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O São Paulo mudou o jeito de pensar na base. Demitiu funcionários e treinadores ligados a um empresário com poder e regalias dentro do famigerado Centro de Formação de Atletas de Cotia (CFA), e que, por exemplo, exigia que somente seus atletas atuassem como titulares. Além disso, o clube contratou Junior Chávare, referenciado pelo bom trabalho no Grêmio. O diretor destacou-se no Sul graças ao ‘projeto lapidar’, que ajudou a formar e aprimorar jogadores vindos de equipes menores e, com isso, aumentou significativamente o número de revelações do time gaúcho nos últimos anos.

Em meio a essa “revolução” diretiva e política, o presidente Aidar afirmou ainda que o time principal deverá disputar o Campeonato Paulista de 2015 com boa parte do elenco formado por jogadores das categorias de base, mesmo com o limite baixo de atletas inscritos por clube – 28. A medida, que causou furor entre os entusiastas do trabalho feito no CFA, deve influenciar também no planejamento dos próximos compromissos da equipe sub-20.

Antes da disputa da Copinha e da anunciada participação no Paulistão em 2015, o time disputará em dezembro o Campeonato Brasileiro Sub-20 de clubes, competição anual que não participava desde 2006 – por conta do mau relacionamento com a Federação Gaúcha de Futebol (FGF), organizadora do torneio.

Na ocasião, o time foi eliminado nas quartas de final para o fortíssimo Internacional, que tinha Alexandre Pato, Luiz Adriano, Muriel e Rodrigo Possebon como destaques. A eliminação coincidiu com o fim do ciclo da fraca geração 87 no Tricolor, uma vez que, no ano seguinte, o limite de idade da Copa São Paulo fora alterado.

Com esses três torneios, será cada vez mais comum ver os jogadores da base em ação pelo clube em competições de bom nível e televisionadas. Para o Brasileiro da FGF, o time poderá usar jogadores nascidos a partir de 1994. Já na Copinha e na categoria júnior do ano que vem, só poderão jogar atletas nascidos a partir de 1995 em diante.

Por conta do calendário coincidente em janeiro entre a Copa São Paulo de Juniores e o Campeonato Paulista, é bem provável que os atletas da base que o Tricolor pretende inscrever no torneio estadual, não joguem a maior competição de futebol de base do mundo, uma vez que ocorrem paralelamente. Portanto, é provável que o São Paulo tenha duas equipes diferentes nos dois próximos campeonatos da base.

 

Para completar a problemática de planejamento, a seleção brasileira sub-20 disputará o Sul-Americano da categoria entre 14 de janeiro e 7 de fevereiro, no Uruguai. Quatro jogadores do São Paulo são bem cotados para integrar o time de Alexandre Gallo: Auro, Lucão, Boschilia e Ewandro, este último com chances menores.

Além da ausência no início do Paulistão, o quarteto selecionável em potencial desfalca também o time que vai ao Sul, já que a preparação da seleção acontecerá no mês de dezembro. Participar de um torneio de alto nível, com atletas mais velhos (os quatro nasceram em 1996), os ajudaria a ganhar ritmo e sequência de jogo para o Paulistão. Reservas quase o ano inteiro com Muricy, eles precisam, mais do que isso, recuperar a confiança e a descida ao sub-20 ajudaria no processo.

Expirando a idade de jogador de base, atletas nascidos em 1994 podem aproveitar o Brasileiro do Rio Grande do Sul para não somente voltar aos holofotes de torcida, imprensa e diretoria – visando o Paulista ou até mesmo negociações. Contudo, os jogadores deste ano estão, em sua maioria, emprestados ou sem ritmo, o que dificultaria a participação de alguns com o grupo na despedida de Cotia.

Para analisar o nosso elenco em cada competição e falar um pouco mais, convoquei quatro amigos também apaixonados e especialistas em futebol de base, já conhecidos dos torcedores que acompanham o assunto nas redes sociais: André Bariotto, Caio Alves, Gabriel Fuhrmann e Jonatan Androwiki.

