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O dia era 17 de junho de 1992, véspera de feriado.

Eu fazia estágio na zona leste de São Paulo e teria que sair mais cedo, por volta das 17:00 para acompanhar a grande decisão.

O jogo começaria por volta das 22:00.

Estava muito preocupado com o trânsito que iria enfrentar até o estádio.

A cidade parou naquele dia, como jamais voltaria a parar por conta de uma partida de futebol.

Depois de quase 20 anos, a Taça Libertadores da América voltaria a ser decidida em São Paulo.

E para desespero de alguns, desta vez uma equipe da capital paulista teria reais chances de conquista.

Consegui chegar ao Morumbi, quase duas horas antes do início do jogo.

Eu estava lá na arquibancada, mais especificamente no setor 11.

Mais de 100.000 pessoas estavam “abarrotadas” e não havia espaço para mais ninguém.

Precisávamos reverter a derrota sofrida uma semana antes, de 1 a 0 em Rosário, frente ao Newell’s Old Boys.

O primeiro tempo foi muito “amarrado” e Zetti chegou a levar uma bola na trave.

Mas não deixamos por menos e Raí também deixou sua marca no travessão.

Depois do intervalo, pouca coisa mudou.

Definitivamente o nervosismo impedia que o time do Mestre Telê fosse mais efetivo.

Já no segundo tempo, coube a ele promover a substituição que fez diferença.

Muito vaiado, saiu Muller e em seu lugar entrou Macedo, que incendiou a partida.

Não demorou muito, ele sofreu um pênalti.

Era a volta da esperança.

Raí, o maior craque de sua família, marcou!

O tricolor partiu em busca do segundo gol que lhe daria o título.

Não deu…

A decisão foi para os pênaltis.

Um detalhe, as cobranças foram feitas nas traves próximas a praça Roberto Gomes Pedrosa.

O estádio ficou em silêncio.

Logo na primeira cobrança, Berizzo perdeu sua cobrança para a trave.

Raí marcou 1 a 0.

Zamora empatou, 1 a 1.

Ivan fez 2 a 1.

Llop empatou 2 a 2 e aí veio Ronaldão, que perdeu, ao chutar em cima do goleiro.

Cheguei a pensar que tudo estava perdido.

Mas Mendoza também perdeu, chutando para o céu, e o placar permaneceu empatado.

A seguir Cafu marcou aquele que seria o gol do título, 3 a 2.

Mas ainda faltava uma cobrança para cada time.

Gamboa, sim este era o nome dele, que foi um “monstro” naquelas finais bateu…e Zetti defendeu…era o fim!!!

São Paulo, campeão da Taça Libertadores!!!

A partida mais emocionante na minha vida.

E o principal fato que fez com que a conquista da Taça Libertadores passasse a ser um sonho para todas as equipes brasileiras.

Coube ao São Paulo de Telê elevar o nível do futebol brasileiro, que a partir daquele ano passou a ser o maior campeão desta competição.

Eis a ficha técnica:

São Paulo 1 x 0 Newell’s Old Boys ( nos Pênaltis: 3 a 2 para o São Paulo)

Data: 17 de junho de 1992

Local: Morumbi

Juiz: José Joaquim Torres (Colômbia)

Público: 105.185

Gol: Raí aos 22’do segundo tempo

São Paulo: Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ronaldo, Ivan e Adilson; Pintado, Raí e Palhinha; Muller, depois Macedo, e Elivelton. Técnico: Telê Santana

Newell’s Old Boys: Scoponi, Pochettino, Gamboa, Llop, Saldaña, Alfredo Berti, Berizzo, Martino, depois Domizi, Zamora, Lunari e Mendoza.

Por: José Renato Sátiro Santiago