Ronnie Mancuzo - Sub

Nunca foi quarta-feira.

Dia algum será alguma coisa.

Temos um nada que já foi maior que tudo.

E, na traição, contra nossas forças de gato escaldado, nos vemos ali, nas arquibancadas, ou em frente à televisão…

Da última vez, fui ao teatro. Fui ver espetáculo. Recomendação de um especialista.

Valeu a pena. Peça boa, ator global (o que não diminuiu a qualidade do trabalho), boa companhia, bom público, espaço limpo, muito bem cuidado, poltronas confortáveis, numeradas.

Só que, vez ou outra, pensava lá em Santos.

Mas de um jeito já entregue, calejado, quase que somente por costume do que por preocupação e zelo.

Quase…

Lembro que teve uma hora em que o ator pegava um pequeno gravador e o escondia, pois ele havia planejado registrar a confissão de um amigo de infância. Eu, que não conhecia a peça e nem sabia o conteúdo, já que a sinopse tratou de forma bem superficial (propositalmente) do que ela se tratava, me surpreendi. E, pra variar, me lembrei do São Paulo… que demitiu Muricy sem saber como seriam as coisas sem ele depois. Já que iam mandar o técnico embora, que tipo de substituto os tomadores de decisão Tricolores já estavam planejando contratar?

Entre Cuca, Luxemburgo, Sabella e Sampaoli existem gritantes diferenças com relação a estilo de jogo, tática, filosofia de trabalho, comando, salário, gabarito.

E os tomadores de decisão falavam de um, falavam de outro, diziam que ‘todos queriam o São Paulo’.

Mas, e o São Paulo? O que queria? O que quer?

Se é que quer alguma coisa…

Se vai tomar sopa, por que fala do garfo? Talvez não saiba o que vai ter de janta ainda, mesmo que ele seja o cozinheiro e quem comprou os ingredientes.

 

Com a mesma cara de surpresa que alguns dos nossos jogadores têm quando estão com a bola nos pés, se perguntando ‘Que troço é esse aqui, redondo?‘, os administradores ficam surpresos quando o time se vê com possibilidades (ainda que jogando algo que não é futebol) de avançar nos campeonatos, talvez conquistar um título. ‘Planejamos o orçamento até as oitavas…‘. E aí está. Pode ser que nem nelas chegue.

Brilhante. Economia, ou melhor… não terão que se matar ‘planejando’ orçamento a mais.

A impressão forte que fica é de que estamos pela sorte.

Eles trabalham lá por algo que não tem ligação com vitórias em campo, no futebol, conquistas e mais troféus na gigantesca sala histórica, e, se de repente, por acidente, algo dessa natureza ocorrer, ‘Fizemos tudo corretamente.‘. Caso contrário, a culpa é do Muricy, do elenco, da torcida que não incentiva, não apoia.

Já o técnico que vai chegar, vai trabalhar com quem?

Se for o argentino, quem estará com ele ali, ‘apresentando’ o clube, acompanhando, participando, trabalhando junto? O Milton Cruz?

E o que Milton Cruz quer de diferente de tudo isso que está dando errado há tempos no futebol do São Paulo? Ele quer Denílson de volante e Paulo Miranda de lateral?

Realmente.. nunca foi quarta-feira, torcida. Nem adianta mais gritar.

E, do jeito que essa gente (ir)responsável trabalha na gestão, dificilmente um dia será.

 

Ronnie Mancuzo – Sub