Acreditamos que, no Brasileiro sub-20, o São Paulo deveria usar mais jogadores nascidos no ano de 1994, e na Copinha, uma maioria de jogadores nascidos em 1995. Há também bons jogadores na categoria 97 – ainda são juvenis, é bom lembrar – que podem ser usados nas duas competições, tanto para formar o elenco quanto para serem titulares. Mesmo caso para os sub-17 de primeiro ano, 98, que, mesmo muito jovens, já poderiam ganhar essa cancha.

A mescla, portanto, não só visa o equilíbrio técnico entre os dois elencos como também planeja as chances e experiências valiosíssimas a quem tem mais potencial. Com base nessas ideias nós formamos um possível elenco de cada competição. Confira abaixo atletas por posição e um resumo do porque da escolha. Entre parênteses esta a ano de nascimento.

 

GOLEIROS

 

Brasileiro Sub-20: Rafael Leder (95) e Thiago (95)

Rafael Leder deve ser banco na copinha para Lucas Perri, por isso deve ser titular no brasileiro. Selecionamos apenas 2 goleiros, pois na competição só podem ser inscritos 20 jogadores. Thiago é inferior a Rafael e por isso seria banco.

 

Copinha 2015: Lucas Perri (97), Rafael Leader (95) e Lucas Paes (97)

Lucas Perri é a grande aposta para o futuro, inclusive sendo cotado pra subir já em 2015. Vindo de uma controversa negociação com a Ponte Preta, conta com grande apoio de Ceni, que já ate frequentou alguns treinos do garoto para vê-lo em ação.

Para 2° e 3° goleiro, respectivamente, imaginamos que Rafael, em seu ultimo ano, e que é reserva do atual sub-20, será um dos escolhidos. Lucas Paes é atualmente o titular do sub-17 e fez um ótimo paulista e Copa do Brasil da categoria. Merece ser o terceiro goleiro do grupo pra ganhar experiência.

LATERAIS

Brasileiro Sub-20: Inácio (96) e Thaylan (96) e Lucas Farias (94)

Lucas Farias está sem atuar desde que voltou do Boa Esporte, onde já não atuava tanto, e como ainda está em seu último ano de sub-20, tem na competição a chance de mostrar o talento que já mostrou no time profissional. Como a competição é curta e ele precisa mostrar serviço, acreditamos que será o único nome na lateral direita. Potencial ele tem até pra brigar por vaga no time de cima do paulista, ou acorda agora ou vera Caramelo, também 94, tomar a sua vaga

Já na lateral esquerda a vaga de titular é merecida para Inácio. Lateral titular do sub-20, precisa apenas ser melhor preparado dentro e fora de campo. Deve subir após a competição para o paulista profissional, por isso, levaríamos ele no brasileiro e não na copinha. Chegou, inclusive, a ser artilheiro do time sub-20, prova do seu potencial ofensivo, que vem desde a época em que ainda era meio-campo ofensivo no Bahia.

Já Thaylan também tem 18 anos e fez parte da equipe campeã em 2013 da Copa do Brasil sub-17 e da boa campanha feita no paulista, sendo o líder de assistências do time, apesar disso, anda meio escondido esse ano.

Copinha 2015: Gabriel Machado (96) e Thaylan (96) ou Caíque Maria (98) e Foguete (96) e Danilo Belão (97)

Gabriel Machado é reserva de Inácio e sempre que entrou fez bons jogos no sub-20, além de ter tido ótimo ano no sub-17. É um Lateral que também tem qualidades ofensivas, e tem bom cruzamento. Para a sua reserva, poderia se manter Thaylan, pois não deve jogar quase nada no brasileiro ou até mesmo trazer uma das maiores revelações da lateral esquerda do tricolor, Caíque Maria, que apesar de ser bem jovem, tem apenas 16 anos, tem mostrado muito potencial. Ele, inclusive, jogou amistosos contra seleções da Copa do Mundo que treinaram em Cotia e foi muito bem.

Para a lateral direita, a certeza é de que Foguete será titular. A promessa que perdeu espaço para Auro, vai jogar a copinha para ganhar mais bagagem. Já na sua reserva, indicamos o nome de Danilo Belão, que fez um bom paulista sub-17 e tem tido uma crescente melhora.

