Ronnie Mancuzo - Sub

A cruel dessãopaulinização do São Paulo

 

Certamente, não se tem muito o que escrever.

O nível de criatividade para novas palavras sobre o time está paralelo ao de criação dentro de campo. Falta, vírgula, falta acento agudo, falta parênteses, falta exclamação.. sobra somente interrogação.

Alguns questionamentos de conversas triviais já não tem todo o peso de novidade. São perguntas tão constantemente marteladas, que se tornam bater dos segundos do velho relógio que regra o ritmo da balada mórbida.

Não vejo de algo adiantar eu questionar o porquê de não termos mais tantos torcedores nos estádios vibrando com o Tricolor que não vibra. Nem mesmo me vejo a querer questionar o porquê de tais questionamentos.

Quanto a ‘botar a culpa’ em alguém, não vejo culpados. Sequer temos responsáveis, já que só vemos irresponsabilidades.

Num empurrar com a barriga o tal boeing que não sai do chão, socam naqueles que mais choram goela abaixo um montante interminável de desculpas criativas, porém já apresentadas como ‘cenas do próximo capítulo’ da velha novela cheia de atores de imagem desgastada.

Escalados como super produção, inexpressivos milionários esbanjam desdém ao vestir uma farda que se vê esquecida por aqueles que dizem ela dirigir, e que padece sem marcas a estampar, porque alto investimento numa apresentação bem longe de ser espetáculo é investimento de grande risco.

Risco não só pela falta de espetáculo, ainda que antes alguém tenha dito que jamais espetáculo deveria ser, como também é arriscado investir em algo que não se sabe o que é.

Descaracterização a pleno vapor.

Parece abandono.

Parece um navio em alto mar, tomado e gerenciado por ratos.. o capitão prefere afundar junto…

 

De um Souza arisco, brigador, provocador, campeão paulista, da Libertadores e mundial, a um Souza que nada tem de Souza. Um Souza sem sal, sem limão, sem gás, sem espírito, sem São.

Despersonalização.

Pagar os marujos?

“Como pagar se nem sei quem eles são?”

Porque, num lugar que parece não ser o que sempre foi, até maestros se tornam desafinados. Matadores se tornam cordeirinhos. Especialistas se tornam enganadores…

“O Triângulo das Bermudas, senhor capitão!”

Que capitão?

Quem aqui chega, não sabe onde está.

E começa a se esquecer de quem um dia foi.

O rodopio não é só ‘bambeada’.

 

Do calabouço, o velho beberrão berra com seu ex-papagaio de óculos, que hoje pavoneia arrotando mortadela na cara dos ‘nobres’.

Dizem que o ‘velho’ não se põe no seu lugar. Mas, quem está no lugar certo? Quem nem deveria mais estar onde está?

E o São Paulo? Cadê?

 

Quem aqui chega, não sabe onde está…

 

Ronnie Mancuzo – Sub