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Olha você que não treina.

Não cruza, não chuta, não toca, não marca.

Não pensa, não corre, não pega, não sai.

Não volta, não lança, não cobra, não vê.

Não mata, mas morre…

 

Estático ser que não age, não quer, adianta esperanças se apoiando no nada.

Condena a sofrer quem não sabe os porquês. Ou não quer mais saber, porque cansa querer.

E é tanto querer.

Somemos nossos tantos quereres e façamos um livro só disso. Apoiado e editado pelas almas simples, simplórias, devotadas que gritam e amargam rangendo os dentes no frio do cimento de cadeiras vermelhas daquele gigante traído que uns querem derrubar.

Acreditem, mas sem acreditar…

 

Um livro de tantos volumes e recheado de palavras inomináveis de um dialeto português cansado de tanto suspirar.

Quase…

 

É que a gente não sabe, mesmo sabendo, que pode ser mais o que ganham perdendo e as derrotas nos sangram a alma bem mais.

No final da batalha, trocam armaduras, montam em naves e correm para os castelos.

É só mais um dia e parece que não vivem do que vivemos bem mais.

E pode ser que não seja correto o humanizar de tornar humano o que nasceu para ser mais. Porque não se trata de ‘um só’ do singular, mas sim um de milhões, que sempre foi plural, porque é ‘São’, somando tantos ‘és’.

É Paulo, é Vitor, é Carlos, é Marcio, é Claudia, é Antônio, é Alexandre, é Kátia, é Fábio, é Leandro, é Maria, é José…

Nem é ‘do’, porque é ‘com’.

Comigo, contigo, convosco, com Bosco, com Denis…

 

Por isso, atenção com o que não é só seu. Nem só de vocês.

Muito menos deixem se tornar terra de ninguém.

Mesmo que tanto insistam em tornar fútil o que tanto é desejo. Nenhum ‘tanto faz’ anulará o nosso desejar.

Aos humanos que recebem asas porque se acham donos dos céus, com suas aeronaves pesadas e potentes que derrapam no ar, as palavras do humilde que só quer um motivo a mais para sorrir:

“Acreditem, só queremos um bem maior.”

 

E o bem que gera bem é mais forte que o ego que torna cego.

Vão-se aqueles que padecem, que envelhecem e se esquecem que nada mais são que só mais alguns na multidão. Por mais destaque que recebam, no quesito sentimento, pode até ser que estejam atrás.

Porque a maioria não recebe, por mais que pareça merecer, tantos afagos e tantas canções, tantos incentivos além das moedas, tantas defesas, mesmo quando deixam de defender, tanta idolatria, mesmo quando parece não idolatrarem tanto nosso Bem Maior, nosso motivo e razão em comum.

Pensai em nós, que somos tu, também.

 

Não… não é um humano. Não são dois humanos, mesmo sendo São, porque é mais.

E ‘são’ pode deixar de ser, se a humanização insana continuar.

E pode adoecer.

Se já não estiver doente…

Não são dois humanos. Nem três.

Mesmo tendo as três cores mais lindas do futebol.

Não são três, nem quatro, nem cinco, nem seis.

Mesmo com as seis estrelas vindo primeiro pra cá, jogando ao ostracismo várias bolinhas de uma taça de birras…

 

Humanos.

Quanto ego, quantos dedos e verbos.

Tudo do homem. Dos homens. Dos poucos homens, se comparado com as milhões de almas humanas que também amam. Porém, se limitam ao verbo amar ‘metamorfizado’ em torcer.

E que no íntimo pedem para que jamais seja colocado um ser humano acima de tudo isso.

Nem um, nem dois, nem três, nem quatro…

Porque lá no campo, esses que se acham acima, olham pra cima, e veem uma multidão bem mais no alto, nas arquibancadas.

 

Ronnie Mancuzo – Sub