ZAGUEIROS

Brasileiro Sub-20: 4 zagueiros: Kal (96), Léo Vencato (96) , Guilherme Trutys (97) e Lucas Valença (96) ou Polidoro (96)

Lucas Kal é o zagueiro que tem sido acompanhado pela comissão técnica profissional e que tem chances de subir para treinar e, talvez, até fazer parte do elenco do paulista. Léo Vencato é zagueiro de boa força física e bom na bola aérea. Já fez dupla com Kal nos treinamentos contra os profissionais e pode repetir essa dupla no brasileiro.

Para a reserva, Guilherme Trutys, destaque do sub-17 que além de ter uma saída de bola com qualidade, é um zagueiro que não brinca em serviço. Fechando o grupo, ficam dois nomes bons e do ano de 96 do tricolor, Lucas Valença levou vantagem e teve mais oportunidades tanto pra atuar quanto pra ficar no banco no paulista.

Copinha 2015: Hugo (95), Tormena (96), Silas (95) e Wellington Lucas (96)

Capitão do sub-20 e zagueiro de confiança do treinador, Hugo tem tudo pra ser novamente o capitão e o nome da zaga na copinha. Para fazer dupla com ele, acreditamos que o nome certo seja Silas, zagueiro que foi reserva nas duas últimas copinhas, chegou a hora de mostrar o por que esta sempre na lista, de honrar a camisa que veste.

Vitor Tormena seria nosso primeiro reserva, pela qualidade mostrada no paulista quando teve chances e, fechando o grupo, Wellington Lucas, cortado na copinha de 2014 por contusão, e que como reserva do sub 20, sempre que foi preciso foi bem

 

Volantes

Brasileiro sub-20:  Gustavo Hebling (96), Matheus Reis (95) e Allan (94)

Gustavo Hebling talvez seja a grande promessa da volância são-paulina dos últimos tempos. Figura assídua nas seleções de base, Hebling era homem de confiança de Gallo no último mundial sub-17. Apesar da queda de rendimento neste segundo semestre, é o grande box-to-box são-paulino. Ao seu lado, Matheus Reis pode formar uma excelente dupla, como foi no paulista sub-20 e na Copa do Brasil da categoria. Compensa sua lentidão com muita força física.

No banco, Allan, com 20 anos, e um dos mais velhos do elenco, pode receber sua última chance no São Paulo. Tachado de preguiçoso, teve passagem discreta pelo Red Bull. Potencial ele tem de sobra, precisa ter mais vontade e mostrar trabalho

Copinha 2015: Felipe Araruna (96), Matheus Queiroz (96), Robertinho (96), Léo Coca (96) e Pedro Vitor (97)

A pródiga geração 95/96 também foi forte em formar volantes. Assim como no brasileiro sub-20, estamos muito bem servidos para a copinha, mesmo sem repetir nenhum nome. Felipe Araruna e Matheus Queiroz se conhecem há muito tempo e formam uma dupla entrosada. Araruna fica mais e Queiroz ataca com mais volúpia.

Robertinho, grande promessa também no Santos, sofreu muito com lesões desde que chegou ao São Paulo. Mesmo assim, mostrou um potencial altíssimo, principalmente quando joga mais à frente, como na Future Cup do ano passado. O coadjuvante Léo coca sempre entra bem na equipe e faria parte do elenco, assim como o ótimo Pedro Vitor, mais jovem que os outros.

Meias

Brasileiro sub-20: Mirray (94), Boschilia (96), Pedrinho (94) e Matheus Siqueira (97)

O São Paulo teria um meio-campo de alto nível no brasileiro sub-20. Mirray e Boschilia são dois dos jogadores mais criativos formados na base do São Paulo. Mirray, o Kaká da base, surgiu com grande força e não se afirmou devido às lesões. Mesmo assim, ainda demonstra um futebol de encher os olhos, assim como Valdívia, só joga quando quer, mas se quiser, é o melhor. Boschilia dispensa apresentações. Mesmo dois anos mais velho, já se afirmou no elenco principal e é, frequentemente, colocado na lista de mais promissores do planeta, como deve jogar o sul-Americano e o paulista, colocamos no brasileiro.

Pedrinho também sempre teve talento, mas nunca acordava. Terá sua última chance no brasileiro, após passagem apagada no Boa Esporte. Matheus é uma das joias da categoria 97 e formaria a equipe para ganhar experiência.

