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Esperar um encontro com um pedaço da história.

Pedaço?

Apenas isso passava pela minha cabeça enquanto esperava na ante sala de seu escritório.

As fotos na parede impressionam.

Muitas personalidades.

Muitos fatos históricos registrados.

Em todas elas, uma pessoa em comum, Laudo Natel.

E eis que entra na sala um senhor de pequena estatura.

Um gigante.

Muito bem vestido, com terno completo.

Impecável.

Bancário desde 1937, quando começou a atuar no Banco Noroeste, foi convidado por Amador Aguiar para ajudar a construir o Bradesco, ainda em 1941, na cidade de Marília.

Sua função, inicialmente, era abrir agências nas cidades do interior.

Conheceu todas as cidades paulistas.

Por conta disso foi convidado a ser candidato a vice governador do estado.

Eleito, acabou se tornando governador.

O governador caipira.

Saiu do governo do estado e voltou para o banco, onde está até hoje.

É o mais antigo funcionário do Bradesco, ativo, e presente semanalmente as reuniões de diretoria.

Pois bem… após contar sua “pequena história”, arrisquei perguntar para ele, o que ele tinha mais orgulho ao longo de seus 94 anos?

Ele, te imediato, respondeu: o estádio do Morumbi, que construimos sem um tostão de dinheiro público.

Novas histórias, agora tricolores, vêm a tona.

Comentou que sempre torceu para o São Paulo.

Desde sua fundação em 1930, por conta do nome e das cores, que representavam o estado.

Segue nova pergunta minha: e antes do Tricolor, para quem o Sr. torcia? (lembrando que ele tinha 10 anos quando o Mais Querido foi fundado)

Mais rápido ainda, ele responde: nenhum, não tinha porque torcer para qualquer outro time, eles não representavam a magnitude deste estado.

Morava no interior e se tornou Tricolor.

Quando veio morar na capital, durante a década de 1950, a primeira coisa que fez foi se tornar sócio do clube.

Por atuar no Bradesco, foi convidado para ajudar o clube a gerir suas finanças.

Ainda no Canindé, propôs que o São Paulo deveria construir seu estádio.

Por que não lá?, mais uma pergunta minha.

– Porque o espaço era pequeno e o Tricolor tinha que ter um estádio grande condizente com seu passado, presente e futuro.

Doutor Laudo é assim, sempre tem as respostas.

Resolveu, juntamente com a diretoria, comprar um terreno em um lugar ermo da cidade, pois lá seria mais barato.

Foi o estádio que fez o bairro, mais, que estendeu os limites da cidade, segundo suas palavras.

Cada tijolo e saco de cimento era contado, os recursos eram poucos, todos tricolores.

Tão logo o estádio foi concluído, no dia da inauguração, o São Paulo não devia um tostão.

Algo único.

Poucos entendem a importância disso.

Apenas, nós, são-paulinos.

Homens como Laudo Natel são motivos de orgulho para qualquer brasileiro.

Por conta de pessoas como eles, somos São Paulo Futebol Clube.