessa ao clube. Os resultados são a falta de rumo e a lentidão.

Outra reclamação é a de que o presidente deixou o vice esperar quase 20 dias pelo argentino Alejandro Sabella, sem ter ao menos um indício de que ele aceitaria o convite.

“Desconheço tais críticas e, se existem, não mudarão a postura do São Paulo. Não vamos nos precipitar. A paciência é a arte da sabedoria”, disse Aidar ao blog sobre as reclamações de seus diretores por conta da demora.

Desde ontem, quando oficializou a desistência por Sabella, o presidente são-paulino voltou à estaca zero. Não tem contato avançado com ninguém, e a possibilidade que mais o agrada é manter Milton até o meio do ano para trazer Jorge Sampaoli, técnico do Chile, após a Copa América.

E essa chance só existe porque boa parte daqueles que empurraram a faca para Milton e agora a apontam para Ataíde e Aidar entende que o interino demonstrou capacidade para ficar no comando por mais tempo. Não fosse a confiança nele, que tinha sua demissão pedida por ser amigo de Juvenal Juvêncio e supostamente ter errado na indicação de vários reforços nos últimos anos, a gritaria dos outros cartolas contra Ataíde e Aidar seria ensurdecedora. Isso porque existe dificuldade em aceitar embarcar mais uma vez no sonho estrangeiro sem um pré-contrato nas mãos.

UOL