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Embora o assunto São Paulo e Gambazada tenha sido bastante discutido e por muitos cansativo e já esgotado, acredito que tudo que li e ouvi nem de longe tenta explicar nossa atual realidade. Muito se reclamou, caça aos culpados, os problemas internos afloram e a mídia especializada sedenta encontra meios para dificultar ainda mais nosso tricolor, mas nada, ou praticamente nada, foi dito a favor do maior do mundo.

Nos últimos anos, a rivalidade entre São Paulo Futebol Clube e o time sem cor de Itaquera tem ganhado grande destaque. Dentre os vários motivos, destaco três. O primeiro está relacionado a transformação inevitável do Palmeiras em Guarani da Capital. O segundo refere-se a mídia e a política mal intencionada e direcionada para Itaquera. E por último, depois de quase 100 anos de sofrimento, os gambás enfim viveram os dois melhores momentos da sua vida (se é que se pode chamar isso de vida) – início dos anos 2000 e agora mais recente 2011 e 2012.

O que mais incomoda nessa história, e esse é o motivo de escrever este texto, é a tentativa, a todo momento, proveniente dos rivais, da mídia especializada e até mesmo de parte de nossa torcida, de redução do nosso “amado clube brasileiro”.

Diversas são as brincadeiras sobre nossa freguesia no confronto direto com os favelados de Itaquera. A máxima de que os números não mentem é uma falácia. Números sozinhos, sem um contexto, não dizem nada. Qualquer um que tenha o mínimo de conhecimento concorda que os números devem ser interpretados considerando diversos critérios.

Os números totais do confronto entre SPFC e Travecos, de acordo com o futpedia.globo.com, são os seguintes: 90 vitórias do time sem cor, 85 empates e 80 vitórias tricolores. Desse total de confrontos foram anotados 332 gols tricolores e 331 gols da favelada. Uma palavra resume muito bem o total de confrontos diretos: equilíbrio. Num universo de 255 partidas, nosso adversário levou melhor em 35% dos jogos e nós tricolores vencemos 31% das partidas. A diferença de vitórias entre os times representa menos que 4% do total de jogos realizados. Pergunto: isso é ser freguês? Uma coisa é termos menos vitórias, outra coisa bem diferente é a mídia e os travecos contaminarem nossos ouvidos com esse papo de freguesia.

Em mata-matas são 16 confrontos, dos quais em 11 oportunidades as gayvotas saíram classificadas e em 5 nós tricolores saímos vencedores. Os números sozinhos dizem: em mata-mata somos fregueses. Neste caso, a travecada conquistou aproximadamente 69% dos mata-matas e nós apenas 31%. Mas como disse anteriormente, números devem ser interpretados.

Considerando apenas os mata-matas disputados até o ano de 2000, o confronto entre os Tri-mundiais e os campeões mundiais e meio (convenhamos, uma final de mundial contra o Vasco da Gama é no mínimo ridícula) estava empatado em 5 conquistas para cada lado. A partir do ano de 2001, foram 6 encontros todos conquistados pelos travecos. Não sei se por azar, destino, incompetência… todos os confrontos, exceto no ano de 2009, foram realizados nos melhores momentos de toda a vida dos gambás e/ou nos piores anos da vida dos tricolores. No ano de 2013 por exemplo, talvez o pior ano da história do nosso clube, foram dois mata-matas. Ainda que disputando para não cair para série B, tínhamos a possibilidade de disputar títulos contra um adversário que havia conquistado suas maiores glórias no ano anterior. Em 2002 a mesma coisa. Inclusive, aproveitando-se da vantagem que detinha sobre um não tão competitivo tricolor de Kaká, um cachaceiro, vagabundo e sem vergonha que posou na Gmagazine criou o termo bambi. Uma completa inversão de valores, que de certa forma profetizava o Brasil que teríamos mais à frente.

O curioso é que nos anos em que obtivemos glórias ainda maiores, como o tri da Libertadores, o tricampeonato mundial em 2005 e o Tri-hexa brasileiro de 2006, 2007 e 2008 não houve nenhum mata-mata contra as gayvotas. Enquanto éramos o papa-tudo eles estavam disputando a série B. Sem contar que nesse período, em que emplacamos seguidas Libertadores, quem estava na disputa pela América não participava da Copa do Brasil eliminado assim possíveis confrontos em que tínhamos times bastante competitivos. E aqui acredito que seja o fato crucial para explicar esse ponto fora da curva ocorrida nos últimos anos.

Em todos históricos somos o clube de maior expressão deste país. Em Brasileiros somos o clube com maior número de vitórias, 554, enquanto eles ou elas (não sei definir muito bem) possuem 498. Na época dos mata-matas em brasileiros somos o clube com maior número de finais, 8, das quais conquistamos 3. A partir de 1971 em que começou de fato o Campeonato Brasileiro nos sagramos 6 vezes campeões, além de possuirmos outros 6 vice campeonatos. Isso significa que mesmo atuando num futebol tão competitivo como é o brasileiro estivemos presentes em 27% das finais de campeonatos brasileiros. Enquanto a travecada possui 18% de participação. Incluindo aqui o ano de 2005, que sem dúvida alguma o ano mais vergonhoso do futebol brasileiro. Com direito a volta de jogos, coincidência ou roubalheira mesmo, beneficiando diretamente o campeão daquele ano. Grande apito amigo!!!

Quando o assunto é Libertadores somos o clube com maior participação, 17, com 6 finais e 3 títulos. Já os gambás participaram 12 vezes com apenas uma final. E ainda, quando o assunto é ranking, somos o número um deste país. Nem Pelé conseguiu deixar-nos para trás. No ranking da Revista Placar, por exemplo, somos top da tabela com 396 pontos, enquanto nossos rivais de Itaquera estão em quarto lugar com 373 pontos.

Embora muitos dizem que o mais importante é ser campeão, inclusive parte de nossa torcida, para nós tricolores, e isto está em nosso DNA, o importante mesmo é regularidade. Estar sempre em evidência. Até mesmo nos piores anos de nossa história estávamos lá disputando títulos. Na seca de títulos, pós era Telê e reforma do Morumbi, temos final e semi-finais de Copa do Brasil e boas campanhas em brasileiro como nos anos de 2003 e 2004. Goste você ou não disputas de Libertadores e Brasileiro até as últimas rodadas, mesmo não obtendo êxito, atrai muita grana, visibilidade, fortalece a marca e conquista novos torcedores. Ainda que vulneráveis e acumulando derrotas humilhantes, nós estávamos lá. Prefiro isso a conquistas esparsas, disputas constantes para não cair, cair para série B, ostracismo ou ainda obter um vácuo enorme entre um título e outro, como ficar mais de 20 anos sem nada, nem um paulistinha.

Por tudo isso, caros irmãos tricolores, não permitem que rivais e mídia nos diminuam. Repito: somos o clube com maior expressão deste país. Freguesia existe só na ideia de pessoas perturbadas e fanáticas tal qual os jihadistas islâmicos desprovidos de qualquer resquício de inteligência e racionalidade.

Mesmo com difíceis tormentas, como a que estamos enfrentando há alguns anos, ninguém está a nossa frente. Futebol como a vida, economia, natureza… é cíclico. Que continuemos com nossa regularidade, pois mesmo com difíceis derrotas, as vitórias virão e serão inesquecíveis e em maior número. Foi assim que edificamos nossas glórias. Faça seu papel: torça, acredite, somos o clube da fé, compre produtos oficiais e seja sócio torcedor.

Não se permita diminuir!!!

Por: Murilo Borges