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E assim foi. Depois da cerimônia mais longa da história, mais chata inclusive do que qualquer coletiva do Felipão depois de derrota, ficou determinado: pela 2ª vez consecutiva, o São Paulo terá o grupo mais difícil da primeira fase da Libertadores.

Para quem não se lembra, na nossa última participação, em 2013, caímos na chave de Atlético MG (que se sagraria campeão, em uma jornada que contou com 4 jogos contra o Tricolor), Arsenal  de Sarandí (Primeiro representante argentino) e The Strongest (Primeiro representante boliviano).

A Conmebol parece ter lido direitinho o manual da Fifa sobre como não se escolher cabeças de chaves para seus torneios. Mas ao contrário da entidade máxima do futebol, que ao menos leva em conta o retrospecto das seleções durante o quadriênio da Copa do Mundo, a Conmebol prefere ignorar critérios técnicos, optando por realizar um rodízio entre os países do continente para protagonizar os grupos da Libertadores. Se já foi duro ver Bélgica, Colômbia e Suíça como cabeças de chave do último Mundial , o que dizer de times venezuelanos, peruanos e equatorianos como líderes de chave no ano que vem?

É exatamente essa falta de critérios que dá margem para a criação de grupos como o de Uruguai, Inglaterra, Itália e Costa Rica em 2014, ou do São Paulo na Libertadores de 2015.

O ideal seria uma escolha que levasse em conta o retrospecto histórico e o retrospecto recente ao mesmo tempo. Mas se a Conmebol prefere valorizar jogos da primeira fase em detrimento a fase de mata-matas, paciência. Voltemos a falar do grupo da morte.

Show de bola os milhares de comentários otimistas de torcedores e jogadores, ‘celebrando’ adversários mais difíceis na primeira fase. Dos atletas, não se podia esperar nada diferente do que um discurso de confiança. E a torcida seguiu a mesma linha, criando uma mistura de provocação com aceitação a realidade. Mas a verdade é uma só: grupos da morte não são o melhor jeito de se começar uma Libertadores.

Qualquer chave com 2 times brasileiros torna-se automaticamente candidato a mais difícil do torneio, apesar de que as equipes daqui costumam se virar razoavelmente bem nesta situação. Até 1999, os sorteios da Libertadores se limitavam a definir que países se enfrentariam na primeira fase. Isso é, como cada país indicava apenas 2 representantes, o sorteio definia que nações se cruzariam. Em 1999 por exemplo, os clubes brasileiros ficaram na chave dos paraguaios.

Desde que os grupos da Libertadores começaram a misturar os times, por seis vezes tivemos 2 brasileiros em confronto antes do mata-mata. Em quatro delas (2007 – Flamengo e Paraná; 2009- SEP e Sport; 2012 – Santos e Inter; e 2013 – São Paulo e Atlético MG), ambos passaram de fase, e em outras duas (2000- SEP e 2005 – SEP), pelo menos um deles se classificou.

Um gol do Internacional aos 49 minutos do 2º tempo definiu que nosso grupo será formado pelo atual campeão San Lorenzo, Danúbio e o vencedor do confronto entre SCCP e o terceiro representante da Colômbia.

O grupo é forte, mas em termos de tradição, não muito. Na mais provável das hipóteses, teremos 2 títulos na chave, dos recém-desvirginados San Lorenzo e SCCP (Poderá ser do Once Caldas também). Lembrando, como se fosse preciso, que o São Paulo sozinho tem 3 conquistas.

O cabeça da chave, depois do maior título de sua história, não vive bom momento. É apenas o 9º colocado do campeonato argentino, embora há de se fazer um desconto: todo time vencedor da Libertadores invariavelmente acaba abrindo mão dos campeonatos locais do segundo semestre, para se concentrar para o Mundial de clubes. Pobre San Lorenzo, que chegará a 2015 com um atropelo do Real Madrid. Podem apostar. Sinceramente, não se trata de um time para ser temido. O próprio título deste ano me parece uma daquelas histórias épicas, que só ocorrem de décadas em décadas. Em um grupo fraquíssimo (Union Española, Botafogo e Independiente del Valle), só se classificou em 2º, com um gol de saldo a mais do que o 3º e apenas um ponto a frente do lanterna. Foi o penúltimo melhor classificado para os mata-matas, onde aí sim teve que mostrar qualidade para eliminar grêmio e cruzeiro. A semifinal contra o Bolivar e a final contra o Nacional do Paraguai não foram tão difíceis quanto os jogos contra os brasileiros. Como o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, não creio que o time argentino vá muito longe nesta competição.

A segunda bolinha do sorteio colocou o Danúbio no nosso caminho. O time uruguaio se classificou para a Libertadores depois de ser campeão do primeiro turno do torneio nacional, no fim de 2013. Depois do feito, eles acumulam um 5º lugar no segundo turno daquele mesmo campeonato, o título uruguaio 2013-2014, e uma atual 10º colocação na edição em disputa. Não se trata de um dos grandes do país, nem em termos de torcida, nem em número de títulos (o uruguaio do ano passado foi apenas o 4º de sua história). Internacionalmente, o desempenho é ainda mais modesto. Sua melhor colocação na Libertadores foi em 1989, quando atingiu o 3º posto do torneio. Em suma, deve ser a baba do grupo. Sempre é difícil se enfrentar times uruguaios, mas nossa experiência histórica com os gringos do país tem que nos ajudar.  Aliás, Diego Forlan, filho de nosso ex-lateral-direito da década de 70, foi revelado pelo Danúbio, tal qual jogadores como Cavani e Recoba, por exemplo. Mas hoje, sua principal esperança de gols é outro atacante, com bem menos história e qualidade: Ernesto Farias, ex-cruzeiro e River Plate. Azar deles, sorte nossa.

O terceiro e último integrante da chave será também nosso adversário da estreia, longe do Morumbi. Apesar da ascensão e do bom momento do futebol colombiano, infelizmente e muito provavelmente teremos que ir a Itaquera na primeira rodada. Se por um lado poupamos uma viagem, por outro enfrentaremos um clássico, muitas vezes mais desgastante do que qualquer voo. Além disso, derrotas contra arquirrivais são sempre possibilidades para abertura de crises, desconfianças e críticas. É torcer para que o SCCP não esteja tão encaixado, mediante a troca de presidente e técnico, que devem ocorrer nos próximos dias.

Caso o efeito Tolima ocorra novamente, o quarto integrante deste grupo será Independiente de Santa Fé, Indepediente de Medellin ou Once Caldas. Se não for campeão do 2º turno colombiano, o Santa Fé estará na pré-Libertadores. Caso consiga o título, o classificado passará a ser quem tiver acumulado mais pontos no agregado, entre Medellin e Once Caldas. O nosso algoz de 2004 tem atualmente 2 pontos a mais que o rival, mas este, ao contrário do Once, já esta classificado para a finalíssima.

Um destaque rápido de cada um dos times: o Santa Fé foi semifinalista da Libertadores do ano passado, torneio que teve como campeão o Atlético MG. O Indepediente de Medellin aposta no atacante argentino Germán Cano, artilheiro do atual campeonato colombiano. O Once Caldas ainda conta com o goleiro Henao, 42 anos, ex-santos e carrasco do Tricolor em 2004.

Enfim, esclarecido parte do nosso caminho para o tetracampeonato. Grupo da morte? Se é duro para nós, é ainda mais difícil para eles. Com a mesma disposição mostrada no segundo semestre deste ano e mais alguns reforços, temos tudo para voltarmos a fazer história na América. Que os jogadores deem o sangue e façam deste o grupo de suas vidas.

 

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Wagner Moribe

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