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Homenagem do Blog do São Paulo a todos os papais tricolores do Brasil e do Mundo.
Parabéns pelo seu dia!

Que pai não…

…Sonhou com um domingo daqueles? Daqueles que defenestram pela janela toda e qualquer possibilidade da melancolia do dia que antecede a segunda-feira.

Os domingos da bola… Aqueles onde o pai, na noite de sábado para domingo, acorda de duas em duas horas escravo da simulação mental involuntária que faz e refaz mil vezes o roteiro sacrossanto que colocará em prática meticulosamente no dia seguinte.

Que pai não deixou pendurado na porta do guarda-roupas, de sábado para domingo, dois exemplares – um maior e outro menor – do manto mais lindo do mundo, para que o cheiro da glória (licença poética à parte, às vezes o nome disso é mofo mesmo!) chegue a impregnar as paredes do quarto, atiçando os sentidos e evocando para o presente as mais belas lembranças do passado, tentando criar um delicioso ar de “dejavu” para quem ali repousava?

Que pai não acordou todo atabalhoado naquele domingo da bola, “vestiu sua armadura tricolor” e antes de ir ao banheiro fazer a higiene diária na lataria já castigada pelos anos, passou nos aposentos do rebento, abriu a porta com a delicadeza mastodontal peculiar a qualquer “futebosapiens do sexo masculino” e exclamou: “Acorda! Hoje é dia de ver o maior do mundo!”?

Que pai não teve o prazer de vestir a cria com o traje mais lindo do mundo, como se aquela vestimenta fosse o passaporte para algo tão único, talvez capaz de ser classificado como uma das mais marcantes alegrias que pai e filho, pai e filha podem compartilhar entre si e com estranhos, nos degraus de um estádio?

Que pai não estampou um sorriso bobo no rosto por sair de casa de mãos dadas com a felicidade – leia-se: com a cria – num orgulho capaz de fazer inveja a Napoleão, próprio de quem está prestes a proporcionar a prole o desfrute de uma das maiores invenções da humanidade?

Que pai não quis apresentar à cria o famoso “sanduba de pernil”, iguaria servida nas imediações do templo, que inexplicavelmente mesmo feito respeitando os modos, trejeitos e ingredientes contidos no “arcabouço de papiros milenares” escritos há cerca de 40 ou 50 anos em terras paulistanas, não tem – ever! – o mesmo sabor se não for produzido na proximidade fraterna do estádio?

Que pai não quis sentir a satisfação especial de entrar na casa sacrossanta com o filho ou filha, de mãos dadas, admirando cada detalhe das entranhas daquele que é palco de tudo aquilo que o SÃO PAULO é para todos nós, capaz até do impossível: materializar a fé de uma nação?

Que pai não quis, abraçado ao filho ou filha, que o tempo parasse em todo grito de gol que ecoasse nas arquibancadas do “mais lindo do mundo”?

Que pai não sonhou compartilhar o choro com o filho ou a filha, pela emoção de uma conquista deflagrada pelo agudo som do apito do fim, e junto com ele ou ela, abrir os braços como se quisesse abraçar o mundo e se perder naquela imensidão sublime de concreto armado, vermelhidão, alma e sonho?

Poucos, muito poucos. Raríssimos!

E…

…Sob o mesmo contexto da bola, que filho ou filha não desejou que a semana passasse voando para o domingo chegar logo?

Que filho ou filha não se apaixonou pela rabujice aguda do seu velhinho que solta os mais impublicáveis impropérios de encontro ao apitador ou ao DOUGLAS por cada passe errado; e segundos depois pelo “ataque de felicidade” quando no lance seguinte o jogador faz um belo lance de gol, e o pai explode em palavras de incentivo ao lateral?

Que filho ou filha não quis a eternidade para si e para ele, o pai, para viverem tudo isso de sete em sete dias? Ou, ao menos, que os anos ao lado do pai fossem multiplicados em setenta vezes sete? Ou que ele voltasse por pelo menos mais um dia, uma hora, um abraço, um gol?

É… Pois é.

Por isso, aproveitemos o domingo, seja ele “da bola” ou não e fiquemos juntos deles, dos nossos “velhinhos”, estejam eles do nosso lado ou do outro.

Portanto, se me permitem uma última extravagância, segue um conselho do escriba:

VITA BREVIS – TEMPUS FUGIT – CARPE DIEM

Feliz Dia dos Pais a todos os pais, tricolores ou não, do presente, do passado e do futuro!

Feliz Dia dos Pais, Sr. João Vieira, pai do escriba!

Por: Paulo Martins