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O campeonato paulista de 1978 foi um dos mais confusos e durou quase 1 ano.

Começou em agosto de 1978 e se prolongou até o final de junho de 1979.

O São Paulo se classificou para as semifinais ao vencer o Botafogo de Ribeirão Preto por 2 a 0 em 13 de junho.

No dia seguinte, o Corinthians, atual campeão, apenas empatou com o Guarani em São Paulo e foi eliminado.

Sendo assim, as semifinais reuniram dois confrontos, Santos x Guarani e São Paulo x Palmeiras, em jogos únicos.

O Palmeiras tinha feito a melhor campanha naquela fase e era considerado o favorito para se classificar às finais, frente os Meninos da Vila Belmiro que tinham eliminado o Guarani no dia anterior com uma convincente vitória de 3 a 1.

No dia 17 de junho, o Choque Rei aconteceu no estádio do Morumbi.

A partida foi bastante truncada e o empate classificaria o Alviverde.

Eu estava no meio de uma procissão na frente de casa, com um rádio no ouvido enquanto o outro escutava o som de músicas católicas cantadas pelos fieis.

Entre “Salve Rainha”e “Decolores”, um ataque do Palmeiras e outro do Tricolor.

Jogo sofrido e muito…

A procissão, cá entre nós, também não era nada tão animado assim para uma criança de 8 anos.

Durante o tempo normal, a partida acabou sem gols, e novo empate na prorrogação tiraria o Tricolor da competição.

Ao meu lado, o meu tio Darlan, um palmeirense de ocasião que a cada nova oração, perguntava ”meu parmera já está na final?” com um sorrisinho provocador.

A situação estava preta, pois o jogo estava próximo de seu final, ao contrário da procissão que parecia ser eterna.

Até que… aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação, Serginho Chulapa de cabeça marcou o gol da vitória.

Não resisti, e no meio da procissão, gritei GOOOOOOOOOOOOOOOOLL.

O tricolor estava na final, e eu, de castigo… por ter desrespeitado a procissão.

Precisei recorrer a São Paulo, o Santo, que interferiu junto ao padre da igreja de São José aqui no Mandaqui ao me liberar de um ano com missas semanais.

Quanto a final, frente o Santos, pouco importa… afinal nem sempre o melhor vence.

Por: José Renato Sátiro Santiago