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10 anos 

2005, na minha opinião, foi o último ano em que vi no São Paulo um futebol com volume durante toda a temporada, ou durante a maior parte dela. Éramos um time com personalidade, dedicação, brio, gana. Sabíamos o que buscávamos, o que queríamos, e nos identificávamos em campo com a História e com a Grandeza do clube.

Nos anos seguintes, consecutivos títulos nacionais. Importantíssimos, inigualáveis pela sua sequência, com direito a arrancada fantástica em uma dessas edições vencidas.

Porém, paralelamente, eliminações vexatórias na Libertadores, torneio que hoje não vejo mais como ‘a cara’ do São Paulo Futebol Clube.

Somos o mais importante time brasileiro da história da competição. Somos o time Pai da Libertadores no Brasil. Após nossas incríveis façanhas do início da década de 90, o torneio foi visto com outros olhos pelos demais clubes nacionais. O tricampeonato, então, ratificou de vez a gigantesca importância que é erguer uma taça de tamanho peso.

Mas, parecia que tínhamos nos esquecido disso logo em seguida. Passamos a deixar de lado tal fator. Começamos a mostrar um futebol sem alma, insosso, preguiçoso, fútil.

Teve até eliminação em que sequer chutamos a gol nos 90 minutos que anteciparam o apito final.

 

10 anos…

Nos primeiros anos seguintes ao tricampeonato, um sentimento de paz trazia paciência aos corações que viam seu amado clube sucumbir diante de Internacional e Grêmio… doeu. Mas tínhamos ainda aquela folga, aquela gordura pra queimar. Mesmo não sendo o ideal, podíamos dizer que era só uma fase. O São Paulo estava sempre classificado pro torneio, vencia o Brasileirão e já chegava como forte candidato, ou, até mesmo, como o principal candidato.

Só que aí veio Fluminense, Cruzeiro…

E a lebre, que dormia pesado à sombra de uma árvore, nem viu a tartaruga passar.

 

10 anos.

O time que entra em campo em 2015 se parece com aquele que entrava em campo em 2009. Em 2013 víamos um futebol bem parecido com aquele jogado em 2010. A objetividade e a entrega dos jogadores em campo contagiava com mais sono ainda o mais apático mandrião. Até porque, o que víamos não era o futebol que levou o São Paulo ao ápice dos clubes nacionais. Junto aos fracassos, diferentes porquês. Sempre as mesmas desculpas. E desculpas nem sempre são sinceras. Quase nunca são.

E trocou-se técnico e trocou-se elenco e trocou-se gentes e dirigentes, profissionais dos departamentos médicos e técnicos, mordomos, motoristas e gandulas.

Presidente? Trocou, também.

 

10 anos.

Num movimento atemporal, como se dele, do Senhor de Juvenal, estivéssemos alheios, inatingíveis pelas suas consequências, vivemos o looping interminável de mesmice em campo. Se não tinha Fernandinho, tinha Osvaldo. Se não tinha Fernandão, tinha Rivaldo. Se não tinha Saavedra, tinha Clemente. Se não tinha Richarlysson, tinha/temos Maicon.

O pior é perceber que para aqueles que lá decidem, nos bastidores, na gestão, tudo parece estar normal, na linha, no compasso tranquilo da condução.

Uma filosofia nova e contundente de trabalho no futebol parece não surgir, pois o foco está numa politicagem que há anos gera podridão no Morumbi. Aidar, por mais que novo presidente seja, está envolvido em tudo que antes existia. Participou, era integrante. Se hoje briga com Juvenal, se há questões relacionadas à ‘traição’, ou o que quer que seja, e tudo isso é mais importante e interfere drasticamente nos resultados em campo, os dois senhores se mostram idênticos na minúscula importância que dão ao clube ao darem ênfase monstruosa aos seus egos inchados.

 

10 anos da mesma gente que resolveu fazer do São Paulo o seu terreno particular de individualidades egocêntricas.

Esse São Paulo deles não é o meu.

10 anos em coma.

 

Ronnie Mancuzo – Sub