analise

A expectativa…

O terceiro jogo da turnê europeia do SÃO PAULO em 2013 valeu a Copa Eusébio, espetacular jogador português que destroçou a seleção brasileira na Copa de 1966, no belíssimo Estádio da Luz, contra o Benfica. O SÃO PAULO é um time cansado, maltratado e pressionado pelos péssimos resultados recentes teria que se superar, ultrapassar todos os seus limites técnicos e físicos para esboçar a reação necessária para começar a sair do buraco.

… E a realidade!

1º Tempo

Mal o jogo começou e com menos de um minuto o Benfica já veio para cima do SÃO PAULO. RODRIGO CAIO cedeu escanteio ao time português. Gaitán cobrou fechado e a bola atingiu a rede do primeiro pau, pelo lado de fora. Dois minutos depois, bola na área do SÃO PAULO, rebatida pela zaga. Lima pegou a sobra e, de dentro da grande área, pela direita da defesa, bateu forte. A bola encobriu ROGÉRIO CENI e carimbou o travessão.

O SÃO PAULO até os 5 minutos, não conseguiu jogar. Marcava e acompanhava o adversário tocar a bola. Mas, apesar das dificuldades, ao menos parecia que seria um jogo onde o SÃO PAULO teria mais condições de jogar em igualdade com o adversário. Entretanto, o que se via era um time ainda incapaz de jogar coletivamente, ao menos quando tinha a posse de bola. Ficava clara uma das deficiências: era um time que não sabia jogar em espaços reduzidos pela pressão da marcação adversária.

Mas havia espaços. Aos 12 minutos, depois de trocar passes na intermediária do Benfica, OSVALDO foi lançado e, dentro da área do Benfica, não se sabe se tentou cruzar ou chutar “colocado”, mas o fato é que a bola saiu fraca, cruzada, longe do gol do goleiro Paulo Lopes. No lance seguinte, aos 13, WELLINGTON foi displicente quando tentou um passe da sua linha de fundo para o meio de sua área. A bola foi nos pés de Gaitán, que chutou de primeira e, não fosse o corte de TOLÓI, o Benfica poderia ter aberto o placar.

Era incrível como o SÃO PAULO sofria com a marcação avançada do Benfica. Jogava recuado e quando recuperava a bola errava passes bobos… Parecia nervoso em campo. E insistia em marcar o adversário de longe, cedendo muitos espaços. Aos 22, bola alçada na área do SÃO PAULO em direção a Lima, que de primeira tentou a finalização, mas parou nos pés de TOLÓI, que interceptou a bola com precisão.

Os erros de passe se sucediam sistematicamente e acabavam com qualquer tentativa de saída de jogo do SÃO PAULO. Na segunda vez que conseguiu descer ao ataque, já aos 27 minutos, bola longa para OSVALDO, na esquerda. O atacante tricolor driblou para o meio e passou para ALOÍSIO, que dominou, tentou o drible e foi desarmado. No minuto seguinte, a terceira troca de passes do SÃO PAULO no jogo, a bola chegou até JADSON, que tentou o drible no centro da grande área e também foi desarmado.

Ficava também ficava evidente a diferença física entre as equipes, o SÃO PAULO mais frágil fisicamente e com cansaço acumulado, sofria uma barbaridade para se equivaler em campo. O Benfica era superior, concentrava a maioria do seu jogo no campo de ataque. Aos 33, Cortez (que beleza!) cruzou da esquerda com rumo ao meio da área tricolor. A zaga não conseguiu cortar e a bola sobrou para Lima que finalizou com muita força, por cima do gol de ROGÉRIO CENI.

Aos 36, Markovic, aproveitando de contra-ataque do Benfica, adentrou a grande área tricolor pela esquerda e, a um passo da linha de entrada, tentou encobrir ROGÉRIO CENI, que não teve dificuldades para segurar a bola.

Justiça seja feita: o Benfica errava bastante, também. Assim como WELLINGTON, que dormia em berço esplêndido. Aos 39 minutos, com a posse de bola, o volante tricolor bobeou e foi desarmado. A bola chegou até Djuricic dentro da grande área, que ajeitou, cara-a-cara com ROGÉRIO CENI, e bateu forte, rasteiro. A bola quase passa no meio das pernas do goleiro tricolor, que desviou-a para escanteio. Na cobrança do tiro de canto, bola rasteira na entrada da área do SÃO PAULO para Markovic, que bateu forte, no alto, para outra excelente defesa de ROGÉRIO CENI, que mais uma vez evitou o gol.

Aos 43, a melhor jogada do SÃO PAULO em toda a turnê europeia até então: boa troca de passes do tricolor, JADSON abriu para DOUGLAS na direita. O lateral foi próximo a linha de fundo e cruzou para ALOÍSIO, no meio da área. O centroavante tricolor desviou de cabeça no canto direito do goleiro do Benfica e por muito pouco não abriu o placar, sendo impedido pelo goleiro Paulo Lopes, que praticou excelente defesa.

