Muricy foi o principal fator de convencimento da permanência de Rogério Ceni no gol Tricolor em 2015. É claro que Ceni só se sentiu confortável a permanecer quando ouviu da boca de Aidar que o contrato estava pronto e só faltava ele assinar para mais uma Libertadores. Aidar tomou esta decisão não quando mandou redigir o contrato mas quando realmente decretou que Muricy ficaria para 2015 no comando técnico do São Paulo.

Aidar quando assumiu a presidência, decretou que Muricy seria seu treinador até o final de seu mandato. Porém, acompanhando o dia a dia e a forma como era conduzido o trabalho, Aidar se decepcionou muito. Começou a ficar indignado com o “meio período” de treinamentos e com o clube parado tanto tempo sem gente trabalhando. Acostumado a Cilinho e outros treinadores obcecados por trabalho que viviam o clube e tinham uma forma de trabalhar quase que louca de tanto foco em vencer como também era com Telê, e ele murchou.

Viu que no futebol brasileiro a maioria dos treinadores estão ultrapassados e os métodos obsoletos. Começou a amadurecer a ideia de um treinador estrangeiro. Após a saída de Felipão, tentou empurrar Muricy para a Seleção dizendo que o liberaria de muito bom grado. Quando Muricy falou em aposentadoria, Aidar disse que entenderia o treinador porque é muito estressante e ele deveria cuidar da família e da saúde em primeiro lugar. NUNCA, eu repito, NUNCA Aidar emitiu qualquer resistência e interesse em sua permanência.

Aidar queria Sampaoli. Ficou encantado com os métodos e forma de trabalho do treinador. Tal qual é com Marcelo Bielsa e outros comandantes sul americanos que respiram o futebol e possuem habilidades diferenciadas. Notem que sempre se descartou Tite, Abel e outros nomes do universo comum e da mesmice do Brasil mas NUNCA se negou um top estrangeiro.

Pois bem, Muricy e Aidar junto com Ataíde se reuniram e definiram pela permanência do treinador que confessou que tem uma dívida com o São Paulo e com o são paulino: precisa ganhar uma Libertadores. Aidar sentiu que Muricy fala sério e que esta é a última chance. Definida pela permanência, Muricy cravou: “Sem Kaká, eu preciso do Rogério”. Esta reunião foi na 5a após a eliminação. Logo após esta definição e já com cobranças, Muricy afirmou: “Preciso de reforços de peso. Só indiquei gente de peso. O planejamento está lento! Temos que ir pra cima dos caras”.

Aidar agiu rápido e na 6a de manhã, Ceni já tinha um contrato e a conversa de Aidar agendada. Ceni renovou. Ataíde procurou Muricy sobre a cobrança na mídia. Muricy estava revoltado com a forma como Ataíde tratara os nomes que tinha indicado para o time como Edu Dracena por exemplo e continuou a cobrar na mídia.

A resposta de Muricy foi: “Eu não dou mole pros caras. Tem que cobrar mesmo pois ainda não temos um time para a Libertadores e queremos ganhar. Indiquei 8,9,10 nomes para a direção conseguir 4 ou 5 e ter plano A e plano B”.

A principal alegação de Muricy é EXPERIÊNCIA e VELOCIDADE. Quer nomes de veteranos e de atacantes rápidos que possam atuar pelos flancos e serem municiados pelo talento de Michel Bastos, Ganso e darem bolas a Luis Fabiano e Kardec. Quer alas e volantes com velocidade também mas quer zagueiros experientes.

Muricy quer demais conquistar esta Libertadores e sabe que não resistirá a uma queda no torneio após 14 fracassos em mata mata. Seu principal argumento com Ceni foi este e que hoje com a vida tumultuada, que seria bom para o goleiro focar no trabalho que é a vida dele. Quando o goleiro se separou, passou a treinar como um menino que mora no CCT mais ainda que antes. Quando todos acharam que era pelo final da carreira, era também para focar o emocional no clube e aliviar a tensão da vida pessoal. Entrou de cabeça no São Paulo. Muricy conversou com Ceni e disse que após nova internação, ele queria vencer uma Libertadores e quem sabe o Mundial e que sua história no clube seria encerrada. E que queria Ceni ao seu lado.

A tendência é que se eliminados, saiam juntos e com vitória, idem. Ontem Muricy deu a dica: “Em 2015 darei uma pausa em minha carreira”.

Já é o prenúncio…

Ceni e Muricy são muito amigos e o goleiro inclusive falou outro dia para defender o treinador que fora grosso em uma entrevista: “Tem uma frase aqui do (técnico da NBA) Phil Jackson, viu (indicando para Muricy, que ainda estava na sala), de um livro que estou lendo e diz: ‘você nunca será técnico se você tem a necessidade de ser amado. Às vezes você tem que ser um cara antipático e desagradável’. Só para te defender”, falou Ceni, arrancando ainda risadas dos jornalistas presentes.

É bonito isso e o importante para nós é vivenciar com intensidade estes últimos momentos.

Nós torcedores, esperamos que Muricy e Ceni despeçam-se do Tricolor com títulos, glórias e imortalizem-se com a vitória na despedida. Fato é, que em 2015 teremos o final de dois ciclos de dois significativos ídolos do clube.

Que venha a Libertadores então e que este ano seja histórico e inesquecível.

Fonte: Blog do São Paulo