banner_sou_tricolor_2

muricyinconformado

Muricy reclamou, os jogadores reclamaram, o presidente agiu, e o São Paulo teve jogo adiado. Adiado? Ao meu ver, não aconteceu nada além do que uma troca entre jogos, contra Inter e Atlético Nacional, em que precisaremos da vitória em ambos.

Muita coisa a se falar sobre isso.

Primeiro, como assim ‘jogo alterado’? O regulamento, assinado pelo São Paulo, já previa que essa data estava reservada para um jogo de semifinal da Copa Sulamericana, para quem chegasse lá. A gente cobra tanto uma coerência nas decisões de CBF, Conmebol e Fifa, e quando é para ajudar o Tricolor, tudo vale? O combinado não é caro. Se a tabela prevê jogo no dia, que se faça o jogo. Se o regulamento diz que a final do campeonato tem que ser em estádio com um mínimo de capacidade, paciência para quem não tem um de grandeza. Evitaria-se discussões como a que houve na final da Libertadores de 2005, quando o Atlético PR tentou jogar na Arena; e da semana passada, quando o Kalil insistiu (e incrivelmente conseguiu) levar uma das partidas da decisão da Copa do Brasil para o Horto.

Cumprimento de regulamento é uma das chaves para o crescimento do futebol brasileiro e sulamericano. Isso vale para julgamentos do STJD também. Se estiver tudo preto no branco, com a prévia definição da punição aplicada a cada tipo de infração, sem efeito suspensivo ou 2ª instância, não haveria choro a cada julgamento. Haveria credibilidade.

Outra coisa é a reclamação em si sobre o excesso de viagens. No ano inteiro, as viagens mais longas do São Paulo foram para Porto Alegre duas vezes, Maceió duas vezes, Goiânia, Salvador, Chile e Equador, confere? Mas que raio de futebol atual é esse que não aguenta viajar mais de 3 horas de avião umas dez vezes por ano? Nos anos 90, os times invariavelmente chegavam a jogar 4 vezes por semana. Não sou saudosista, sei que o futebol daquele tempo era mais light. Mas hoje em dia, além de menos jogos, temos melhor preparo também, mais estrutura. É cansativo, como tantas outras profissões são.

Os jogos são duros? É verdade, a maioria é. Mas vem cá, tirando-se Rogério Ceni, Souza, Álvaro Pereira, Kaká, Ganso e Kardec, que outro jogador jogou tanto esse ano? Hudson jogou o Paulista e ficou treinando uns 4 meses na Barra Funda. Édson Silva ficou praticamente 2,5 anos de férias no Tricolor. Denilson ficou uns 6 meses. Pato era reserva até uns 3 meses atrás. Toloi e Michel Bastos eram reservas na Roma. Luis Fabiano jogou bastante até a Copa, e pouco depois dela. O resto nunca foi titular por muito tempo. Para não falar dos garotos.

De verdade, reconheço a raça desse time, que tem me dado muito orgulho de ser são-paulino. Temos HOMENS de caráter trabalhando para o Tricolor. Mas calma lá com essa

reclamação, que na verdade parte mais do Muricy do que do grupo. Um tipo de reclamação que, ao meu ver, cansa ainda mais o time. Sabe aquela história de dar muleta? Você ouve tanto que está cansado, que acaba achando realmente que está mais do que a realidade.

Cabe a presidência lutar por calendários mais enxutos, com folgas que incluem as datas fifa. A comissão técnica, trabalhar pelo bom preparo do time, e pela solução de problemas de lesão e suspensão. E aos jogadores, jogar, como eles já andam fazendo. Ser campeão é fácil, brigar por vários títulos é que exige trabalho maior.

Wagner Moribe

wmoribe@hotmail.com

twitter.com/wmoribe