analise

A expectativa…

O SÃO PAULO veio ao Japão de tantas boas recordações para enfrentar o Kashima Antlers pela Copa Suruga. Com os jogadores aparentando cansaço pela excursão europeia e com grande parte dos titulares vindo ao Brasil depois do título da Copa Eusébio, a expectativa era de um jogo equilibrado com o Kashima, treinado por Toninho Cerezo, outro que deixou saudades no SÃO PAULO, por tudo o que conquistou!

… E a realidade!

1º Tempo

O SÃO PAULO começou melhor no jogo. Trocando passes com tranquilidade, ainda que com pouca liberdade pela marcação do Kashima em seu campo defensivo. Ea primeira chance de gol não demorou a aparecer: aos 3 minutos, ALOÍSIO tocou entre as pernas do zagueiro japonês na entrada da área, arrumou e finalizou, porém por cima do gol de Sogahata. Dois minutos mais tarde, nova jogada do SÃO PAULO, agora pela esquerda com REINALDO. O lateral-esquerdo foi à linha de fundo e fez o cruzamento, interceptado pela zaga.

Aos 7 minutos, MAICON, do meio campo, vislumbrou GANSO entrando na grande área, mais pela esquerda e tentou o passe, que infelizmente foi mais forte que o necessário e ficou nas mãos de Sogahata.

O Kashima até tentava criar algo, mas o SÃO PAULO estava melhor no jogo. GANSO procurava o jogo mais próximo da grande área e ADEMÍLSON começava a dar trabalho, como aos 9 minutos, quando o rápido atacante tricolor foi lançado pela direita, driblou seu marcador com velocidade, tabelou com ALOÍSIO e recebeu dentro da área, mas foi desarmado pela zaga do Kashima.

Aos 12 o primeiro lance de algum perigo do Kashima: Osako desceu pela esquerda, cortou para o meio e concluiu longe do gol de ROGÉRIO CENI.

O Kashima melhorou na partida, pressionava mais o SÃO PAULO, quando o tricolor teve o seu melhor lance no jogo. ADEMÍLSON puxou o contra-ataque pelo meio e passou para GANSO na intermediária. O meia, de primeira, fez um passe magistral por cima de toda a defesa japonesa, na cabeça de ALOÍSIO, que passou para ADEMÍLSON que entrava em velocidade. O pequenino atacante tricolor saiu na cara do goleiro mas tocou em cima de Sogahata, naquela que, até aquele momento, seria a principal chance do jogo. Como perde gols o ADEMÍLSON!

Aos 22 minutos, rápida troca de passes do time do Kashima. A defesa tricolor só assistiu Juninho receber da direita para a esquerda e passar para Aoki cruzar, dentro da grande área visando Osako, que se esticou mas não alcançou a bola.

O jogo começava a ficar perigoso para o SÃO PAULO: lá e cá, quando deveria ser somente lá. No mesmo lance, ALOÍSIO foi lançado pela direita, mas cruzou nas mãos do goleiro japonês.

Mas, aos 24 minutos, o Kashima abriu o placar. Depois de contra-ataque onde pegou a defesa do SÃO PAULO toda desarrumada, Shibasaki recebeu e rolou para o meio da área, para Osako, que recebeu de frente para ROGÉRIO CENI, deu um chapéu no goleiro tricolor e tocou para a rede. Golaço! Kashima 1×0. É… Teste para a conhecida instabilidade do time.

Aos 27, bola na área do Kashima. RODRIGO CAIO subiu mais que todos, mas mandou a bola para fora, longe do gol de Sogahata.

Como time bastante modificado, seria difícil!

Aos 29, REINALDO desceu pela esquerda e alçou bola na área do Kashima, visando WELLINGTON, que entrava livre para cabecear, mas foi empurrado por Maeno, pênalti claríssimo não anotado pela arbitragem! Sogahata tentou afastar com um soco, mas a bola tocou em Maeno e foi para escanteio.

O time japonês, bem armado por Toninho Cerezo, se trancava para aproveitar os contra-ataques. E o SÃO PAULO não dava mostras de ter forças para se desvencilhar da marcação japonesa.

A frouxidão na marcação do SÃO PAULO dava as caras novamente. Problema crônico!

Aos 37 o Kashima desceu pelas costas de REINALDO Bola alçada na área do SÃO PAULO, da direita para a esquerda e Endo foi parado com falta. Bola na área do SÃO PAULO e Juninho ganhou de todo mundo pelo alto e cabeceou para fora.

Dois minutos depois, aos 39, o segundo gol do Kashima. Juninho viu o bom centroavante Osako entrando na área em velocidade e da intermediária fez a enfiada para o atacante que passou por toca a marcação do SÃO PAULO e recebeu na frente de ROGÉRIO CENI, tocando para as redes na saída do goleiro. Kashima 2×0.

Pesava o cansaço? Pesava. Mas a desorganização atrapalhava mais.

