Moro na Alemanha há quase 14 anos, desde 99 só voltei uma vez ao Brasil. Apesar de acompanhar muito o São Paulo e ajudar o Blog (agora nem tanto quanto antes), nunca pude ver o Tricolor ao vivo (só uma vez quando morava em São Paulo). Por isso, quando li que o SPFC viria para a Munique, não titubeei, comprei os ingressos e comecei a planejar a viagem.

Vou fazer um pequeno relato da minha passagem pela capital da Baviera e contar um pouco do que vi e presenciei. Nada demais, apenas pequenas coisas que pude constatar.
Depois de 4 horas de ônibus cheguei em Munique e fui para o hostel, deixei minhas coisas lá e fui pegar o bondinho até o estádio. No ponto encontrei um outro são paulino e fomos para lá juntos. O grupo foi aumentando com o tempo.

É lógico que a grande maioria dos torcedores eram fãs do Bayern. Posso estar errado, mas a impressão que deu, foi que a torcida Tricolor foi a segunda maior, superando os outros dois times europeus. E pasmem, tinha até palmeirense, flamenguista e corintiano lá. É nestas horas que eu vejo o quão grande o São Paulo é.
Encontrei com meus pais, que foram assistir o primeiro jogo também. Meu pai é alemão e fã do Bayern. Por isso estávamos todos lá.

O estádio é bem legal, sentei no terceiro “andar”, bem centralizado. Fizeram um belo show. Destaque às caixas de som, bem melhores que as do Morumbi.
Não pude deixar de notar faixas da Dragões da Real. Depois de ler toda a discussão sobre a diretoria e as organizadas e escutar muitos rumores sobre o tema, fiquei com aquela dúvida se eles estariam ali financiados pelo grupo da situação. Acho que muitos ficaram com essa dúvida, por isso seria muito bom se as TO se expressassem claramente sobre o assunto, pois não queremos causar nenhuma injustiça. Eles podem muito bem ter ido prestigiar o time com o próprio dinheiro.

Pude ver bem o posicionamento de todos. Não gostei muito da marcação dos nossos volantes, eles dão muito espaço para o adversário, principalmente no começo das jogadas. Só vão para a marcação, depois que os rivais estão com a bola nos pés. Os jogadores adversários tem tempo para dominar e pensar. Bem perigoso.
O time começa a se defender com uma linha de quatro e duas de três e com o tempo vira uma linha de quatro e uma de cinco mais o atacante, no caso o Aloísio. Eles defendem em bloco. O time adversário ataca pela direita e os jogadores do São Paulo se posicionam mais para a direita, deixando o time mais compactado, diminuindo o espaço dos atacantes. O único problema é o buraco que fica no outro lado do campo. Se o time adversário inverte a jogada rapidamente, o São Paulo é pego de surpresa e a defesa fica mais desorganizada. Aconteceu isso nos dois jogos. Tanto contra o Bayern, como contra o Milan. Contra o Bayern foi pior, pois eles tem Robben e Ribery como pontas.

A deficiência nos passe, não precisa ser comentada. Todos nós já sabemos deste problema. Eu espero que seja apenas um reflexo da situação atual e com o passar do tempo, com resultados mais positivos, o time melhore profundamente neste quesito.
No final acabamos perdendo, mas não foi o vexame como muitos diziam que iria ser. O time mostrou certa evolução tática o que para mim é muito importante.

A quinta de manhã estava reservada para uma visita à uma das mais famosas cervejarias do país rsss. Porém encontramos com outro são paulino que sabia em que hotel o time estava hospedado. Não tivemos a menor dúvida do que fazer.
Chegamos lá, de penetra pela porta dos fundos. Pedimos um café para disfarçar e esperamos os jogadores passarem pelo lobby do hotel. Os times do ACM e MC também estavam lá, mas não me interessaram nem um pouco.

Tiramos muitas fotos e conversamos um pouco com os jogadores. Todos muito simpáticos, o Ganso um pouco menos, mas talvez seja apenas o jeito dele.
Os jogadores não tinham muito tempo para bater papo, só falei um pouco mais com o Autuori e o João Paulo de Jesus Lopes.

O Autuori não estava nada satisfeito com a viagem. Temia muito pelos jogadores. O desgaste físico e emocional é muito grande, as chances de uma contusão aumentam sensivelmente. Ele usou o Paulo Miranda como exemplo (falei também com o Dr Sanches, ele disse que os exames mais detalhados seriam feitos em Portugal, mas não acredita que o jogador fique parado mais de um mês). PA também falou da necessidade de substituir o máximo possível nos jogos da Audi Cup. Tudo para amenizar o desgaste dos atletas.
JPJL é exatamente como nós conhecemos pelas entrevistas. Um senhor muito simpático, sereno e disposto a responder todas as perguntas feitas. O único problema é que não há respostas concretas em suas palavras. Isto não é um crítica a ele, pois acho que até certo ponto, é necessário. Porém, por causa disto, não posso contar nada de novo a vocês, tanto sobre as contratações, quanto sobre a fase atual do time.

O stafe do São Paulo também distribuiu um livro com textos de Conrado Giacomini, Juliana Carvalho e do amigo Michael Serra contando a história do SPFC em quatro línguas (português, inglês, alemão e japonês). É claro que peguei um e enchi de autógrafos rsss.
Depois do time entrar no ônibus, fomos para o estádio. Assisti o jogo, vi um São Paulo um pouco melhor. Até por isso fiquei mais triste com essa derrota do que a contra o Bayern. A vitória poderia ter sido nossa. Tanto que o goleiro deles foi eleito o melhor jogador da partida.

Depois do jogo do São Paulo fui direto para a estação de trem. Tinha ainda seis horas de viagem pela frente. Cheguei em casa às cinco e meia da madrugada, tomei um banho, tomei café da manhã e fui para o trabalho.

Apesar das derrotas e do cansaço, valeu muito a pena. Matei a saudade do nosso Tricolor e lembrei o quanto amo esse time.

Kai Fuchs