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O São Paulo jogou mal, mas venceu o São Bento por 1 a 0 na noite desta quinta-feira, no Morumbi, pela 9ª rodada do Paulistão. A vitória, no entanto, não serviu para espantar a má fase após mais uma derrota para o rival Corinthians. A torcida organizada do clube criticou a equipe de forma incomum e organizou gritos irônicos, bradados mesmo após o gol da vitória, marcado de pênalti pelo goleiro Rogério Ceni.

O técnico Muricy Ramalho decidiu poupar Paulo Henrique Ganso, em má fase, para a partida. Aquilo que parecia ser a tentativa de encontrar uma nova forma de jogar, sem um meia armador, voltou-se contra o treinador logo nos primeiros minutos da partida. O São Paulo não se encontrou, não conseguiu achar soluções e, mais uma vez, jogou como se esse fosse o primeiro jogo da temporada.

Não houve entendimento sobre qual era o papel de cada jogador em campo. No primeiro tempo, as falhas mais claras vieram de Thiago Mendes e da dupla Alexandre Pato/Alan Kardec. Thiago Mendes, meia no Goiás, foi escalado como volante, mas não jogou como volante. Durante todo o primeiro tempo pressionou mais os adversários do que devia, em diversos momentos deixou o companheiro de posição Denilson sozinho contra a armação do São Bento, e prejudicou a recomposição são-paulina. No ataque, Pato e Kardec por vezes disputaram o mesmo espaço, a mesma bola, e foram uma única alternativa para os meias em vez de duas.

Muricy Ramalho tentou corrigir esses dois problemas no intervalo. Tirou Thiago Mendes e colocou Hudson, um volante e fato. Fez com que Pato saísse mais da área e funcionasse efetivamente como segundo atacante, com Kardec na área. Teve certa eficiência: no início do segundo tempo, o São Paulo demonstrou mais velocidade e chegou diversas ao gol, mesmo que chutando de fora da área – uma evolução para um time que não jogou futebol nos primeiros 45 minutos.

As duas grandes chances do São Paulo, até o início do segundo tempo, haviam sido com Rogério Ceni e com o argentino Ricardo Centurión. O goleiro cobrou uma falta com muita competência e viu o companheiro de posição Henal, do São Bento, executar uma defesa no mesmo nível. Centurión encontrou a trave em cabeceio após receber cruzamento de Michel Bastos.

Os poucos presentes que foram ao Morumbi viram tudo isso. Mas houve entendimento muito diferente entre os torcedores: a principal organizada do São Paulo criticou o time de forma intensa e incomum do início do segundo tempo até o momento em que Rogério Ceni marcou de pênalti. Antes disso, porém, houve um espetáculo de insultos e ironias no Morumbi.

A bola nem tinha rolado para o segundo tempo quando a organizada, que demonstrou apoio durante o primeiro tempo, passou a insultar o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro. Gritos com palavrões pedindo a saída do dirigente, que há alguns dias criticou o baixo número de torcedores no Morumbi. Depois, o volante Souza, outro crítico, também foi insultado – ele, lesionado, nem estava em campo. Depois, os mesmos torcedores pediram “trabalho”, no que pareceu ser uma ironia em relação ao técnico Muricy Ramalho, criticado pela mesma parcela em outros jogos.

Foi aí, no segundo tempo, quando o placar ainda marcava 0 a 0, que os torcedores comuns – não organizados – responderam a própia organizada do São Paulo: como já aconteceu em outros jogos, clamaram pelo nome de Muricy Ramalho e se sobrepuseram às críticas.

Minutos antes do gol de pênalti de Ceni, a organizada passou a gritar “olé” enquanto o São Paulo trocava passes. Depois, em nova ironia, gritou “é campeão”. O gol amenizou as críticas, mas, cinco minutos depois, as ironias voltaram.

Positivo, para o São Paulo, nesta quinta-feira foi só o gol de Rogério Ceni, de pênalti, que tira do veterano goleiro o peso por ter perdido a cobrança contra o corintiano Cássio, no clássico do último domingo. Os três pontos, no entanto, não escondem que Muricy Ramalho tem imensas dificuldades para fazer este time jogar futebol, que a equipe não funciona sem Paulo Henrique Ganso, que a relação entre torcida e time está destroçada e que será preciso muito mais para vencer os jogos que de fato importam.

UOL