Aos 39, ALOÍSIO fez boa jogada pela direita, entrou na área e rolou a pelota para trás. WELLINGTON recebeu mas se enrolou todo, passando para quem vinha de trás. MAICON entrou chutando e a bola explodiu na zaga.

E Endo assustou de novo aos 41, em chute da intermediária.

Até que, aos 46, o apitador colocou fim ao primeiro tempo.

O SÃO PAULO começou melhor, teve uma chance clara de gol desperdiçada por ADEMÍLSON – incrível como perde gols o atacante! Mas aos poucos o time foi perdendo intensidade e o Kashima foi se impondo fisicamente. Sofreu dois gols por falhas na marcação, principalmente por deixar o time japonês muito a vontade para trocar passes. Não dá para dizer que o time se abateu com o gol, uma vez que não há muito o que exigir dos jogadores que visivelmente não estão nas suas melhores condições físicas.

2º Tempo

O SÃO PAULO veio para o segundo tempo com duas alterações: MAICON saiu para a entrada de LUCAS EVANGELISTA e ADEMÍLSON deu lugar para SILVINHO.

E o time voltou muito mais determinado!

Aos 8, GANSO sobrou falta da intermediária mandando a bola na área do Kashima. RODRIGO CAIO subiu e cabeceou, mas para fora. Dois minutos mais tarde, GANSO tentou chapéu e foi parado com falta. Na cobrança, o 8 tricolor mandou a bola na cabeça de SILVINHO, que apareceu bem na área mas foi para fora, à esquerda do gol. Um pecado!

E GANSO, que fazia bom segundo tempo, apareceu. E que tenha aparecido para SEMPRE! Aos 13, o maestro carregou pelo meio, tirou toda a marcação do Kashima e, de fora da área, finalizou rasteiro, muito bem colocado, no canto do goleiro Sogahata… Um golaço! Kashima 2×1 SÃO PAULO.

No minuto seguinte, nova troca de passes do SÃO PAULO pela esquerda. GANSO fez bela enfiada de bola para REINALDO, que cruzou mas a zaga japonesa afastou.

Só que aos 16, Kashima encontrou um contra-ataque perigoso e Osako foi derrubado por SILVINHO na entrada da área. O apitador marcou pênalti. Falta foi. Mas o escriba tem dúvidas se foi dentro ou fora da área. Osako cobrou no canto esquerdo e ROGÉRIO CENI defendeu. O auxiliar mandou voltar, pelo goleiro ter se avançado. É… Nova cobrança do Kashima, novamente Osako e bola para fora, por cima do travessão. É…

GANSO era, de fato, o maestro do time. Pedia a bola, pedia calma aos seus companheiros… Era o GANSO que a torcida tricolor há muito tempo queria ver em campo!

Aos 19, GANSO cobrou falta pela direita e mandou na área, a zaga japonesa afastou. Três minutos depois, o Kashima desceu com perigo. Nakamura tabelou com perigo com Osaka e o bom atacante japonês sairia na cara do gol, não fosse interceptação de LUCAS SILVA.

E GANSO queria jogo. Aos 24, o meia recebeu no meio campo, se livrou da marcação e fez belíssima enfiada de bola para SILVINHO, que próximo da entrada da grande área, tentou o cruzamento para ALOÍSIO mas foi interceptado. No minuto seguinte, cobrança de escanteio para o SÃO PAULO, bola de DOUGLAS na cabeça de SILVINHO que cabeceou firme, mas na nuca do adversário. Falta de sorte tremenda!

Mas o SÃO PAULO, se não era brilhante, era combativo, marcava no campo do adversário, pressionava para tentar tirar o prejuízo. E AUTUORI foi pra cima de vez. Tirou LUCAS SILVA e mandou RONI para o jogo. Tudo ou nada!

Aos 28, LUCAS, o EVANGELISTA, roubou bola na intermediária e sofreu entrada dura por trás. Na cobrança, GANSO mandou na área com muito perigo, fazendo-a passar na frente de todo mundo…

E o SÃO PAULO teve seu esforço premiado. Aos 29, DOUGLAS fez boa jogada pela direita e percebeu GANSO na esquerda. O lateral-direito fez passe primoroso entre as pernas do marcador japonês e a bola chegou para GANSO, que entrou em velocidade na área e com frieza glacial esperou ALOÍSIO se apresentar pelo meio e fez o passe para ALOÍSIO estufar a rede… 2×2! GANSO trombou com um poste fora de campo e cortou a testa.

O SÃO PAULO era só coração. E isso importava demais, porque era o que o time precisava recuperar: a capacidade de jogar com o coração!

Aos 32, RONI foi derrubado perto da área. Falta marcada. ROGÉRIO CENI foi para a bola e, ao invés de cobrar direto, levantou na área, para a saída do goleiro Sogahata, que fez a defesa com segurança.

E toda bola nos pés do Kashima, dada a desconstrução defensiva promovida por AUTUORI para recuperar o prejuízo, era perigo iminente. Era um segundo tempo muito diferente do SÃO PAULO, que mesmo com toda a limitação imposta pelo cansaço, lutava muito!

