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A ferida ainda estava aberta. A derrota para o Corinthians por 2 a 0 na quarta-feira (18), em jogo válido pela Copa Libertadores, repercutiu no São Paulo muito além dos 90 minutos. Uma torcida organizada chegou a pedir a demissão do técnico Muricy Ramalho, que comanda a equipe desde 2013. Neste sábado (21), tudo isso ficou um pouco para trás. Ainda que a atuação não tenha sido brilhante, o time do Morumbi bateu o Audax por 4 a 0 no Morumbi pelo Campeonato Paulista.

Alexandre Pato, que não pôde enfrentar o Corinthians por questões contratuais, fez dois gols. Michel Bastos, que voltou ao meio-campo (havia sido lateral na Libertadores), foi o grande destaque e também balançou as redes duas vezes. E Muricy, criticado até outro dia, teve seu nome gritado pela torcida do São Paulo durante o segundo tempo.

A reação dos torcedores é significativa especialmente porque Muricy decidiu tratar a partida deste sábado como um teste para a segunda rodada da Libertadores. O São Paulo jogará na quarta-feira (25), no Morumbi, contra o Danubio. “O time todo tem de melhorar, e nós sabemos disso. Não dá para irmos tão mal quanto fomos na quarta-feira”, resumiu o treinador sobre a derrota recente.

A vitória deste sábado manteve o time tricolor no topo do Grupo A do Campeonato Paulista. Em sete rodadas, o São Paulo tem 19 pontos (seis vitórias e um empate). O Audax, por sua vez, acumulou apenas quatro pontos (quatro empates e duas derrotas) e ocupa a lanterna do Grupo B.

Fases do jogo: Um lance podia ter sido sintomático logo a 1min da partida deste sábado, no Morumbi. O Audax, formado a partir de compactação excessiva e veto a chutões, tentou trocar passes em seu campo de defesa; o São Paulo pressionou, adiantou a marcação e quase roubou a bola – Alexandre Pato travou o goleiro Felipe Alves, mas a bola saiu pela linha de fundo. Podia ter sido sintomático, mas não foi.

A marcação pressão do São Paulo não continou depois disso. Tampouco a presença tricolor no campo ofensivo. Recuado, o time da casa baseou seu ataque em dois expedientes: transição lenta da defesa até a intermediária (o que aconteceu na maioria das vezes) ou lançamentos longos. Nada disso funcionou.

A lentidão e a inépcia do São Paulo travaram o ritmo do primeiro tempo. Nos primeiros 30 minutos, o time tricolor só conseguiu finalizar com Alexandre Pato (após rebote pego por Souza) e Michel Bastos (duas vezes), sempre de fora da área.

Aos 33min, o São Paulo deu uma demonstração clara do quanto o jogo ruim dos minutos anteriores devia-se mais ao desempenho ruim dos mandantes do que à qualidade do Audax. Na primeira vez em que conseguiu trocar passes no campo de ataque, o time tricolor marcou. Denilson tocou para Luis Fabiano, que atuou como um pivô e lançou na direita. Thiago Mendes foi à linha de fundo e cruzou rasteiro para Michel Bastos desviar para as redes.

O gol, sim, foi sintomático. Era o que o São Paulo precisava para ter mais tranquilidade, tocar a bola e usar Luis Fabiano como pivô para acertar as costas da defesa do Audax. Foi assim aos 35min, quando o camisa 9 lançou na esquerda para Alexandre Pato. O camisa 11 conduziu a bola em velocidade e tocou na saída de Felipe Alves. No segundo lance em que aliou velocidade e toques precisos, o time tricolor fez 2 a 0.

O melhor: Michel Bastos. O camisa 7 participou de todos os lances ofensivos do São Paulo. Contra um Audax compacto e fechado, Michel Bastos foi fundamental para ultrapassar a defesa rival. De quebra, ele ainda anotou dois gols.

