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Prezado Zanquetta, peço a licença de expor meus pensamentos, apenas para compartilhar com os torcedores que acessam seu blog as coisas que vejo e que passam pela minha cabeça. Talvez meu texto seja longo demais e desde já ficam minhas desculpas.

Acabo de ler a coluna do Paulo Martins e achei inspiradora. Penso que todos no São Paulo deveriam ler esse material e fazer algum tipo de reflexão. Mas para refletir é preciso humildade, pois se está refletindo é porque compreende que algo precisa ser modificado.
E o São Paulo precisa ser modificado, urgentemente.

Temos um presidente que veio cheio de propostas novas e conceitos de renovação do clube. Porém, passado tanto tempo, as coisas seguem tão parecidas que fica difícil crer em Aidar agora. Muitos podem perguntar sobre o receio em trocar de treinador agora. O receio é político; é Aidar perder apoio nos bastidores. Lembro que grandes líderes nem sempre foram populares, pois fizeram o que era preciso ser feito, mesmo que isso incomodasse a maioria.
O São Paulo precisa disso, de mudanças que podem incomodar no começo, mas que são a medida certa ao clube.
Aidar esteve mais preocupado em ganhar o bate boca com JJ, se enrolou no caso da Puma/Penalty/Under Armour, se enrolo no caso da comissão da namorada, no caso da operadora de bilheteria e as coisas seguem..falta vergonha.

Muricy é um cara que tem muito carinho do torcedor, que será eternamente grato pelo tricampeonato brasileiro. Isso não será apagado nunca. Porém Muricy precisa compreender que chegou a hora de parar. Ele é incapaz de resolver os problemas dentro do time hoje. Já foram feitas tantas tentativas e nada muda. Muricy é arraigado às suas convicções e isso é muito válido, porém é preciso ser humilde ao perceber que certas convicções não levam mais a lugar algum. Muricy apregoa o seu “aqui é trabalho” como se esse fosse o lema da revolução. E não é! Muricy acredita que jogador tem que ganhar em dia pra se sentir motivado; jogadores são humanos com sentimentos e não máquinas executadoras. Acredita que pela sua experiência de 40 anos de futebol, sabe de tudo; mas não sabe e nunca saberá tudo, ninguém saberá. Muricy está desatualizado e não percebe isso; por isso tantos nós táticos. É chegada a hora de sair e para tanto, é preciso humildade em reconhecer que não dá mais. Será melhor a todos.

Humildade que também falta a Rogério Ceni. Serei execrado por falar isso, mas atualmente jogamos com um ex goleiro. Sim, entramos em campo com 10 jogadores. Rogério esperou, chegou sua hora e ele foi o maior, incrível, sensacional, revolucionário. São tantos adjetivos positivos que não cabem aqui. Mas Rogério não é e nunca foi humilde (talvez nenhum grande craque tenha sido). Essa novela sobre sua renovação de contrato, ano após ano, é de enojar qualquer um. “Ah tem Libertadores? então quero jogar, adia mais um ano”. Sou fã de Rogério mas sou TORCEDOR do São Paulo, portanto enxergo que a hora dele chegou, talvez até há mais tempo que a hora de Muricy. Rogério deveria ter parado ao levantar aquela Copa Sulamericana. Estava bom demais. Mas não, Ceni sofre da mesma síndrome de JJ (outro que desconhece humildade): Rogério se acha necessário ao São Paulo, acha que ainda tem muito a fazer pelo clube. Me desculpem os outros, mas o que resta a ele ganhar? Sendo assim, o que mais ele pode fazer?
A humildade passa tão longe de Rogério que ele não permite o surgimento de novas lideranças dentro do time, não permite que surjam novos cobradores de falta e de pênaltis e em sua absurda obsessão em ser maior que o São Paulo, Rogério falha na hora que não podia.
Rogério é consultado em contratações e até a música de entrada é escolha sua. Claro, são méritos a quem tanto fez e conquistou, merece certas regalias. Mas nada pode ser superior ao clube. A ponto de a diretoria precisar consultá-lo sobre uma possível mudança de música de entrada do time. Rogério não é dono do São Paulo, mas age como tal. E assim continuará sendo, pois um dia será técnico e um dia será presidente. E assim, se colocará acima do São Paulo vez após vez, em busca de recordes e marcas apenas para seu ego.

Escrevo por estar cansado, sim cansado em pleno mês de Março! Cansado de mesmice, de desculpas, de Muricy, de Ceni, de improvisos, de esquemas atrasados, de jogadores que não tem brilho nos olhos e de time que engana, cansado de pensar “nada vai mudar!” e cansado de ver os jogos sabendo que aquele time não vira nenhum jogo e que dificilmente levaremos algo com essa mentalidade.
Todos os problemas do São Paulo tem a mesma origem: falta de humildade. Errou no planejamento? faltou humildade em priorizar algo.
Problemas táticos? falta humildade pra rever e se atualizar.
Problemas técnicos? falta humildade pra ver que só o nome não ganha jogo e quem está mal, vai pro banco.
A torcida não enche o estádio? falta humildade em reconhecer que a torcida não merece ver esse nível técnico.
A culpa é da torcida? esse é o maior exemplo de falta de humildade, transferir a responsabilidade pra quem sempre apoia o time.

Esse fator, humildade, que fará o clube se oxigenar, respirar ares novos, não aquela poeira que circula nos corredores e se acumula nos cantos do Morumbi.
Repito: só muda quem é humilde em reconhecer suas falhas.

Muda São Paulo!

René Grespan