Copinha 2015: Lukas Fernandes (97), Léo Prado (96), David Neres (97), Gustavo Duarte (98), Clairton (98) e Matheus Bernadinetti (96)

Para a copinha, perderíamos experiência, mas não necessariamente qualidade. Lukas Fernandes mesmo com a pouca idade, já disputou uma edição da competição, foi camisa 10 do são Paulo no paulista sub-17 e tem prestígio com todos no clube. É muito dinâmico e pode organizar a equipe. Ao seu lado, Léo Prado poderia ser importante ao assumir papel de protagonista do time.

David Neres seria uma espécie de 12º jogador, já que pode atuar no meio e também nas pontas. Tem incrível talento e só falta a ter mais regularidade. Fez excelente paulista sub-17. Para compor elenco, Matheus Bernadineti, Gustavo Duarte e Clairton estariam. O primeiro, mais velho, receberia mais uma chance. Os outros dois têm muito potencial, principalmente Clairton, e ganharam experiência na competição.

ATACANTES

Brasileiro Sub-20: Ewandro (96), Bruno Silva (96), Pedro Bortoluzzo (96) e Joanderson (96) e Robinson (96).

Virtual dupla titular e de parceria de quatro anos no clube, Ewandro e Joanderson têm, por motivos diferentes, presença incerta no torneio. Passará por Chávare a definição dos atacantes que irão a Alvorada, onde o Tricolor disputará seus quatro jogos da primeira fase. Joanderson passa por problemas na renovação de contrato, que terminará no dia 15 de fevereiro, e Ewandro é cotado pra defender a seleção no Sul-Americano do Uruguai.

O poder diplomático do novo diretor já será colocado à prova, e um contato com Gallo para sondar as chances da convocação de Ewandro se faz fundamental. A tendência, porém, é que fique de fora. Por isso, o Brasileiro Sub-20 seria fundamental para recuperasse a confiança e chegasse bem para o Paulista. Já Joanderson, sondado pelo futebol chinês, seria escalado somente se renovasse – do contrário, não deve jogar nem Brasileiro nem Copinha, pois é impensável dar tanta vitrine a um jogador que irá perder.

Presença quase certa no Sul, Bruno Silva já fora, inclusive, mais badalado que os parceiros de idade e posição. Após sofrer contusões em sequência e ter uma queda de rendimento, começou a recuperar o futebol neste segundo semestre e seu desempenho em dezembro será importante para o torcedor conhecer e avaliá-lo melhor. Completando o grupo, Pedro Bortoluzzo é centroavante ainda a ser trabalhado.

Copinha 2015: Léo Paoli (95*, machucado, é dúvida), João Paulo Hulk (96), Luiz Araújo (96), Felype Hebert (97), Murilo (97), Gustavo Duarte (98) e Robinson (96).

Uma linha de frente com mais uma, duas ou até três edições do torneio a disputar, de níveis semelhantes e potenciais distintos. Esse deverá ser o pensamento para a Copa São Paulo, visando o retorno a médio prazo. João Paulo “Hulk” e Léo Paoli serão, inicialmente, os titulares do setor. Entretanto, não será surpresa se, no decorrer da competição, as peças forem trocadas. Os nomes sub-17 são os que pedem passagem, contando, inclusive, com o talentosíssimo David Neres, que pode jogar mais à frente.

Atacante “bem apadrinhado”, Luiz Araújo deve ser o primeiro da fila a beliscar uma chance entre os 11, jogador de trejeitos e estilo de jogo idênticos aos de Osvaldo – nas virtudes e nos defeitos. Felype Hebert é pivô de força física, movimentação e com bons cacoetes pra jogar que é capaz de jogar fora da área. Mais alto, Murilo é esguio, de capacidade técnica e boa finalização. O caçula Gustavo Duarte, de 16 anos, de técnica apurada, é um dos maiores expoentes da geração 98. Fechando o grupo de atacantes temos o veloz e excelente finalizador de longe Robinson, que veio do Inter de Porto Alegre, seu problema é a timidez em campo, mas vem melhorando cada vez mais e pode ser um futuro grande atacante do tricolor. É conhecido por ser um “diabinho” em campo, por driblar muito.

Essa é a nossa sugestão e expectativa para a base tricolor, esperamos que tenham gostado, e caso exista alguma dúvida, críticas ou sugestões, podem enviar um e-mail para: romulojor@gmail.com