O pior: Thiago Silvy. Chamou muita atenção a falta de qualidade do Audax no setor ofensivo, e Thiago Silvy foi um dos responsáveis por isso. O jogador perdeu praticamente todas as disputas com a defesa do São Paulo, não finalizou e acabou substituído no intervalo.

Chave do jogo: Luis Fabiano. O São Paulo sentiu falta de profundidade em muitos momentos da partida, mas os três gols da equipe tricolor tiveram participação do centroavante. Em todos, o camisa 9 arrastou um zagueiro e desviou a bola para um companheiro dominar nas costas da defesa do Audax. O trabalho de pivô dele foi fundamental para abrir a defesa visitante – prova disso é que ele foi aplaudido quando foi substituído.

Toque dos técnicos: Fernando Diniz repetiu contra o São Paulo o toque de bola que tem caracterizado o Audax desde o ano passado, mas também mostrou algo preocupante para a equipe de Osasco nesta temporada: a falta de produção ofensiva. No time do Morumbi, Muricy Ramalho usou a base que pretende escalar também na quarta-feira, contra o Danubio, pela Libertadores. Mas o resultado foi uma equipe irregular, que sofreu para encontrar espaços na defesa rival.

Para lembrar:

Promessa. Surpresa na lista de jogadores inscritos na Copa Libertadores, o atacante João Paulo, 18, assinou neste sábado um contrato profissional com o São Paulo. O vínculo anterior dele com o clube, que era amador, havia terminado em janeiro de 2015.

Desfalque I. Titular na derrota por 2 a 0 para o Corinthians, na última quarta-feira (18), em jogo válido pela Copa Libertadores, Paulo Henrique Ganso não ficou nem no banco de reservas do São Paulo contra o Audax. Segundo o técnico Muricy Ramalho, foi um pedido do próprio jogador. “Temos de olhar as condições físicas do elenco, e ele não se sentiu bem”, disse o treinador.

Desfalque II. Outro que não apareceu entre os titulares do São Paulo foi o argentino Centurión, que havia estreado com destaque na goleada por 5 a 0 sobre o Bragantino, na rodada anterior do Campeonato Paulista. Como o jogador está suspenso pela Conmebol e não poderá ser usado na quarta-feira, contra o Danubio, pela Libertadores, Muricy decidiu deixá-lo no banco no duelo com o Audax. “Precisamos colocar em campo o time de quarta-feira”, justificou o treinador, que só colocou o argentino em campo aos 20min da etapa final.

Seca. O goleiro Rogério Ceni culpou o gramado pela dificuldade que o São Paulo teve para tocar a bola no início da partida. “Não tem como dar velocidade porque o gramado está seco demais. A bola quica um pouco mais quando é assim”, explicou o camisa 1.

Só para os grandes. O Audax ainda não venceu um jogo sequer no Campeonato Paulista, mas também só perdeu para os grandes. Depois de um revés por 3 a 1 para o Palmeiras na estreia, a equipe dirigida por Fernando Diniz acumulou quatro empates por 1 a 1 até o confronto com o São Paulo.

SÃO PAULO X AUDAX

Data: 21/02/2015 (sábado)
Local: estádio Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Thiago Luis Scarascati
Auxiliares: Marcelo Carvalho Van Gasse e Maiza Teles Paiva
Cartões amarelos: Souza (São Paulo)
Gols: Michel Bastos, aos 33min; Alexandre Pato, aos 35min do primeiro tempo; Alexandre Pato, aos 6min; Michel Bastos, aos 42min do segundo tempo

SÃO PAULO
Rogério Ceni; Bruno, Rafael Toloi, Dória (Edson Silva) e Reinaldo; Denilson, Souza, Thiago Mendes e Michel Bastos; Alexandre Pato (Alan Kardec) e Luis Fabiano (Centurión)
Treinador: Muricy Ramalho

AUDAX
Felipe Alves; Didi, Bruno Silva e Francis; André Castro, Camacho, Marquinho, Matheus (Bruno Paulo) e Rafael Longuine (Rondinelli); Thiago Silvy (Gilsinho) e Ytalo
Treinador: Fernando Diniz

Fonte: UOL