E, aos 45, o apitador colocou fim ao primeiro tempo.

O Benfica não é, nem de longe, o Bayern. Portanto, o SÃO PAULO, embora longe de ter vida mansa, teve mais espaços para jogar. Mas errou passes demais na saída de bola, principalmente na morosidade de seus volantes, destacadamente RODRIGO CAIO e principalmente WELLINGTON, que demoravam muito para sair jogando e eram desarmados pelo adversário, quando não erravam os passes.

Aliás, o SÃO PAULO como um todo errava passes demais. JADSON, apesar de ser um dos mais lúcidos do time, não criava como de costume, também por errar muitos passes. OSVALDO errava quase tudo o que tentava, idem ALOÍSIO. Destaque positivo para o sistema defensivo, com menção honrosa para TOLÓI, REINALDO e ROGÉRIO CENI, que garantia o 0x0 no placar. O “scout” do primeiro tempo marcava 1 finalização do SÃO PAULO contra 11 do Benfica. Auto-explicativo.

Todavia, um aviso aos detratores e portadores de cegueira nostálgica de plantão: havia um segundo tempo a ser jogado e tudo poderia mudar…

2º Tempo

… Como de fato mudou. E para melhor, muito melhor!

O SÃO PAULO voltou para o segundo tempo com MAICON no lugar de FABRÍCIO, que participou muito pouco do jogo de hoje.

Logo aos 3 minutos a arbitragem prejudicou o SÃO PAULO. OSVALDO sairia na cara do gol, mas equivocadamente foi anotado impedimento, quando Luisão, zagueiro do Benfica, dava condição. E ao menos no início do segundo tempo, o SÃO PAULO dava mostras de ter voltado melhor. Tocando melhor a bola, ficando mais com a posse dentro do campo adversário, o tricolor começava a criar suas chances. Aos 6 minutos, o SÃO PAULO, melhor em campo no segundo tempo, abriu o placar: JADSON encontrou ALOÍSIO entrando na área e lançou. O centroavante tocou na saída do goleiro e quebrou o jejum de mais de 10 horas jogadas sem gol marcado. 0x1 SÃO PAULO! Independentemente do resultado final da partida, era um peso que saia das costas…

Era outro jogo. O SÃO PAULO, mais calmo e organizado, via a confiança voltar e acertava mais passes, criava mais oportunidades, como aos 11, quando MAICON passou para ALOÍSIO, que vislumbrou um caminho aberto e experimento, de longe. Seria um golaço, não fosse excelente defesa do goleiro Paulo Lopes.

Mas o Benfica queria abandonar a passividade dos primeiros 10 minutos do segundo tempo. Contudo, parava no bom posicionamento defensivo do SÃO PAULO, principalmente em DOUGLAS, que se não era um primor nos passes e no ataque, guardava bom posicionamento defensivo, interceptando as tentativas de ataque do Benfica pelo seu setor.

Aos 19, o segundo gol do SÃO PAULO. Cobrança de falta pela direita, bola na área do Benfica. RODRIGO CAIO desviou de cabeça para TOLÓI, em posição duvidosa, tocar de calcanhar para o gol! 0x2 SÃO PAULO! Apesar dos protestos dos jogadores do Benfica, ao que parece, Cortez dava condições para o zagueiro tricolor.

Pelo apresentado no segundo tempo, o resultado era justo, muito justo… Se levarmos em conta o momento, a fase e a necessidade, era justíssimo!

Mesmo melhor em campo, o posicionamento, a distribuição dos jogadores do SÃO PAULO proporcionava espaços ao Benfica, que queria aproveitá-los.

O SÃO PAULO voltou a assustar os portugueses aos 25. JADSON cobrou escanteio da direita e a bola viajou até encontra RODRIGO CAIO, que subiu mais que todo mundo e cabeceou nos pés da trave direita de Paulo Lopes… Mas o Benfica não desistia. Aos 26, jogada de perigo na área do SÃO PAULO, pela direita. Sulejmani recebeu de Felipe e armava o chute quando RODRIGO CAIO arriscou um “tackle” e tirou a bola do jogador do Benfica, numa jogada perigosa, porém limpa.

DOUGLAS, esforçado, era um carrapato pela direita e não deixava ninguém do Benfica ter vida fácil sobre o seu setor. E OSVALDO, sumido no primeiro tempo, começava a dar trabalho aos defensores do time português nas jogadas de contra-ataque.

Cortez quis criar dificuldades ao SÃO PAULO. Aos 33, fez bela enfiada de bola pela direita da defesa tricolor, visando Felipe. ROGÉRIO CENI, atento, saiu do gol com precisão e afastou o perigo.

E Matic, do Benfica, virava um tormento para o SÃO PAULO, agora atuando enfiado pelo setor direito, querendo macular a boa partida defensiva de DOUGLAS.