Aos 38, ALOÍSIO foi lançado em posição legal, mas o apitador parou a jogada. É…

WELLINGTON, justiça seja feita, era um guerreiro em campo! GANSO também jogava muito e era caçado em campo. Iwamasa foi maldoso e pisou no tornozelo do meia. E como jogava o meia… Aos 43, viu SILVINHO avançando e, de primeira, passou para o atacante que, da intermediária, de frente para o gol, tentou o chute, mas foi travado pela marcação.

Aos 44, DOUGLAS, que fazia excelente segundo tempo, cruzou da direita, rasteiro, e a bola passou por todo mundo, inclusive por SILVINHO, que estava dentro da área. Mas, como a fase não é boa, tudo dá errado. Aos 47 minutos, Umebachi finalizou da entrada da área, a bola desviou em Osako, em posição irregular, e enganou ROGÉRIO CENI. Que falta de sorte! Foi um duro castigo para um time que poderia ter até vencido a partida.

E, aos 48, o apitador colocou fim ao jogo.

O SÃO PAULO foi melhor no segundo tempo, teve chances e poderia ter até vencido a partida. Mas quando a fase é ruim, tudo conspira contra. Talvez se justifique pelo primeiro tempo ruim do time. Alheio a tudo isso, a escalada precisa continuar, mesmo que degrau por degrau. Penso que o SÃO PAULO, hoje, tem mais pontos positivos para colecionar do que antes da excursão.

Força, SÃO PAULO!

Por: Paulo Martins

NOTAS

ROGÉRIO CENI: Defendeu um pênalti da mesma forma que todos fazem, se adiantando. Mas, para ele não vale a defesa. Paciência. 6

DOUGLAS: Primeiro tempo ruim, inclusive com falha no primeiro gol. Segundo tempo muito bom, como todo o time. Criou boas oportunidades. 5

LUCAS SILVA: É promissor, tem futuro, mas hoje não foi bem. Sofreu com Osako e terá pesadelos com o atacante japonês. 3

EDSON SILVA: Por cima, foi bem. Por baixo, sofreu com o seu companheiro de zaga para segurar Osako. 4

REINALDO: Não é brilhante, faz o simples. 5

RODRIGO CAIO: Partida razoável para ruim do meio-campista. Deu muitos espaços na marcação. No segundo tempo, subiu um pouco de produção. 5

WELLINGTON: Corre bastante, mas parece dormir em campo, perdendo bolas com facilidade, sendo presa fácil para o desarme. Por outro lado, não desistiu e lutou até o final. 6

MAICON: Muito apático no jogo, lento e desatento. O time melhorou bastante depois que ele saiu. 3

GANSO: Primeiro tempo apenas razoável, mas fez um segundo tempo exuberante, fazendo seu gol e dando belas assistências. Foi o líder do time no meio, hoje. Gostei. 9

ADEMÍLSON: Teve em seus pés a chance de fazer o SÃO PAULO sair em vantagem, no primeiro tempo. Depois que perdeu o gol, sumiu. Incrível como perde gols, o atacante. 1

ALOÍSIO: Lutador, é hoje a melhor opção para o ataque que o SÃO PAULO possui. Fez o seu. 7

[LUCAS EVANGELISTA]: Não foi tão bem quanto nos outros jogos, mas é um jogador de futuro. 4

[SILVINHO]: Rápido, colocou correria no jogo. Perdeu algumas oportunidades e fez um pênalti duvidoso, não convertido. Merece mais chances. 5.

[RONI]: É bom jogador. Precisa de mais oportunidades. Deu trabalho para a marcação o Kashima. 5

PAULO AUTUORI: Vem fazendo o que dá. Hoje, talvez fosse o título mais importante de toda a excursão. Mas tem tomado as decisões mais sensatas, como a volta de boa parte dos titulares para o Brasil antes da viagem para o Japão, pensando no Campeonato Brasileiro. Hoje, dada a apatia do time no primeiro tempo, mudou o jogo com três alterações que quase fizeram o SÃO PAULO virar a partida. É pouco? Ainda é. Assim com o é cedo. Mas o buraco em que pegou o time era fundo, imenso e a subida – que está acontecendo – é lenta. Tenhamos paciência. 7

Por: Paulo Martins

 Bola+Cheia+Bola+Murcha 

BOLA CHEIA

  • GANSO;
  • O time jogando com coração;
  • O poder de reação. Se antes o SÃO PAULO desmoronava quando tomava o primeiro, hoje isso não acontece mais.

BOLA MURCHA

  • O apático primeiro tempo;
  • ADEMÍLSON;
  • Falta de sorte;
  • Arbitragem, não vendo pênalti em WELLINGTON no primeiro tempo e não anulando o terceiro gol do Kashima, quando Osako desviou a bola para o gol em impedimento.

Por: Paulo Martins