Mesmo com o bom resultado, o “sono de Odin” de WELLINGTON dava desespero em alguns lances, quando abria mão da posse de bola por erros bobos de passe ou dando chance de desarme ao adversário. Como aos 37, quando perdeu bola no meio campo e deu origem a jogada perigosa do Benfica com Sulejmani, que pela direita fez bom cruzamento para o meio da área tricolor, mas parou em MAICON, com bom posicionamento defensivo.

Aos 42 minutos, AUTUORI mandou SILVINHO para o lugar de OSVALDO, meio apagado no jogo.

E o discurso da imprensa já mudava… Incrível: “se o SÃO PAULO vencer o Benfica e Kashima Antlers, a excursão tricolor não terá sido nenhum vexame”. É…

Já o escriba não sabia se analisava ou torcia. Um dilema Sheakspeareano, do tipo “ser ou não ser…”

Quase aos 42, AUTUORI colocou ADEMÍLSON no lugar do esbaforido ALOÍSIO, que lutou como um gigante, como lhe é peculiar! O SÃO PAULO, depois dos 40, só se defendia. Mas quem se importa?

O Benfica tentava desesperadamente o gol, mas EDSON SILVA, TOLÓI e ROGÉRIO CENI eram uma muralha e repeliam todas as tentativas do time português!

Quanto aos 50 do segundo tempo o apitador decretou o fim da partida, dando início à festa tricolor, Campeão da Copa Eusébio 2013!

Se no primeiro tempo o SÃO PAULO inexistiu ofensivamente, apesar de apresentar solidez defensiva, no segundo tempo mostrou coragem, levantou a cabeça, mudou a postura com a entrada de MAICON  e enfrentou o péssimo momento e partiu para cima do Benfica com inteligência, sagacidade e foi fulminante!

O time evoluiu, sim. Só não vê quem não quer.

“Que os 11 sejam cem, mil… Que sejam milhões! Que sejam todos nós, que joguemos juntos com eles e eles por nós!”

Parabéns, SÃO PAULO, campeão da Copa Eusébio 2013!

Por: Paulo Martins

NOTAS

ROGÉRIO CENI: De novo, um monstro. Muito seguro. Voltou à rotina de outros tempos: erguer taças! 10

DOUGLAS: Boa partida do lateral. Se ofensivamente não foi brilhante, defensivamente foi bem, com desarmes importantes. 7

TOLÓI: Excelente partida Foi uma muralha atrás e marcou um golaço de calcanhar! 10

EDSON SILVA: Joga sério! Quase no mesmo nível de seu companheiro de zaga. 9

REINALDO: Ainda tenho dúvidas se é melhor que Cortez, mas fez outra boa partida, ainda que não brilhante. 7

RODRIGO CAIO: Ofensivamente, foi perigoso pelo alto. Na marcação, deu alguns espaços e mostrou alguma desatenção quando tinha a posse de bola, sendo desarmado com facilidade. Mas, no geral, foi bem. 7

FABRÍCIO: Não foi tão bem quanto nos jogos anteriores e quase não apareceu. Saiu no intervalo. 4

WELLINGTON: Corre bastante, mas parece dormir em campo, perdendo bolas com facilidade, sendo presa fácil para o desarme. Por outro lado, não desistiu e lutou até o final. 6

JADSON: No primeiro tempo, errou tudo o que tentou. No segundo, acertou o suficiente para demolir o Benfica. 8

OSVALDO: Ainda está muito longe do OSVALDO do fim de 2012 e do início de 2013. 5

ALOÍSIO: Um trator! É o Willian Wallace tricolor: coração e valentia! Ninguém merecia o gol mais que ele. 10

[MAICON]: Entrou no intervalo e foi um dos fatores de melhoria do time. Importante na saída de bola, também se apresentou bem na marcação e no posicionamento defensivo. Bela partida! 8

[LUVAS EVANGELISTA]: Rápido e habilidoso, tem futuro. Hoje, pouco fez. Nem precisava! 4.

[SILVINHO]: Entrou e, de cara já puxou um contra-ataque perigoso, que quase resultou em gol. Numa fase melhor, será muito importante para o grupo. 5.

[ADEMÍLSON]: Foi para o jogo no fim. SEM NOTA

PAULO AUTUORI: Dá mostras de, na base da conversa, estar a caminho de resolver os problemas defensivos do SÃO PAULO. A evolução é nítida, ainda que um degrau por vez. Hoje, foi preciso ao mudar o jogo no intervalo, dando contribuição decisiva para a conquista! 10

Por: Paulo Martins

 

Bola+Cheia+Bola+Murcha 

BOLA CHEIA

  • O setor defensivo da equipe
  • A mudança de postura do primeiro para o segundo tempo;
  • A sagacidade e eficiência do ataque, que estava debaixo de pressões terríveis de todos os lados;
  • A quebra da sequência de jogos sem vitória, justamente com um título internacional, como é costume do SÃO PAULO;
  • César Cielo, campeão do mundo nos 50m livres e borboleta, que dizem ser tricolor, como nós!

BOLA MURCHA

  • “Nada e nem ninguém”;

Por: Paulo Martins